Dois modestos musicais, "A Gentleman's Guide to Love and Murder" e "Hedwig and the Angry Inch", chegam a 68ª edição dos prêmios Tony em condições de favoritos, ao conseguirem 10 e 8 indicações, respectivamente.
A montagem de "A Gentleman's Guide to Love and Murder", que estreou em novembro passado sem muitos alardes, foi recebida com muitos elogios pela crítica e parecia condenada a ser uma obra cultuada antes mesmo de monopolizar a noite do próximo 8 de junho, quando serão entregues os prêmios mais importantes do teatro.
Com um roteiro repleto de humor negro escrito por Robert L. Freedman, música de Steven Lutvak, direção de Darko Tresnjak e com três atores indicados (Bryce Pinkham, Jefferson Mays e Lauren Worsham), "A Gentleman's Guide" se beneficiou da falta de grandes favoritos para dominar a categoria de melhor musical de estreia.
Desta forma, o musical, que retrata um futuro herdeiro que deve eliminar vários parentes distantes para ficar com a herança, conseguiu se impor sobre a ambiciosa "Aladdin", que pretendia repetir o êxito de "O Rei Leão", mas recebeu apenas cinco indicações.
Na disputa pela pelo prêmio anual da Broadway, o musical de Robert L. Freedman concorre diretamente com "After Midnight", que celebra Duke Ellington, e "Beautiful: The Carol King Musical", baseado na vida da cantora americana, ambos com sete indicações.
Por sua parte, "Hedwig and the Angry Inch", favorita na categoria de melhor reposição musical, foi criada a partir de uma proposta de John Cameron Mitchell para os circuitos "undergrounds" e se transformou em uma joia do cinema independente em 2001.
Sob a figura de Neil Patrick Harris - favorito ao Tony de melhor ator de musical e que será substituído por Hugh Jackman em sua condição de anfitrião da cerimônia -, entrou pela porta da frente na Broadway.
Suas oito indicações aparecem como um grande mérito, levando em consideração que a montagem só conta com dois atores no palco (Lena Hall, que também foi indicada). Neste aspecto, o musical de John Cameron Mitchell mais parece um brilhante recital de garagem do que uma superprodução da Meca do teatro mundial.
Em um ano em que o Tony reduziu o número de indicados por categoria, de cinco para quatro, "Hedwig" enfrenta apenas duas produções: o clássico "Os Miseráveis" e "Violet", sendo muito comentada a ausência de "Cabaré", obra que tinha sido premiada em sua estreia e em suas duas reposições.
Não tão clara parece a vitória na categoria de melhor reposição dramática, onde a batalha fica entre a nova montagem de "The Glass Menagerie", do Tennessee Williams, e "Twelfth Night", de William Shakespeare.
Diante deste duelo de titãs, "A Raisin in The Sun" e "The Cripple and Inishmaan" também podem se beneficiar, principalmente devido aos seus conhecidos protagonistas, Denzel Washington e Daniel Radcliffe, respectivamente.
Entre as curiosidades desta edição, destaca-se a indicação de Woody Allen pela adaptação de "Bullets Over Broadway", que dominou as indicações aos prêmios técnicos e não aparece entre as concorrentes de melhor musical, e a ausência de indicações de "Betrayal", que conta com Daniel Craig e Rachel Weisz em cena.