Um dos maiores temores dos foliões durante o Carnaval é perder os dias de festa por conta da ressaca. Por isso, é importante saber quais são as causas do problema e, assim, entender qual conduta seguir para evitar ou curar rapidamente o problema.
Por que temos ressaca?
Ao consumirmos bebida alcoólica, nosso fígado se prepara para metabolizar o etanol. Isto é, transformá-lo em uma substância possível de ser eliminada. Afinal, o álcool em grande quantidade é tóxico ao nosso organismo.
A nutricionista Marina Gomes, do Instituto Nutrindo Ideais, explica que esse processo de metabolização envolve a transformação do etanol em acetaldeído e depois em ácido acético.
"Os sintomas da ressaca se dão pelo aumento da concentração desse acetaldeído, que também é tóxico e se deposita em diversos órgãos, prejudicando suas funções. Isso somado a desidratação (perda de água e também de sais minerais) causada pelo álcool piora os sintomas no dia seguinte", afirma.
Como evitar a ressaca
Para evitar a ressaca é preciso se preparar antes do bloquinho começar. Nesse momento, é importante garantir estar bem alimentado e hidratado. Marina indica fazer uma refeição equilibrada com carboidratos e proteínas. Dessa forma, você torna a absorção do álcool mais lenta pelo intestino, permitindo ao fígado mais tempo para metabolizar a substância.
A também nutricionista Laís Murta, mestra em Ciências da Saúde pela Faculdade Sírio-Libanês, complementa que antes da folia o ideal é optar por refeições mais leves e naturais.
O objetivo é evitar quantidades exageradas de frituras, fast foods, carboidratos como arroz, feijão e macarrão. Laís assegura que ingerindo os alimentos certos, é possível se jogar nos blocos, trios, ou avenidas, com muita disposição.
Durante a bebedeira
Durante a folia, é importante intercalar o consumo de bebida alcoólica com água, água de coco ou até mesmo isotônicos. Ou seja, sempre que possível (ou sempre que precisar usar o banheiro), lembre-se de beber algo não alcoólico.
Além disso, beber devagar e de forma moderada também facilita o trabalho do fígado. Outra dica é evitar passar por longos períodos sem se alimentar. Portanto, faça paradas estratégicas para consumir boas fontes de carboidrato durante o evento.
Depois de beber
Depois de curtir quatro dias de folia, uma coisa é certa: a ressaca chega com tudo no dia seguinte e não perdoa ninguém. Resta a indisposição física e um desconforto que pode durar em média até três dias.
Sendo assim, Laís sugere o consumo de carboidratos complexos, como grãos integrais (linhaça, chia e amaranto) e sucos e frutas desintoxicantes como abacaxi, hortelã e gengibre. Assim, é possível ajudar na desintoxicação do corpo e principalmente, na eliminação das toxinas por diurese — substâncias que causam o inchaço.
Além disso, a profissional também indica suplementos a base de fosfatidilcolina, cardo mariano (silimarina), dente-de-leão, alcachofra, NAC, ácido lipóico, coenzima Q10 ajudam nos processos de detox do fígado.
Marina comenta ainda que o mais importante é caprichar na hidratação para repor água e também sais minerais (água de coco e isotônicos são ótimas opções).
"Priorizar alimentos leves, não industrializados e de digestão fácil, principalmente se houver desconforto abdominal. Consumir alimentos fontes de Zinco e Vitamina B3 parece acelerar a recuperação: proteínas magras, ovos, folhas e legumes, frutas, raízes e cereais são bem-vindos", recomenda.
Estou de ressaca. O que fazer?
A médica endocrinologista e metabologista Dra. Paula Pires destaca que não há nenhum remédio que cure ou acelere o metabolismo do etanol. Portanto, de nada adianta: banho frio, café, chás, produtos com cheiro forte ou qualquer outra medicação caseira. "O essencial é hidratação, carboidratos e bastante repouso", aconselha. Geralmente, a ressaca melhora até o final do dia.
A endocrinologista explica que alguns medicamentos podem aliviar os sintomas (analgésicos, antiácidos ou anti-histamínicos). Enquanto que sucos, água-de-coco e isotônicos (sem álcool) repõem água, sais minerais e vitaminas perdidos. Já o refrigerante não hidrata, mas ajuda contra a queda da glicose.
Ela destaca ainda que tomar medicamentos antirressaca tem pouco fundamento científico. "São drogas que misturam substâncias contra náuseas, analgésicos e cafeína, tentando amenizar alguns dos sintomas. Seu efeito não perdura muito e, além disso, alguns contêm antiinflamatórios ou aspirina, que irritam o estômago. A maioria não age sobre a desidratação, sobre a hipoglicemia, nem sobre a irritação que o acetaldeído provoca nas células", alerta a especialista.
Paula ressalta ainda que, além de não funcionar bem como prevenção, esses medicamentos podem estimular o indivíduo a beber mais, por sentir-se protegido contra os efeitos do consumo exagerado.