Ariana Grande disse à BBC que ela canalizou seus sentimentos pessoais de perda ao filmar Wicked.
"Perder alguém que você ama é algo que todos nós infelizmente temos que viver - e às vezes temos o privilégio de dizer adeus, mas às vezes não", diz a cantora.
Grande, de 31 anos, interpreta Galinda Upland no filme, que é uma adaptação do musical de enorme sucesso que explora o universo do Mágico de Oz da perspectiva de duas bruxas.
A vencedora de dois prêmios Grammy sofreu uma tragédia pessoal nos últimos anos, após o atentado de Manchester no show dela em 2017 e a morte de seu ex-parceiro Mac Miller, um ano depois.
Ela diz que aparecer em Wicked, um dos primeiros shows da Broadway que ela viu na infância, "parece um retorno ao lar".
"Essa música sempre me trouxe tanto conforto e agora poder passar um tempo com ela e se sentir confiante com ela é o privilégio de uma vida inteira."
Nas semanas que antecederam o lançamento do filme, o relacionamento próximo entre Grande e a co-estrela Cynthia Erivo ficou em evidência.
"Desde o momento em que fomos escalados, Cynthia me convidou e ficamos juntas por cinco horas. Rimos, choramos e nos conhecemos".
"Tivemos uma conversa real logo de cara sobre criar um espaço seguro para ambas e ser honestas uma com a outra", ela diz.
Os personagens de Grande e Erivo começam no universo de Oz como estudantes universitárias, antes de se tornarem inimigas como Glinda, a Bruxa Boa, e Elphaba, a Bruxa Má do Oeste.
Erivo, de 37 anos, descreveu seu papel como "uma verdadeira honra" e acena para as referências formadas pelas atrizes originais Kristin Chenoweth e Idina Menzel, a quem ela chama de "as arquitetas".
"Recebemos algo realmente especial e é um sonho que se tornou realidade e um grande desafio a ser preenchido", conta ela.
Avaliações mistas
Até agora, os críticos deram avaliações mistas em relação ao filme. Peter Bradshaw, do The Guardian, elogiou a "fantasia açucarada" e concedeu quatro estrelas, descrevendo Wicked como uma "explosão de entretenimento".
Houve outra crítica de quatro estrelas de Helen O'Hara, da revista Empire, que disse que o diretor Jon M Chu "usa todos os recursos possíveis para transformar o show no palco em um filme épico".
No entanto, em uma crítica de duas estrelas, Robbie Collin, do Telegraph, descreveu Wicked como "totalmente exaustivo e irremediavelmente mal escalado", acrescentando que não havia "nenhum argumento artístico concebível" para dividir o show da Broadway em dois filmes.
Clarisse Loughrey, do The Independent, deu três estrelas e questionou a maneira como foi filmado, com personagens frequentemente "agressivamente iluminados".
"Jon M Chu trata seu Oz como se fosse tão mundano quanto um quarteirão da cidade", ela acrescentou.
Mas Fionnuala Halligan, do Screen Daily, afirmou: "É tão obstinadamente fiel ao show, tão enfaticamente orquestrado e tão alimentado pela performance excepcional de Cynthia Erivo, que a resistência aos seus 169 minutos de magia de parque temático se torna fútil."
Erivo, que recebeu uma indicação de melhor atriz ao Oscar por sua interpretação de Harriet Tubman no filme biográfico Harriet em 2019, também é uma artista de palco reconhecida, que recebeu um prêmio Tony em 2016 pela adaptação da Broadway de "A Cor Púrpura".
Ela diz que conseguiu se basear em suas próprias experiências de luta com a aceitação do papel de Elphaba, que é rejeitada por conta de sua cor verde.
"Mesmo que você se sinta 'outra' ou diferente de todos os outros, acho que nós duas temos experiência nesses espaços que usamos para infundir nossos personagens", diz ela.
Wicked, que estreou na Broadway em 2003, tornou-se o terceiro espetáculo de teatro de maior bilheteria do mundo, atrás de O Rei Leão e O Fantasma da Ópera.
Muitos atribuíram seu sucesso duradouro com o público à capacidade de identificação de seu conteúdo - da luta de Elphaba com sua autoidentidade à dificuldade de Glinda em fazer escolhas morais.
Sua releitura para a telona também conta com a vencedora do Oscar Michelle Yeoh como Madame Morrible e Peter Dinklage, de Game of Thrones, como a voz do Doutor Dillamond - que é uma cabra animada.
O indicado ao Oscar Jeff Goldblum aparece como o Mágico de Oz e o astro britânico Jonathan Bailey - que recebeu reconhecimento internacional nos últimos anos após estrelar o sucesso da Netflix Bridgerton - como Fiyero.
Goldblum diz que os temas centrais do filme, que incluem o respeito à diversidade, foram importantes para o elenco, que foi capaz de "se unir para trabalhar e admirar uns aos outros com empatia, compaixão e amor".
Bailey também diz que todos com quem trabalhou tinham sua própria "história de Elphaba", acrescentando "em alguns momentos de nossas vidas nos sentimos diferentes".
Ele diz: "Neste filme, em particular, o superpoder da individualidade se torna um poder a ser aproveitado".
"Eu acho que é muito importante agora também, pois esse tema tem mais pontos que nos une do que nos divide."
O musical é uma obra do West End e da Broadway há mais de 20 anos, mas Chu diz que os temas centrais da trama estão mais relevantes do que nunca.
Chu, que também dirigiu Podres de Ricos (Crazy Rich Asians) em 2018, diz que recebeu o roteiro do filme durante a pandemia. Isso o fez pensar sobre como o filme poderia refletir sua experiência de vida real de busca pela verdade em um momento confuso.
Ele diz que o elenco também se tornou "emocionalmente disponível" durante as filmagens e conseguiu se colocar pessoalmente no lugar de seus personagens.
"Ariana, Cynthia e Jeff estavam falando sobre os riscos do mundo real que estávamos colocando nesses personagens", ele acrescenta.
"Não era apenas sobre política global, era mais pessoal do que isso.
"Estávamos todos passando por coisas em nossas próprias vidas e acho que eles foram generosos em oferecer isso nos papéis de Glinda, Elphaba e o Mágico."