A IA tem um efeito transformador em várias das mais importantes atividades humanas, inclusive uma das mais antigas, a Guerra. E o conflito, sempre triste, na Ucrânia, tem mostrado como a natureza do atrito militar vem sofrendo transformações profundas.
Vou mencionar algumas dessas mudanças, e recomendar um bom artigo do NY Times que aprofunda um pouco mais o assunto, aqui neste link.
Em primeiro lugar, tamanho agora perde para volume. A arma de guerra mais poderosa do mundo é um porta-aviões, que custa bilhões de dólares para construir e centenas de milhões para manter a cada ano.
Para uma força militar normal, em terra, ar ou mar, atingir um porta aviões é quase impossível. Mas centenas de pequenos drones, que custam uma fração do preço desse gigante militar, são uma força quase indefensável, pelo simples de serem muitos, e de não gerarem perdas humanas em quem conduz a ofensiva.
E aí vem a segunda grande mudança. Forças geradas por IA. Sejam drones aéreos, marítimos ou soldados-robô, são apenas produto de capacidade industrial. Não demandam treinamento, não tem dúvidas, não cansam, e seu custo é apenas logístico.
A guerra sempre serviu a interesses geopolíticos diversos e sempre carregou uma mácula de imoralidade, por sacrificar vidas jovens em causas dúbias. E o peso moral nunca esteve, em qualquer nação, na morte dos adversários, mas na morte de seus próprios soldados.
Esse peso desaparece conforme mais e mais máquinas de guerra chegam ao campo de batalha que não carregam consciência, apenas instruções, e não sentem dor ou dúvida.
Finalmente, o combate ganha eficiência. As cadeias logísticas mudarão. Menos comida, combustível e medicamentos devem chegar ao front. Ordens serão cumpridas com precisão absoluta e sem qualquer preocupação com a preservação física dos combatentes.
E o quanto estamos perto dessa realidade, em que guerras se tornam vídeo games travados a distância por supercomputadores movendo robôs?
A resposta é que cada grande potência militar do mundo tem na IA sua maior preocupação estratégica neste momento e, portanto, o processo já começou.
Ainda que o alcance total dessas mudanças seja desconhecido, a IA pode tornar as guerras mais precisas, eficientes e mortais, mas também, quem sabe, menos frequentes.
E você, o que acha da Inteligência Artificial aplicada à Guerra?
(*) Alex Winetzki é CEO da Woopi e diretor de P&D do Grupo Stefanini, de soluções digitais.