Para entrar na área da Marquês de Sapucaí em dias de ensaio técnico é necessário passar por uma revista no Setor 2, se for assistir no lado par, ou no Setor 3, se for acompanhar pelo lado ímpar. Ambulâncias e maqueiros estão dispostos em lugares estratégicos da Avenida para melhor atender o público e os desfilantes. Câmeras no entorno e dentro da passarela, além de drones, fazem o monitoramento das atividades das milhares de pessoas que passam por lá. Todo esse sistema operacional é gerido pela Riotur, comandado pelo diretor de operações Luiz Gustavo Mostof, e pela Liesa, liderado pelo Coronel Celso.
Durante os ensaios, que ocorrem aos finais de semana até o dia 12 de fevereiro, o sistema de monitoramento controla 30 câmeras. Porém, nos dias dos desfiles, entre 17 e 20 de fevereiro, haverá mais de 100. Todo esse trabalho é cruzado com cerca de 5000 câmeras do Centro de Operações da prefeitura do Rio de Janeiro e com o apoio dos órgãos públicos operacionais da cidade e do governo do estado – Guarda Municipal, Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros.
“A gente distribui câmeras por toda Sapucaí. É um Big Brother. De modo que possamos, com as equipes no campo, tomar decisões operacionais que possam minimizar qualquer tipo de risco ou confusão que aconteça. Fora isso, o aspecto técnico de monitoramento de público ou de multidão passa a ser prioritário até por conta do entrelace que temos com órgãos públicos, Polícia Militar e Guarda Municipal, e com o trânsito também. Rapidamente, a gente consegue alinhar com esses órgãos e tomar decisões estratégicas”, explica Mostof.
Enquanto o público esperado para os ensaios técnicos é de 40 mil pessoas, os testes de luz e som dos dias 11 e 12 de fevereiro têm uma estimativa de 70 mil presentes. Este número representa quase o limite de foliões que a Sapucaí recebe no Carnaval: 72 mil somando os camarotes com as arquibancadas. Além disso, cada escola do Grupo Especial, por exemplo, leva para a Avenida entre 3 mil e 4 mil componentes. Todas essas pessoas serão atendidas por uma equipe de 20 mil trabalhadores, divididos entre funcionários da Riotur, da Liesa, do próprio Sambódromo, dos camarotes e dos fornecedores. Em resumo, cerca de 100 mil pessoas circularão pelo maior espetáculo a céu aberto da Terra.
Em um megaevento da proporção do carnaval é esperado pela equipe de operações que incidentes aconteçam embora se torça pelo contrário. Quando questionado sobre os procedimentos a serem feitos pela equipe da Riotur caso algo ocorra, o diretor Luiz Gustavo respondeu: “O procedimento sempre é isolar qualquer tipo de área em que esteja acontecendo. Fazer com que as equipes de pronto atendimento cheguem ao local imediatamente. Nós temos diversos postos médicos espalhados. No caso de alguma questão, rapidamente maqueiros chegam até onde a pessoa está passando mal ou outro tipo de confusão que aconteça e encaminham diretamente ao posto médico. E se tiver algum tipo de problema relacionado à saída de ambulância, a gente dá prioridade ao percurso. Todas as rotas de ambulância já estão pré-definidas. Caso haja algum tipo de questão maior que a normalidade, no aspecto operacional, faz parte a anormalidade. Quando se trabalha com um evento dessa magnitude, megaeventos, a gente tem que estar sempre preparado para situações adversas de uma maneira geral. A gente acaba, pelas câmeras, dando toda infraestrutura e todas as informações para a equipe de campo ficar mais segura na ponta”.
Para esse suporte, as câmeras são posicionadas estrategicamente. No período de ensaios, as câmeras cobrem os corredores por onde o público chega, a pista do desfile, a praça de alimentação, mas principalmente os acessos. “Nós temos dois grandes acessos, pela Benedito Hipólito, acesso ímpar e acesso par, onde as pessoas são revistadas porque, obviamente, não pode entrar com nenhum tipo de armamento ou objeto cortante. Outras áreas cobertas são a dispersão e a concentração para tomar conta dos integrantes das agremiações. Em ambas as extremidades, além dessa cobertura de imagem, precisa ser feita uma estrutura de iluminação, banheiro e atendimento para dar algum conforto para os artistas do espetáculo”, contou Mostof.
De volta ao cargo neste ano de diretor de operações da Riotur, Luiz Gustavo Mostof diz que, para 2023, foram feitos ajustes na estrutura ao longo do Sambódromo, de acordo com as autorizações do Corpo de Bombeiros, principalmente, na questão de circulação interna. Isso facilitou, por exemplo, a movimentação das pessoas nos camarotes.
“Uma questão prioritária, até o presidente da Liesa e o próprio presidente da Riotur já falaram, é a atenção na pista, principalmente, na questão dos credenciados. Ano passado, parece que teve um probleminha relacionado a pessoas não credenciadas dentro da pista. Nós estamos com um olhar clínico e nós vamos ter algumas pessoas-chave para a gente manter, efetivamente, a pista de desfile para os artistas”, afirmou o diretor.
Abraçando ainda mais a tecnologia, uma novidade para o Carnaval 2023 é o uso de drones. O equipamento será usado para observar lugares que as câmeras podem ter dificuldade de cobrir. Afora isso, o sistema de iluminações cênicas testadas em 2022 será instalado de forma definitiva a partir deste ano. A proposta foi trazida pelo prefeito Eduardo Paes para tornar os desfiles das escolas de samba mais vibrantes e, de agora em diante, a ideia é aperfeiçoar. Luiz Gustavo aposta que em alguns anos os carnavalescos poderão “brincar” com as luzes nos seus carnavais.
“Tem, no Setor 10, uma sala de monitoramento com visão de toda passarela que a gente chama tecnicamente de house mix. Quem sabe, no futuro, tenha um profissional de cada escola brincando [com as luzes] durante o desfile”, instigou o diretor.
Toda essa operação é comandada diretamente da base da Riotur atrás do setor 11 da Marquês de Sapucaí. A complexidade do carnaval exige que a equipe esteja atenta a qualquer tipo de situação e com o mapeamento das providências a serem tomadas para estabelecer a ordem. A folia de 2023 está sendo planejada para ser um evento seguro e zeloso da pista às arquibancadas, da plateia aos componentes das escolas de samba do Rio de Janeiro.