A Agência Espacial Europeia (ESA) irá pagar um grupo de voluntários para ficar 60 dias deitados em uma cama. O pedido incomum será parte do estudo BRACE (Bed Rest with Artificial gravity and Cycling Exercise), que investiga como o ciclismo pode neutralizar as mudanças que o corpo humano experimenta no espaço.
Um comunicado descrevendo a novidade foi emitido nesta terça-feira (23).
Um grupo de 12 voluntários está se preparando para uma jornada acamada que os coloca em um estilo de vida reclinado obrigatório. Os participantes serão mantidos em camas inclinadas 6° abaixo da horizontal com os pés para cima. Até mesmo ações como comer as refeições, banhos e idas ao vaso sanitário deverão ser realizados dessa posição, com um ombro encostado no colchão o tempo todo.
Eles receberão um total de 15.600 euros para o experimento (cerca de R$ 83.464).
Experiência diferente
Durante as missões espaciais, os corpos dos astronautas passam por uma ampla gama de mudanças devido à falta de gravidade. Tudo, desde os olhos até o coração, é afetado, e os músculos e ossos começam a se desgastar.
À medida que o sangue flui para a cabeça e os músculos são perdidos por subutilização, os pesquisadores mapeiam como os corpos reagem. Os estudos de repouso no leito da ESA são uma maneira de testar medidas para combater alguns dos aspectos negativos da vida no espaço.
Os astronautas enfrentam problemas fisiológicos semelhantes aos de pacientes idosos e acamados na Terra. Longas estadias em órbita afetam seus músculos e ossos.
Passeio de bicicleta pelo espaço
As camas dos voluntários têm bicicletas especiais ao pé, que podem ser pedaladas na horizontal. Elas foram adaptadas para serem usadas na cama e em uma centrífuga para imitar a gravidade artificial.
Os voluntários são girados para direcionar o sangue para os pés, onde a força da gravidade dobra durante o passeio. A intensidade da força centrífuga é adaptada a cada pessoa de acordo com sua tolerância à hipergravidade.
“Incentivamos os voluntários a alcançar seu esforço máximo na bicicleta e, em seguida, comparamos o impacto com aqueles que não estão andando com o veículo”, explicou Rebecca Billette, chefe de pesquisa clínica do Medes (Instituto de Medicina e Fisiologia Espacial) em Toulouse, França
Segundo os pesquisadores, os resultados de análogos espaciais podem ser úteis para projetar melhores tratamentos para idosos e pacientes com problemas musculoesqueléticos e osteoporose na Terra.