O Carnaval do Rio de Janeiro é um dos destinos mais cobiçados pelos solteiros. Mas há quem diga que curtir a folia com o parceiro é melhor ainda. É o caso dos cariocas Bruno Guimarães, de 35 anos, e Tiago Frederico, de 29, que ano passado utilizaram o recesso para descansar no interior de Minas, mas caíram na folia fluminense este ano.
“O Tiago gosta de Carnaval, mas vem mais porque eu realmente curto muito, então, ele me acompanha. Mas a gente se diverte muito junto, independente de Carnaval. Amamos sair juntos e aproveitar os bloquinhos”, afirma o engenheiro Bruno. Tiago confessa: “Eu até gosto da curtição, mas prefiro ficar mais distante do furdunço, curtir os blocos mais de longe. Ano passado, consegui roubar ele (Bruno) da folia do Rio e fomos para um chalézinho em Itamonte. Mas, quando resolvemos ir para a festa por aqui, investimos em fantasias e gostamos de curtir em casal”.
O namorado da carioca Mariana Polonini, de 23 anos, também não curte tanto a festa de rua, mas isso não foi empecilho para ela deixar de aproveitar a festa com as amigas: “Como ele gosta menos de Carnaval do que eu, eu vim ao bloco e ele não. Namorar no Carnaval é a mesma coisa de namorar nas outras épocas do ano: ter confiança. O outro pode fazer o que ele gosta sem você estar presente, e tá tudo bem”, afima a publicitária.
A designer Letícia Rumjanek, de 41 anos, também costumava passar o Carnaval com os amigos mas, este ano, trouxe o estadunidense Myles Schnorbus, de 34 anos: “Acho que ele não vai ter o pique para aguentar o tanto que eu aguento quando tô sozinha, então estamos indo com mais calma”. O casal se conheceu numa viagem à Patagônia e passou a trocar correspondências. Há sete anos estão namorando e moram no Rio, mas nunca conseguiram passar o Carnaval juntos na cidade porque Myles é engenheiro do Cirque du Soleil e está sempre em viagens nessa época. “É o meu primeiro Carnaval no Rio de Janeiro, e estou achando muito divertido. É um pouco como festa na universidade”, brinca o estadunidense.
O Rio também foi a escolha de quem nunca nem tinha pisado em solo tupiniquim: os argentinos Franco Moncy, de 26 anos, e Anabel Martinez, de 26, namoram há dois anos e vieram ao Brasil especialmente para o Carnaval. “Em todas as cidades na Argentina temos Carnaval, mas não como aqui, que é tão grande, com tantas pessoas pelas ruas, com blocos e cores vibrantes”, diz a terapeuta ocupacional. “É lindo, bem diferente do que conhecemos. Estamos gostando muito, principalmente por estarmos namorando, nunca tínhamos ido ao Carnaval juntos, mesmo em nosso país”.
Namorar no Carnaval também pode servir para outro propósito: “militar” juntos. Foi assim que o casal de psicólogos Regina Lordello, de 23 anos, e Rodolfo Brandão, de 29, justificou a fantasia. “Ter alguém para lutar pelos mesmos ideais, dar importância às causas que você acredita é maravilhoso. Para mim, estar namorando no Carnaval é perfeito”. Regina conta que a inspiração da fantasia foi a música “Pescador de Ilusões”, do Rappa: “Meu namorado está de pescador e eu estou representando as ilusões que o povo deste país começou a acreditar. Meritocracia? Terra Plana? Kit gay? Essas coisas não existem”. Juntos há cinco meses, eles acreditam que o Carnaval é um espaço de visibilidade para levar à população questionamentos sobre a atualidade. “Carnaval é arte, e é na arte que a gente se expressa e pela arte que temos que falar sobre o que nos incomoda”, declara a psicóloga.
O casal de gaúchos Fabiana Bobik, de 23 anos, e Lucas Becker, de 25 anos, também escolheu os adereços deste Carnaval pensando em fazer uma crítica social. “O comentário de Damares sobre menino veste azul e menina veste rosa é realmente uma piada, então achamos uma boa ideia nos vestir disso esse ano”, afirma a advogada. Já virou tradição: todo ano a fantasia é escolhida à dedo pelos dois, que sempre pensam em fazer algo criativo e passam, há três anos, o Carnaval no Rio. “Somos muito parceiros, bebemos juntos, nos divertimos juntos. Estamos na mesma vibe”, afirma a advogada. “A gente curte junto, não incomoda ninguém e não nos metemos em confusão”, completa o analista de sistemas.