A propaganda da Volkswagen que reuniu Maria Rita e Elis Regina em um dueto se tornou mais um exemplo de como o uso da Inteligência Artificial na publicidade pode ser polêmico. Antes disso, a pauta quente era sobre como a tecnologia poderia afetar negativamente — há quem diga substituir — os profissionais que trabalham diretamente com criação.
Em 1990, quando o Photoshop foi lançado pela Adobe, houve discussões semelhantes. Hoje há programas como Pixelmator Pro, que superam o Photoshop inclusive no uso da IA. Mas assim como o software tornou a função do designer mais ágil e estratégica, as ferramentas de IA têm desempenhado um papel semelhante.
Pelo menos é dessa forma que a All Set, uma das agências na aplicação das in-houses no Brasil, encara as novidades. Com times personalizados e exclusivos para clientes como Ambev, Zé Delivery e Nestlé, no dia a dia a empresa é responsável pelo desdobramento em alta escala de peças publicitárias. No processo de aliar o desenvolvimento criativo com a velocidade, a inteligência artificial chegou para somar.
“Um squad contemplado por quatro criativos, dois designers e dois redatores, produzia uma média de 350 materiais em um mês. Agora chegamos a 1.000 durante o mesmo período”, ressalta Leopoldo Jereissati, o sócio fundador da All Set.
Plataformas de apoio
Com o apoio de plataformas como CreativeX e VidMob, além do criativo, os profissionais também desenvolveram habilidades de análise de dados. Depois de criar peças-conceito, as tecnologias sinalizam o que pode ser aperfeiçoado para que elas possam performar melhor no digital e converter vendas para os clientes.
No entanto, o trabalho do publicitário é criar novos caminhos a partir dos direcionamentos da ferramenta. “Ganhamos inteligência na criação de estratégias criativas, pois estamos dedicando mais tempo desenvolvendo soluções do que desdobrando”, explica Leopoldo.
Em vez de desenvolver diferentes versões e analisar uma a uma — prática conhecida como teste A/B — a automação direciona quais mudanças podem ser incorporadas. Por exemplo, a plataforma sinaliza que, em vez de um fundo laranja, a peça irá performar melhor no tom preto.
“Depois de receber as análises, conseguimos fazer ajustes em um clique. Com a automação, o desdobramento de artes estáticas está três vezes mais rápido. De quatro formatos de peça, passamos a exportar onze, o que potencializa a estratégia digital da marca”, aponta o publicitário.
E se engana quem acredita que as tecnologias facilitam apenas a produção de imagem estática. A edição de vídeos, que demandam mais capacidade de memória das máquinas, também foi potencializada com o uso da inteligência artificial. Com a ferramenta, a elaboração de artes animadas está dez vezes mais rápida.
“Um ajuste que levaria trinta minutos é feito em um. Além da IA, o que ajuda é o fato de a tecnologia estar em nuvem, demandando menos da máquina”, finaliza ele.
(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.