'Agatha Desde Sempre': por que nova série da Disney+ é 'a produção mais gay da Marvel até agora'

O elenco e os criadores orgulhosamente anunciaram a série como a oferta "mais gay" da Marvel até agora, uma afirmação apoiada por vários personagens queer, números musicais e uma série de transformações extravagantes

20 set 2024 - 07h15
Agatha Harkness é interpretada por Kathryn Hahn
Agatha Harkness é interpretada por Kathryn Hahn
Foto: Marvel / BBC News Brasil

Já faz três anos que a personagem Agatha Harkness foi revelada como a grande vilã de WandaVision, uma série que se baseava em sitcoms clássicos e provava que o Universo Cinematográfico Marvel era capaz de contar histórias mais excêntricas do que sua produção cinematográfica estereotipada poderia sugerir.

A personagem Wanda Maximoff interpretada por Elizabeth Olsen foi finalmente confirmada como a lendária Feiticeira Escarlate, mas foi a Agatha, interpretada por Kathryn Hahn (e sua piscadela que viralizou) que roubou a cena como "Agnes", a vizinha intrometida de Wanda que na verdade era uma bruxa malvada centenária.

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E agora a favorita dos fãs tem seu próprio lançamento solo na série Agatha Desde Sempre, também comandada pela criadora de WandaVision, Jac Schaeffer.

O personagem 'adolescente' é um dos mistérios da série
Foto: Marvel / BBC News Brasil

Apropriadamente, para um spin-off de um spin-off, Agatha Desde Sempre inicialmente segue o exemplo de seu antecessor ao entregar uma história envolta em outra história.

A série segue os passos inovadores de WandaVision, começando depois que a tentativa de Agatha de roubar os poderes de Wanda deixou a própria Agatha sem poderes e presa dentro de sua fantasia.

Enquanto Wanda processava seu trauma por meio de sitcoms, a armadilha de Agatha levou sua mente a uma realidade alternativa mais sombria: um drama policial de prestígio.

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Ele abre com Agatha como uma detetive de cidade pequena em uma paródia da série da HBO Mare of Easttown chamada Agnes of Westview. Assim como nas comédias de WandaVision, o programa dentro do programa é inteligente e excepcionalmente bem executado, com "Agnes" como uma policial independente, séria e usando camisa de flanela, diante de um caso repleto de estereótipos.

Mas a primeira camada da narrativa da boneca russa é descartada logo no início, com Agatha libertada do feitiço pela chegada de um fã obcecado por bruxas, interpretado por Joe Locke, de Heartstopper, que a convence de que o caminho para recuperar seus poderes (e se salvar do ira das terríveis Sete de Salem) é percorrer um caminho de provações conhecido como a Estrada das Bruxas.

Aqui, Agatha Desde Sempre se afasta de WandaVision e, nos quatro primeiros episódios disponibilizados para análise, começa a tomar sua própria forma. É uma série de quebra-cabeça que emprega elementos verdadeiramente de terror ao lado de elementos de aventura estilo Scooby-Doo e de caricatura de filmes como Abracadabra.

Precisando de um grupo de bruxas para acessar a Estrada, Agatha deve abrir mão de suas tendências de lobo solitário (ou pelo menos mascará-las por enquanto) e embarcar em uma campanha de recrutamento saída diretamente de um filme de assalto.

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O bando que ela reúne é um agradável e desorganizado grupo de desajustadas.

Há Patti LuPone como Lilia, uma cartomante com problemas financeiros, Ali Ahn como Alice, filha de uma lendária bruxa estrela do rock, e Sasheer Zamata como Jen, uma bruxa que virou especialista em bem-estar e vende cremes de retinol e ovos de jade.

Kathryn Hahn brilha como Agatha
Foto: EPA / BBC News Brasil

'Química' entre personagens

O que mais chama a atenção, no entanto, é Aubrey Plaza como Rio Vidal, uma bruxa verde com quem Agatha compartilha uma história espinhosa e uma tensão sexual evidente.

Aparecendo pela primeira vez como uma agente federal na fantasia de drama policial de Agatha, Rio provoca, provoca e tenta matar Agatha antes de se juntar ao grupo de bruxas como uma agente do caos. Plaza não poderia estar melhor.

A química escaldante da dupla está no cerne do que o elenco e os criadores orgulhosamente anunciaram como a oferta "mais gay" da Marvel até agora, uma afirmação apoiada por vários personagens queer, números musicais e uma série de transformações extravagantes.

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Os temas de alteridade, identidade, perseguição e família escolhida falam com a comunidade LGBTQ+ e também demonstram uma preocupação com a história cultural da representação das bruxas.

Variando entre levemente assustadora e genuinamente de terror, a série argumenta que as bruxas são mais complexas do que a cultura pop nos faz acreditar e cumpre certas expectativas: mostra irmandade, invocações e maldições geracionais.

Em grande parte desprovidas de seus poderes sobrenaturais inerentes, as bruxas devem trabalhar duro para superar a Estrada, mas o elemento de busca da série é sustentado por mistérios maiores que já têm fãs teorizando: a identidade real do personagem de Locke conhecido apenas como "adolescente"; se Wanda (vista pela última vez se sacrificando em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura) ainda pode estar viva; e o que realmente aconteceu no passado de Agatha, especificamente em relação ao seu filho ausente.

Por estar escondida à vista de todos em WandaVision, Agatha e, portanto, Hahn, foram restringidas à periferia do show. Aqui, tanto a personagem quanto a atriz aproveitam a chance de brilhar, com Hahn expressando muito bem o egoísmo sarcástico de Agatha, bem como revelando suas vulnerabilidades (e demonstrando o valor de empregar atores cômicos verdadeiramente talentosos para entregar falas engraçadas).

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Se ocasionalmente há uma frieza nas produções da Marvel — a tela verde e o espetáculo de computação gráfica distraindo do personagem e do peso emocional — Agatha prova que não há substituto para a boa e velha química.

Este é um elenco que está profundamente — e muitas vezes literalmente, graças às músicas — em sintonia e evidentemente encantado em entregar uma série mágica, que está tão disposta a ser boba quanto a ser sombria.

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