O Sambódromo do Rio conteve na noite de segunda-feira a respiração por alguns minutos diante de um novo incidente com um carro alegórico, lembrando o acidente do dia anterior que deixou 20 feridos mas que, por sorte, foi apenas um susto que não impediu que seguisse adiante o grande espetáculo que ofereceram as escolas de samba.
A União da Ilha abriu os desfiles na Marquês de Sapucaí, lotado em sua última noite de Carnaval, com um espetáculo em homenagem a Kitembo, a força universal do tempo.
Seu quinto carro alegórico, o penúltimo, uma monumental alegoria de 40 toneladas sobre que desfilavam 30 pessoas, teve problemas para entrar na pista do Sambódromo, hoje contando com maior presença de policiais e bombeiros.
Durante vários minutos, dezenas de membros da escola ajudaram a movimentar o carro, que esteve a ponto de chocar contra a grade onde aconteceu o acidente da noite de domingo.
A gigantesca torre cambaleou para percorrer os 700 metros da pista, mas um problema técnico a parou no final do circuito e, ao tentar forçar a saída, se chocou com uma bandeira da emissora de TV "Rede Globo".
O incidente não deixou feridos, mas provocou uma grande confusão e obrigou a dispersar os 3,5 mil membros da escola que participaram do desfile.
"Isto é um crime", lamentou o presidente da escola, Ney Filardi, que desmaiou e deixou o Sambódromo em uma ambulância.
Mesmo assim a escola conseguiu terminar o desfile no tempo previsto - 75 minutos -, e quase não atrasou o início da apresentação da São Clemente, mas será penalizada pelos juízes, assim como a Paraíso do Tuiuti.
Na noite de domingo, o último carro alegórico da Tuiuti perdeu o controle no início do percurso e provocou um acidente com 20 feridos.
As dimensões dos carros, que podem chegar a medir mais de 8 metros e pesar até 40 toneladas, transformam em quase impossível a realização da manobra para entrar na pista do Sambódromo.
Dezenas de policiais e bombeiros estão na área de acesso à pista para evitar que aconteça um novo acidente, mas o risco é muito alto já que centenas de pessoas, em sua maioria técnicos e colaboradores das escolas, organização e jornalistas, ficam amontoados neste trecho.
Após o incidente, o desfile recuperou o ritmo e o Sambódromo se rendeu à fantasia e ao mar de cores que tomaram a pista com a São Clemente, que levou ao público a opulência de Versalhes com uma montagem do Rei Sol.
Em seguida entrará a Mocidade Independente de Padre Miguel, com uma evocação de "As Mil e uma Noites", centrada em Marrakesh, que promete aquecer ainda mais a temperatura da noite.
O repertório se completará com "Unidos da Tijuca", uma das escolas mais antigas do Rio, fundada em 1931, que elegeu um espetáculo sobre a "música da alma" que unirá personagens tão diferentes como o brasileiro Pixinguinha e o americano Louis Armstrong através de baladas, pop e até rock and roll.
Já varando a madrugada, duas das escolas favoritas, Portela e Mangueira, se encarregarão de encerrar o Carnaval de 2017 na Sapucaí, a primeira com um passeio pelos grandes rios do mundo e suas culturas, e a última elogiando todos os santos.
A Mangueira fechará, com chave de ouro, a disputa das 12 principais escolas do Carnaval carioca, cuja campeã será conhecida na quarta-feira.
No final do dia, o Sambódromo terá recebido cerca de 200 mil espectadores e por sua pista terão desfilados mais de 60 mil pessoas desde o início do Carnaval, na última sexta-feira.
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