IA é usada para desvendar textos dos papiros de Herculano

Tecnologia se tornou importante aliada de especialistas

3 jan 2025 - 17h24
(atualizado às 17h32)

Uma pesquisa publicada pela revista Nature apontou que novas ferramentas baseadas em Inteligência Artificial (IA) estão possibilitando a leitura de diversos textos antigos, o que vem revolucionando o setor e gerando uma grande quantidade de dados inéditos.

    Com os novos mecanismos, os especialistas decifram os frágeis papiros de Herculano queimados durante a erupção do Vesúvio em 79 d.C., o vasto arquivo sobre os reinados de 27 reis coreanos, que viveram entre os séculos 14 e 20, e as tabuinhas de Creta, esculpidas com uma escrita complexa chamada "Linear B".

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    Para poder ler os papiros de Herculano, por exemplo, foi desenvolvida uma técnica de desenrolamento virtual, que escaneia os pergaminhos por meio de uma tomografia de raios X. O mecanismo mapeia cada camada e os desenrola em uma imagem plana.

    A IA, por sua vez, entra no projeto para distinguir a tinta à base de carbono, invisível nas digitalizações porque tem a mesma densidade do papiro.

    No início do ano passado, três pesquisadores foram premiados em US$ 700 mil por produzirem 16 colunas de texto claramente legíveis. Além disso, uma competição internacional relacionada ao tema desvendou letras, palavras e sentenças inteiras dos textos que foram carbonizados.

    "Nesse momento você realmente pensa: 'agora estou vivenciando algo que constituirá um momento histórico para minha área'", afirmou Federica Nicolardi, papirologista da Universidade Federico II de Nápoles.

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    O método abre caminho para a leitura de outros textos antes inacessíveis, como os escondidos nas encadernações de livros medievais ou nas bandagens que envolvem as múmias egípcias.

    O primeiro grande projeto para demonstrar o potencial da IA nasceu na Universidade de Oxford em 2017, para decifrar inscrições gregas encontradas na Sicília nas quais faltavam muitas partes. Os esforços dos pesquisadores produziram uma rede neural chamada Ithaca, que pode ser acessada gratuitamente online. O sistema pode restaurar peças ausentes com 62% de precisão, em comparação com os 25% para um especialista humano.

    Contudo, quando a rede neural trabalha ao lado de pesquisadores, a precisão sobe para 72%.

    Além dos papiros de Herculano, a leitura de um dos maiores arquivos históricos do mundo, que consiste em registos diários que cobrem os reinados de 27 reis coreanos escritos em Hanja, um antigo sistema de escrita baseado em caracteres chineses, é um dos desafios para a IA.

    "A Inteligência Artificial está tornando o trabalho dos papirologistas mais importante do que nunca", analisou Richard Ovenden, chefe da Biblioteca Bodleian da Universidade de Oxford.

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