Tecnologia por trás da bitcoin, blockchain tem problema sério de energia

Blockchain exige um alto poder computacional e, consequentemente, um grande consumo de energia para validar dados e transações

18 out 2022 - 05h00
Blockchain exige um alto poder computacional e, consequentemente, um grande consumo de energia
Blockchain exige um alto poder computacional e, consequentemente, um grande consumo de energia
Foto: Fré Sonneveld / Unsplash

Desde que o conceito surgiu em 2008, a blockchain – um banco de dados protegidos e guardados em uma rede descentralizada de computadores –  não parou de se expandir. Seu objetivo inicial foi tornar possível a existência do Bitcoin, a primeira criptomoeda do mundo. O problema é que ela exige um alto poder computacional e, consequentemente, um grande consumo de energia.

Para resolver isso, novas alternativas surgiram ao redor do mundo. Uma das mais recentes foi uma grande atualização de software da rede concorrente Ethereum, que reduziu em cerca de 99% o gasto em eletricidade.  

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A blockchain é uma tecnologia que torna possível registrar, enviar e receber informações pela internet, sem precisar de um banco ou autoridade central para certificar essas transações. É nesse tipo de rede que roda a negociação de ativos digitais como o Bitcoin; NFTs (tokens não fungíveis, representações digitais de uma coisa única, como uma obra de arte); as DeFis, formas experimental de finanças digitais sem corretoras ou bancos como intermediários; e transições nos metaversos.

“É uma espécie de ‘diário oficial’ digital: ele dá publicidade independente e automaticamente auditável a dados quaisquer que se queira notarizar”, explica Marco Carnut, especialista em blockchain do Zro Bank.

Todos os participantes do sistema auditam, conferem e reconferem o trabalho de todos os demais, de forma que qualquer tentativa de trapacear é prontamente detectada e ignorada. “Em todos os casos, os usuários estão no coração do processo, já que eles contribuem para a segurança das transações”, diz José Lauro Jucá Neto, especialista no tema.

Bitcoin usa modelo de validação Proof-of-Work, que usa o poder da computação para resolver cálculos complexos
Foto: fdr

As provas de dados do blockchain

A blockchain adota "provas" digitais para comprovar qualquer alteração de dados, o que também dá mais segurança à rede.

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Os mais conhecidos são o Proof of Work (prova de trabalho), usado pelo Bitcoin, que usa o poder da computação para resolver cálculos complexos, e o Proof of Stake (prova de participação), usado pelo Ethereum, baseado na quantidade de tokens que um nó (computador participante da rede) possui para validar e receber taxas pela validação das transações.

Além disso, a blockchain também é a base para as moedas digitais de países, as CBDCs, criadas por Bancos Centrais. “Sem falar na tokenização de ativos reais, financeiros e digitais como imóveis, debêntures, cotas de fundo, crédito de carbono, obras de arte, músicas, entre outros”, acrescenta Thamilla Talarico, sócia da consultoria de EY, uma empresa de consultoria em criptomoedas. 

Transições nos metaversos são uma das aplicações da blockchain
Foto: UK Black Tech / Unsplash

Energia é o grande problema

O alto consumo de energia é, por enquanto, o ponto fraco dessa tecnologia. Isso se deve ao modo como ela funciona. Para serem adicionadas ao blockchain, blocos de dados devem ser validados por  "mineradores", computadores com programas que verificam e registram as transações no bloco. “Eles desempenham duas tarefas: a de auditores e de casa da moeda”, explica Carnut. 

Os mineradores auditam as transações achando um número de 64 dígitos que ‘sela’ ou ‘fecha’ o bloco de dados. A dificuldade está justamente em achar o número, que na prática é a resposta de um problema de matemática computacional extremamente complexo. Para resolvê-lo é necessário um grande poder computacional, que por sua vez consome muita energia.

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No início do Bitcoin era possível fazer esse trabalho com um PC comum ou notebook. Com a expansão da rede, o algoritmo da moeda digital aumentou a dificuldade para encontrar o tal número. Para descobri-lo, pessoas e empresas qe atuam como mineradores montam grandes “fazendas” de computadores para colocar em circulação (“cunhar” como uma casa da moeda) novos bitcoins. Essa é a única maneira de liberar novas criptomoedas na blockchain. 

Segundo Carnut, há tantos computadores hoje empenhados nessa tarefa que já consomem 0,5% da eletricidade global, ou o equivalente ao consumo elétrico de países como a Argentina ou Suécia. 

Para contornar isso, muitos mineradores estão investindo em formas sustentáveis de geração de energia, como solar, eólica e geotérmica, por exemplo. Além disso, nem todas as blockchains precisam de grande poder computacional. “Esse modelo de grande uso de energia é uma característica original da tecnologia, quando houve o surgimento do Bitcoin”, diz Jucá Neto

Atualmente o Bitcoin continua com esse modelo. No caso do Ethereum, a rede completou sua migração — batizada de “The Merge”, ou “A Fusão”, em português” — para o sistema Proof of Stake, que usa outros mecanismos e critérios que não se baseiam diretamente em poder computacional e, consequentemente, não gastam tanta energia.

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Bitcoin é inspiração para futura criptomoeda Real Digital no Brasil
Foto: fdr

É um caminho sem volta?

Independente da questão energética, a blockchain ainda é celebrada como o futuro da economia, podendo viabilizar a tokenização (digitalização de ativos) e a futura criptomoeda Real Digital no Brasil.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou recentemente que o país está bastante avançado em direção a um sistema financeiro mais integrado e mais digital. Isso começou com o Pix, está passando pelo open finance e chegará no Real Digital.

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) vê de forma positiva a tendência. Por meio de sua assessoria de imprensa, a entidade disse que hoje, a tecnologia digital permite que as transações sejam mais rápidas e com maior nível de segurança. “Portanto, a tokenização da economia é um caminho natural na medida em que novas tecnologias estão amadurecendo.”

Fonte: Redação Byte
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