Tubarão pré-histórico de 16 metros engolia baleias assassinas inteiras

Reconstrução de supertubarão Otodus megalodon em 3D mostra que ele era capaz de comer presas inteiras de até oito metros

18 ago 2022 - 13h32
Supertubarão Otodus megalodon podia passar até dois meses sem comer depois de se alimentar de uma baleia
Supertubarão Otodus megalodon podia passar até dois meses sem comer depois de se alimentar de uma baleia
Foto: J.J.Giraldo / Eurekalert

Pode parecer bizarro, mas é real: já existiu um tubarão de 16 metros, com mais de 61 toneladas e capaz de engolir baleias assassinas inteiras — uma espécie chamada Otodus megalodon. Um estudo internacional em parceria com a Universidade de Zurique trouxe mais informações visuais sobre o bicho extinto.

Os pesquisadores realizaram a modelagem em 3D do corpo de um megalodonte a partir de uma porção considerável da sua coluna vertebral, que foi deixada para trás nos oceanos da Bélgica, há cerca de 18 milhões de anos. O modelo fóssil foi descoberto na década de 1860, mas só agora foi possível fazer uma reconstrução tridimensional do que seria o corpo do animal, que faleceu aos 46 anos.

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Além de gigantesco, os pesquisadores estimam que ele podia nadar cerca de 1,4 metro por segundo, exigir mais de 98 mil calorias por dia e ter um volume estomacal de 10 mil litros. Com essas dimensões, o supertubarão também seria capaz de engolir presas de até oito metros de comprimento em algumas mordidas – a mesma medida de uma orca (apelidada baleia assassina) hoje, o maior predador que conhecemos no oceano.

A comemoração dos pesquisadores com o achado não é para menos. O fóssil que permitiu que soubéssemos o tamanho do megalodonte é único, muito difícil de ser preservado. “Os dentes de tubarão são fósseis comuns por causa de sua composição dura que lhes permitem permanecer bem preservados. No entanto, seus esqueletos são feitos de cartilagem, então eles raramente fossilizam", afirma o primeiro autor Jack Cooper, doutorando na Universidade de Swansea. 

Uma orca, ou baleia assassina, seria devorada pelo megalodonte em poucas mordidas
Foto: Iewek Gnos / Unsplash

Processo de reconstrução

Para reconstruir toda a coluna vertebral, a equipe de cientistas, formada por pesquisadores da Suíça, Reino Unido, EUA, Austrália e África do Sul, mediu e escaneou cada vértebra, passando depois a anexar a coluna ao que seria a dentição de um megalodonte, a partir de um modelo em 3D dos Estados Unidos. Para completá-lo, o grupo adicionou carne ao redor do esqueleto usando como referência o modelo 3D de um grande tubarão branco da África do Sul. 

As baleias eram parte de seu alimento

A partir do peso estimado do animal, os pesquisadores acreditam que ele conseguia suprir sua demanda energética com a carne gordurosa das baleias. Nos fósseis delas, já foram encontradas mordidas desse tipo de tubarão. Uma única baleia de oito metros era capaz de fazer com que um megalodonte nadasse por milhares de quilômetros, sem precisar comer novamente durante dois meses.

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Dados anteriores da revista "National Geographic" mostraram que a mordida de um tubarão megalodonte era cerca de três vezes mais forte que a de um dinossauro T-Rex. Além disso, suas mandíbulas também seriam capazes de engolir de uma vez dois adultos que estivessem lado a lado. Ele seria não apenas o maior tubarão que já existiu, mas também um dos maiores peixes de que se tem registro. 

Os dentes do megalodonte também sugerem que ele pode ter sido extinto em razão da concorrência com outro predador, o grande tubarão-branco. Mas sua extinção ainda é um mistério: por vezes, consideram a perda do habitat em razão da diminuição dos níveis dos mares, e em outras ocasiões, a diminuição do número de presas.

O modelo do supertubarão pode agora ser usado para futuras reconstruções em 3D e ajudam a entender a função desses predadores no ecossistema marinho, bem como as consequências de sua extinção. Estima-se que a extinção do megalodonte impactou o transporte global de nutrientes e fez cessar uma forte pressão predatória sobre outros animais marinhos.

Fonte: Redação Byte
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