BH dá largada para o Carnaval; programação inclui 350 blocos

11 fev 2017 - 12h51
(atualizado às 12h56)
Belo Horizonte - O bloco Então Brilha deve receber 80 mil foliões
Belo Horizonte - O bloco Então Brilha deve receber 80 mil foliões
Foto: Agência Brasil

Belo Horizonte dá a largada oficial do Carnaval 2017 neste sábado (11). Dezoito blocos se apresentarão em pontos distintos da cidade. Eles puxam a fila dos 416 desfiles, organizados por 350 blocos cadastrados na Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur).

De acordo com o calendário oficial da cidade, a folia vai até o dia 1º de março, que marca a quarta-feira de cinzas. A programação completa está disponível na página virtual criada pela prefeitura, que se refere a este como o maior Carnaval da história da cidade.

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Os principais blocos de Belo Horizonte têm como ponto de partida um movimento formado por artistas e universitários que surgiu em 2009. Eles criaram formas lúdicas de contestar medidas restritivas de ocupação do espaço público, em especial um decreto da prefeitura que proibia eventos na Praça da Estação, no centro da cidade.

Os blocos foram surgindo com o intuito de ocupar as vias da capital mineira através da folia. Alguns deles se consolidaram como referência da programação desse Carnaval: Juventude Bronzeada, Então Brilha, Pena de Pavão de Krishna, Tchanzinho Zona Norte, Filhos de Tcha Tcha, Chama o Síndico, Alcova Libertina e Baianas Ozadas, entre outros.

No entanto, a cada edição, cresce o número de estreantes. Em 2017, segundo a Belotur, cerca de 100 blocos farão seu primeiro desfile na cidade. Um exemplo é o Alô Abacaxi, que pretende levar para as ruas músicas da tropicália em ritmo de marchinhas. A ideia surgiu de um grupo de pessoas que, até o ano passado, integrava o bloco Filhos de Olorum, que acabou extinto por dificuldades de organização.

O Alô Abacaxi irá se concentrar na manhã do domingo (26) de Carnaval no bairro Santa Tereza.  "A ideia é pautar as questões de gênero, de sexualidade, de raça, da diversidade em geral. Esses são os abacaxis que precisamos descascar diariamente. E a tropicália é um instrumento para isso. É um movimento musical vinculado a um momento de luta, de redescobertas, de defesa da liberdade dos corpos", diz Bruno Perdigão, organizador do bloco.

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Nem tão estreante, o Havayanas Usadas surgiu como uma dissidência o Baianas Ozadas, um dos maiores blocos da cidade, que no ano passado arrastou 300 mil foliões ao som de música baiana. Além da bateria, o Baianas Ozadas possui tem banda, que hoje faz shows ao longo do ano inteiro, com músicos que defendem uma banda mais profissional e com mais recursos financeiros e venda de produtos.

Já os descontentes com este caminho mais comercial, fundaram o Havayanas Usadas, mantendo a ideia de explorar o axé baiano. "A gente tem uma história no Carnaval de Belo Horizonte que queríamos continuar. Então decidimos criar algo novo. O Havayanas Usadas é um bloco participativo e democrático. Nossa bateria, estruturada através de oficinas e ensaios, é bem plural. Tem pessoas de todas as idades, sexo, raça", conta Cris Gil, integrante do bloco. Ela defende um Carnaval que propicie a inclusão das minorias. O bloco sairá na manhã de segunda-feira (27), na região leste de Belo Horizonte.

Outro que desfila pela primeira vez é o bloco ClandesTinas, cuja bateria é formada exclusivamente por integrantes do sexo feminino e tem no repertório apenas músicas compostas por mulheres. Ele surge da Casa de Referência da Mulher Tina Martins, que presta assistência a vítimas de violência.

"É um feriado onde o número de ocorrências de abusos é alto. Chamaremos atenção para isso. Decidimos fazer um desfile unificado com o bloco Bruta Flor, que também traz as mesmas preocupações", diz a foliã Isabella Sturzeneker. O desfile acontece domingo (26), no centro de Belo Horizonte.

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Também estão previstas atrações convidadas. O Monobloco e o Sargento Pimenta, dois dos maiores blocos de rua do Rio de Janeiro, estão na programação. Na capital fluminense, ambos são conhecidos por arrastarem centenas de milhares de foliões.

Outro convidado é a agremiação folclórica Zé Pereira Clube dos Lacaios, de Ouro Preto (MG). Considerado o bloco mais antigo do Brasil ainda em atividade, ele irá completar 150 anos de existência, trazendo para a capital mineira os tradicionais bonecões que andam sobre pernas de pau.

Além dos blocos

Belo Horizonte – Sete escolas do Grupo Especial desfilam na terça-feira de Carnaval na Avenida Afonso Pena
Foto: Agência Brasil

Os blocos não são a única atração do Carnaval de Belo Horizonte. A prefeitura também vai instalar quatro palcos na cidade. As estruturas serão montadas na Praça da Estação, na Avenida Brasil e na Rua Guaicurus. O quarto palco será colocado no Parque Municipal, onde acontecerá o "Carnavalzinho". O evento será voltado para as crianças no sábado, dia 25 de fevereiro.

O tradicional Concurso de Marchinhas Mestre Jonas, organizado pela produtora Cria Cultura, faz sua final hoje (11). O evento, que concede um prêmio de R$ 6 mil ao vencedor, consagrou nos últimos anos composições que fazem paródia de acontecimentos da vida social e política nacional, como as clássicas Imagina na Copa de 2013 e O Baile do Pó Royal de 2014. No ano passado, a vencedora foi Não Enche o Saco do Chico, que remetia a um episódio em que o músico Chico Buarque foi hostilizado por suas posições políticas.

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Já os desfiles de escolas de samba acontecerão na Avenida Afonso Pena, onde será instalada uma arquibancada com capacidade para 2 mil pessoas. A primeira vez que agremiações de Belo Horizonte se apresentaram de forma semelhante ao que acontece hoje, guiadas por samba-enredo, foi em 1956. Nos anos que antecederam o ressurgimento dos blocos de rua, em 2009, elas eram a principal atração de um Carnaval tímido e de pouco público. Sete escolas de samba do Grupo Especial desfilam na terça-feira, dia 28 de fevereiro. As três melhores na avaliação do júri receberão prêmios de R$50 mil, R$25 mil e R$12,5 mil.

No dia anterior, segunda-feira (27), será a vez dos tradicionais blocos caricatos, característicos do Carnaval de Belo Horizonte. Eles se tornaram uma categoria de desfile na década de 1950, mas sua origem ainda não é totalmente conhecida dos historiadores. Entre algumas hipóteses, eles podem ter influência dos carros alegóricos que partiam dos clubes e sociedades no início do século 20 ou do corso (desfiles em carros comuns), que existia desde a fundação da cidade, em 1897.

No corso, famílias desfilavam fantasiadas em seus carros particulares, numa época em que os veículos eram mais abertos e as pessoas conseguiam ficar de pé nas laterais. Nos blocos caricatos, a bateria vai em cima de um caminhão. Na edição deste ano, nove deles disputam prêmios de R$ 25 mil, R$ 12,5 mil e R$ 6,25 mil.

Agência Brasil
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