A beleza do espetáculo, o rigor dos ensaios e leveza dos passos é o que seis documentários recentes retratam sobre a dança.
“São Paulo Companhia de Dança” de Evaldo Mocarzel, por exemplo, é focado na dura rotina de trabalho dos dançarinos do grupo. Eles enfrentam muitas horas de ensaio diário e chegam ao limite. Sem entrevistas, o documentário acompanha a criação coreográfica de “Polígono”, comandada pelo italiano Alessio Silvestrin, a partir de ensaios e de aulas de balé clássico e dança moderna.
Enquanto Mocarzel foca nos bastidores, Walter Carvalho escolheu a beleza (e o significado) das coreografias de Antônio Nóbrega para produzir “Brincante”. Com locações belas que vão do interior nordestino ao centro paulistano, o documentário traz para esses cenários o estilo bem brasileiro da dança de Nóbrega.
Mas a dança, qualquer que seja ela, também pode ter papel transformador na vida de seus praticantes. É o que mostra “A Batalha do Passinho”, de Emílio Domingos. O filme retrata um fenômeno da cultura de periferia do Rio conhecido como “passinho”. Esse estilo de dança do funk já existia desde o início dos anos 2000, mas ficou conhecido a partir da viralização de vídeos na internet, o que rendeu aos realizadores convites para se apresentar no Brasil e no exterior.
O papel social da dança é o tema de “A Alma da Gente”, de Helena Solberg e David Meyer. Em 2002, mais de 60 jovens do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, tiveram suas vidas cotidianas alteradas para acrescentar ensaios de dança no Corpo de Dança da Maré, coordenado por Ivaldo Bertazzo. Uma década depois, o documentário investiga se a experiência trouxe um efeito transformador na vida daqueles jovens.
No exterior, a grande bailarina alemã Pina Bausch (1940-2009) foi homenageada em dois documentários. Indicado ao Oscar de Melhor Documentário, “Pina”, de Wim Wenders mistura entrevistas com os dançarinos de sua companhia a apresentações de algumas de suas principais criações. Já “Sonhos em Movimento”, de Anne Linsel e Rainer Hoffmann, registra os preparos da terceira versão do espetáculo “Kontakthof” (“Pátio de Contatos”).