Um novo estudo sobre consumo em São Paulo mostra que o tráfego é um ponto importante para o paulistano que porta smartphone e eles buscam por uma solução. A pesquisa realizada pela Ericsson e apresentada na última quarta-feira em Estocolmo, capital da Suécia, mostra que a média de preocupação do cidadão da capital paulista com trânsito é de 77%, pouco acima da média mundial, 76%.
Realizada no mês de setembro com 9.030 usuários de iPhone e Android, a pesquisa é conduzida pela área de ConsumerLab desde 1995 da empresa sueca, com foco no estudo do avanço do consumo relacionado à tecnologia. Desta vez, o documento tem como foco o desenvolvimento da internet na vida das pessoas e como elas querem essa mudança, para elas e para suas cidades.
“Quando usamos a internet, nós a usamos para um monte de informação. Usamos para tomar decisões e quanto mais informação nós temos, melhor tomamos nossas decisões”, explicou Michael Björn, responsável pela pesquisa do ConsumerLabs. “E quando tomamos decisões inteligentes, as cidades passam a também se tornar inteligentes”, completa o pesquisador, ao explicar como exemplo uma fuga de um congestionamento por meio de aplicativos, como o Waze.
A pesquisa ainda aponta que 81% dos paulistanos também estão preocupados com a qualidade da água na cidade. Questionado se isto teria relação com a atual crise da falta de água na cidade, Björn afirmou que não.
“Nós fizemos as perguntas para as pessoas sobre ‘você gostaria de um aplicativo para ver se a água de uma torneira é potável?’, 81% deles (paulistanos) responderam que sim. Ou seja, isto tem muito haver com o conceito se deve ou não comprar água mineral”, afirma o cientista sueco.
Outra cidades
Outro tema relevante apresentado na pesquisa para os cidadãos de São Paulo é a possibilidade de um aplicativo para medir o uso diário de eletricidade, com 74% respondendo positivamente. Além de São Paulo esta temática também tornou-se opção válida para ou outros ouvintes da pesquisa de oito cidades globais, em especial Nova Delhi (89%) e Pequim (77%), embora o trânsito continue como principal preocupação nas três cidades.
No total 25% dos pesquisados, incluindo Roma, Nova York, Tóquio, Paris, Londres e Estocolmo são a favor que se crie uma aplicação deste gênero. Ainda de acordo com a pesquisa, 54% acreditam que esta iniciativa deve ser criada pelas companhias de eletricidade.
Ainda segundo Björne, 5 entre 12 pessoas acreditam que a cidade devem dar esse serviços. Por outro lado, a confiança do cidadão com suas informações ainda mostra receio. Dos entrevistados das nove cidades apenas 19% afirmam que as autoridades podem ceder as informações pessoais para companhias, e 28% acreditam que os governantes não vão considerar o bem-estar e interesse do usuário ao usar informação pessoal.
Questionado, o pesquisador afirmou que isto não tem relação com uma possível falta de confiança das pessoas nas instituições. “O que nós vimos na verdade é que 66% das pessoas querem o controle total da disseminação de suas informações para as autoridades. Ou seja, elas apenas querem saber como serão usadas suas informações”, disse Michael Björne.
Essas três iniciativas não impactam nas pessoas de cidades desenvolvidas. Por exemplo, em Estocolmo, com qualquer torneira portando água potável, apenas 41% dos usuários de smartphones gostariam de um app deste gênero para analisar a qualidade da água.
Estocolmo, cidade inteligente
A capital sueca foi utilizada para mostrar a pesquisa por ter feito avanços em sua estrutura nos últimos 25 anos. Em especial, os avanços na logística e economia da capital sueca, que ficou mais aberta ao decorrer das últimas décadas. “Nos aumentamos nossa economia aberta, independente do governo que está no poder, social democrata ou mais à direita”, explica Maria Rankka, presidente-executiva da câmara de comércio da cidade.
Na visão de Rankka, globalização, digitalização e urbanização andam juntos para a cidade que possui aproximadamente 2 milhões de habitantes, 1 em cada 5 moradores do país. Um número pequeno quando comparado com os 19 milhões de habitantes de São Paulo.
Ela cita como exemplo o planejamento para aproximar serviços, trabalho e moradia próximos, algo que pode ser usado em outras cidades do mundo. Isto pode ajudar no crescimento de novas indústrias como ciência, automação, tecnologia verde e outras.
“Um ponto que gostaria de enfatizar é que, não é necessário ser uma mega cidade e ou uma cidade global para mudar a economia. Estocolmo pode ser chamada de ‘pequena grande cidade’, pois combinamos especialização, capital e ideias. Algo como microeconomia e macroeconomia em um único lugar”, afirmou Rankka.
Atualmente a cidade sueca é uma das 11 capitais do mundo a ter mais de dez sedes de empresas globais, sendo que muitas delas são oriundas do país nórdico. O país que tem a Ericsson como uma das principais empresas de tecnologia, ainda possui as startups Spotify e King (conhecida pelo game de celular ‘Candy Crush’), além de 30 mil programadores de informática.
“Cidades são mais que um bando de pessoas. E cidades inteligentes é quando as pessoas estão conectadas”, completa.
O jornalista visitou a convite da Ericsson.