Sambista lembra acidente que a deixou na cadeira de rodas às vésperas de desfile

Rainha do Acadêmicos do Tatuapé, Muriel Quixaba ficou sem sentir as pernas após acidente doméstico

6 fev 2023 - 05h00
(atualizado às 14h32)
Muriel Quixaba é prova o poder de superação que o samba inspira
Muriel Quixaba é prova o poder de superação que o samba inspira
Foto: Felipe Araújo / Felipe Araújo

Faltava pouco para o carnaval quando Muriel Quixaba, de 38 anos, viu as chances de a folia acabar antes mesmo de começar. Tudo por causa de um acidente doméstico que a deixou sem os movimentos do pescoço para baixo, após bater a cabeça e as costas no desnível do piso entre dois cômodos.

Na época, ela era rainha de bateria do Colorado do Brás e havia sido atendida por um neurocirurgião que tocava caixa na bateria da Vai-Vai.

Publicidade

"Ele disse que não teria carnaval para mim naquele ano, pois faltavam 15 dias para a festa", lembra a corretora de seguros que teve como diagnóstico um espamo. "Foi neste momento que eu percebi o quanto o samba significava na minha vida, e coloquei todos os meus esforços para desfilar. Graças a Deus e ao poder do samba, tive uma recuperação surpreendente e desfilei naquele carnaval".

Atualmente na Acadêmicos do Tatuapé, Muriel já desfilou pela Rosas de Ouro
Foto: Felipe Araújo / Felipe Araújo

Atualmente, majestade na Acadêmicos do Tatuapé, em São Paulo, e na Sangue Jovem, em Santos, a o amor de Muriel com o carnaval vem de longe. Sempre acompanhada pela mãe, ela conta que desde os quatro anos de idade se arrumava para a folia, mas com fantasias de papel crepom e brilhos que pegava do barracão, devido às dificuldades financeiras da família.

A escassez de recursos nunca foi empecilho para curtir a festa de Momo, ela diz orgulhosa.

"Já cheguei até a ser apoio de carro, porque também não tinha condição de comprar fantasia e eu queria muito desfilar. Eu tenho um vínculo afetivo muito forte com essa época, que me deu base para ser hoje Rainha de Bateria", acrescenta.

Publicidade

Isso, inclusive, ajuda a entender o posicionamento que sustenta acerca do cargo. Para ela, independentemente de ser da comunidade ou não, a rainha de bateria deve viver os desafios e alegrias da comunidade.

Em preparação ao desfile, Muriel tem uma intensificação de exercícios físicos
Foto: Felipe Araújo / Felipe Araújo

"Tem pessoas que assumem essa responsabilidade pelo ego, ou para dar 'close'. Não é o meu caso, porque acredito que a rainha deve participar o máximo possível. É preciso atuar na comunidade, conhecer os ritmistas, abraçar as baianas e beijar as passistas", diz.

Fonte: Redação Terra
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações