De toda produção de grãos no Brasil, cerca de 8% dos alimentos são perdidos em acidentes de trânsito no trajeto até os portos, um exemplo do "grande" desperdício de comida que ocorre em nível "mundial" e foi retratado pelo fotógrafo brasileiro Ricardo Teles.
"Este era um tema que tinha que ser falado porque a vida das pessoas depende disso", denunciou Teles em uma conversa telefônica com a Agência Efe.
Essas imagens podem ser vistas a partir desta quarta-feira na exposição "Estradas dos Grãos", organizada pela Embaixada do Brasil em Madri e a Fundação Cultural Hispano-Brasileira, e que poderá ser visitada na Casa da América da Madri até o dia 24 de fevereiro.
"Estrada dos grãos" faz parte de um projeto fotográfico que surgiu quando Teles foi contratado para documentar, ao longo de um ano, a construção de uma fábrica no extremo sul do estado da Bahia, em uma das estradas mais importantes do país.
O documentarista e também fotojornalista foi testemunha da transformação de um universo criado nas laterais da estrada em um "novo" Brasil, algo que quis reproduzir através das 10 fotografias que compõem a exposição, e que mostram o dia a dia na vida dos caminhoneiros pelas estradas do país.
Para Teles, as estradas são os principais nexos de união entre as comunidades e os canais de abastecimento da produção, e sintetizam o "rico" universo social que vive e depende delas para sua subsistência.
Com este projeto, que Teles reconhece ter uma "carinho maior" do que outros trabalhos, o fotógrafo pretende falar de problemas sociais, tais como a prostituição, mas também de problemas ambientais e climáticos.
Teles, ganhador do Prêmio Sony Awards na categoria Travel, outorgado pela World Press Organization (2014), o Prêmio New Holland de Fotojornalismo (2013) e do Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo na categoria de Fotojornalismo (2003), entre outros, destacou também o "poder de síntese" que a fotografia oferece, ferramenta que lhe permite retratar a realidade brasileira.
"Busco uma imagem que possa traduzir uma ideia que qualquer pessoa do mundo possa compreender", concluiu.
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