Desde 2018, quando a missão InSight da Nasa implantou um aparelho para medir as ondas sísmicas na superfície de Marte, pesquisadores acompanharam mais de 1.300 terremotos no planeta vermelho. Agora, em um artigo publicado nesta quinta-feira (27), na revista Nature Astronomy, cientistas descobriram que isso pode sugerir a presença de magma no interior.
O estudo analisou 20 desses grandes eventos em uma região chamada Cerberus Fossae, local composto por uma série de fendas. Para os cientistas, algumas ondas sísmicas estavam demorando muito para chegar ao aparelho, o que levou à nova teoria.
A observação sugere que o vulcanismo ainda desempenha um papel ativo na formação da superfície marciana. A presença de lava ativa poderia mudar a compreensão dos cientistas sobre a história de Marte — desde sua formação, até o período em que pode ter abrigado vida microbiana, até a perda de sua atmosfera e a rocha fria que é hoje.
Possível presença de magma
O estudo, liderado por cientistas da ETH Zurich, descobriu que as ondas dos terremotos de Marte estavam se movendo mais lentamente. Isso poderia indicar a presença de lava derretida, ou "magma", bem abaixo da superfície da área de Cerberus Fossae.
Quando a equipe comparou dados das ondas sísmicas com imagens observacionais da mesma área, eles também descobriram depósitos mais escuros de poeira não apenas na direção dominante do vento, mas em várias direções ao redor dessa região.
Em um comunicado, Simon Staehler, principal autor do artigo, afirmou que “o tom mais escuro da poeira significa evidência geológica de atividade vulcânica mais recente – talvez nos últimos 50 mil anos – relativamente jovem, em termos geológicos”, disse ele.
Sendo os pesquisadores, esse movimento ou resfriamento do magma é provavelmente o que cria esses terremotos. Os estrondos se originam de 14 a 50 quilômetros abaixo da superfície marciana, e os cientistas suspeitam que o magma esteja neste espaço.
O planeta Marte é importante por conta dos processos geológicos semelhantes aos da Terra, e é também o único que conhecemos, até agora, que tem uma composição central de ferro, níquel e enxofre — que pode ter sustentado um campo magnético por lá.
“Embora haja muito mais a aprender, a evidência de magma potencial em Marte é intrigante”, disse no comunicado, Anna Mittelholz, pós-doutoranda na ETH Zurique e na Universidade de Harvard.