Com cerca de 8 milhões de CDs vendidos, mais de 100 shows por ano e mais de 30 carnavais de experiência, Bell Marques se diz ansioso com a próxima vez em que subirá no trio elétrico. O motivo é simples: este será seu primeiro Carnaval sem o Chiclete com Banana, a banda que arrasta fãs e fanáticos há décadas na capital baiana.
A rigor, sua carreira solo começou na terça-feira da folia do ano passado. Mas Bell teve os dias anteriores do Carnaval para o público despedir-se deles. Em 2015, porém, o cantor e compositor não terá mais ao seu lado os velhos companheiros (incluindo dois irmãos), e vai comandar sozinho cinco dias de folia. Na sexta e no sábado, ele puxa o Bloco Vumbora, enquanto de domingo a terça, o astro agita o público com o Bloco Camaleão.
Em entrevista exclusiva ao canal “Atrás do Trio Elétrico”, o cantor, um dos nomes mais concorridos do Carnaval baiano, fala de seu sentimento em relação à nova experiência. Também faz um balanço do primeiro ano de carreira solo e faz uma declaração de amor à banda que liderou por 30 anos: “sempre serei ‘chicleteiro”. Leia abaixo.
No Carnaval de 2014, você fez o último show com o Chiclete e o primeiro da carreira solo. Em 2015, será o primeiro Carnaval em que você vai se apresentar sem o Chiclete. Qual a sua expectativa?
Estou muito ansioso e animado. Vai ser um Carnaval bem diferente pra mim. Sei que as pessoas estarão me avaliando, acompanhando o repertório, o meu discurso. Muitas pessoas vão querer entender o que mudou e se mudou realmente.
Em 2014, você iniciou começou o show solo cantando “Ave Maria”. Preparou algo diferente para abrir o Carnaval este ano?
Aquele momento foi muito bacana. Meu primeiro acorde em carreira solo na frente do Farol da Barra foi abençoado e vai sempre ficar na minha memória e, tenho certeza, na de muitos foliões. Este ano, o repertório vai ser uma grande coletânea de sucessos da minha carreira. Vou relembrar a minha história, a minha trajetória, desde os tempos do Chiclete com Banana, com canções que foram eternizadas na minha voz, até hoje, com sucessos como ‘Voltei’ e ‘Vumbora Vumbora’.
Você se acostumou por muitos anos a subir no trio elétrico com o Chiclete com Banana. O que muda na hora de comandar a festa agora que você é um artista solo?
O cantor, por estar ali na frente, com o poder da voz, acaba, naturalmente, assumindo o controle das coisas em cima do trio. Então, nesse sentido não muda muito. Mudam as companhias. Vivi muitas histórias bacanas com meus irmãos e colegas do Chiclete. Sinto falta, claro, mas continuo bem acompanhado por uma big band maravilhosa.
Você completa 63 anos em 2015 e vai se apresentar em Salvador de sexta até a terça-feira de Carnaval. Qual é o segredo para manter todo aquele pique em cima do trio elétrico por todos esses dias? Você faz alguma preparação especial antes do Carnaval?
A preparação, na verdade, é o ano todo. Já fiz mais de 100 shows em carreira solo e, para dar conta da correria, tenho que estar em forma, preciso me alimentar adequadamente. Já chego no Carnaval preparado. Se não, não teria como aguentar.
O bloco Nana Banana, do Chiclete, está programado para sair em horários similares aos do seu bloco, o Vumbora. Como vai ser esta concorrência com sua antiga banda? Isso incomoda de alguma forma?
Não incomoda de forma alguma. Sempre torci e sempre torcerei pelo Chiclete com Banana. Minha história se mistura com a da banda e sempre serei ‘chicleteiro’. Tenho certeza de que eles farão um Carnaval muito bacana.
No último Carnaval, você mesclou sucessos do Chiclete com as músicas da sua carreira solo. Em 2015, o público pode esperar algo parecido ou você pretende se focar mais nas suas novas músicas?
Mesmo que eu já tivesse construído um repertório solo grande o suficiente, jamais deixaria de tocar músicas do Chiclete com Banana. Muitas são composições minhas, inclusive, eternizadas, como disse, na minha voz. Fazem parte da minha história e jamais negaria esse passado, do qual tenho muito orgulho.
Qual o balanço que você faz deste primeiro ano como artista solo? O que mudou?
Foi um ano desafiador. Me sinto muito sortudo de poder recomeçar, ou de pelo menos me sentir como num recomeço, nesse estágio da minha carreira e ter liberdade para tomar decisões e experimentar novidades no palco.
Existe algo de que você sinta falta da época do Chiclete?
Sem dúvida, das pessoas. Sempre fomos uma família, literalmente. Dois irmãos meus fazem parte da banda e estávamos sempre juntos. Vivemos muitas histórias bacanas.
No último Carnaval você recebeu no trio elétrico participações especiais como a de Valesca Popozuda. Tem alguma surpresa para este ano?
Carnaval é uma surpresa atrás da outra. No percurso do Vumbora, ano passado, também recebi Solange e Xand do “Aviões do Forró”, cantei com Gilberto Gil, Brown, Margareth e recebi uma linda homenagem de Daniela Mercury. É sempre assim, tudo acontece, nada é combinado. Este ano, a mesma coisa. A gente sempre fala com um amigo ou outro, mas Carnaval é complicado pra todo mundo, então, tudo pode acontecer.