'Pede Caju': samba da Mocidade cai nas graças do povo a um mês do carnaval

Escola da comunidade de Padre Miguel viralizou com música escrita por Marcelo Adnet

11 jan 2024 - 05h00
(atualizado às 11h16)
Resumo
A Mocidade Independente de Padre Miguel levou ao primeiro lugar entre as músicas virais no Rio de Janeiro um samba-enredo em homenagem ao caju. Leve e bem humorada, a letra que grudou na cabeça do povo foi escrita por Marcelo Adnet.
Marcelo Adnet é um dos compositores do samba-enredo
Marcelo Adnet é um dos compositores do samba-enredo
Foto: AG News

Se a Mocidade é a cara do Brasil, como canta a escola da Vila Vintém em seu samba-enredo, nada melhor que celebrar uma fruta 100% brasileira. Com o tema "Pede caju que dou… pé de caju que dá!", a verde e branca empolgou os foliões cariocas e levou a canção ao primeiro lugar entre as músicas virais no Rio de Janeiro antes mesmo do carnaval começar. 

O tema escolhido pela agremiação homenageia o caju, que já estava por aqui antes mesmo da chegada dos colonizadores portugueses. A letra leve e cheia de trocadilhos bem humorados parece ter sido uma fórmula perfeita para grudar na cabeça do povo. E há quem diga que, mesmo com problemas técnicos, a Mocidade Independente de Padre Miguel ferveu a Sapucaí no desfile-teste do último domingo, 7.

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Nas redes sociais, muita gente elogiou a canção escrita por Paulinho Mocidade e Marcelo Adnet, em parceria com Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax.

"Esse samba virou uma celebração da própria felicidade em vivenciá-lo", escreveu um folião no X (antigo Twitter), em resposta a um vídeo da escola de samba na Marquês de Sapucaí.

Outro usuário da rede social exaltou a Mocidade e a empolgação do público durante o ensaio técnico. "O povo vive o carnaval e pulsa samba no Rio. O ensaio técnico da Mocidade é a prova disso", opinou. 

Samba-enredo empolgou Sapucaí durante ensaio técnico no domingo, 7
Foto: AG News

A impressão foi a mesma para quem estava lá. O russo Grigory Plakhotnikov, de 29 anos, garante que nem os problemas enfrentados pela agremiação com os equipamentos atrapalharam a emoção do público com o samba-enredo.

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"Ninguém entendeu a demora para a escola sair mas, apesar de cansado, o público cantou muito, coisa que não acontece sempre", contou. 

Para ele, que atua como guia de turismo no Brasil há dois anos, o mais interessante do tema é o fato de ser uma fruta tipicamente brasileira em uma festa que se tornou a representação do Brasil. Salgueirense de coração, Grigory admite: "Vi as reações do público e posso dizer que a Mocidade segue grande". 

"Meu caju, meu cajueiro"

O gostinho único do caju e seu formato diferenciado passeiam pelo imaginário do povo não é de agora. A música popular brasileira já usou a fruta como recurso para falar de amor, por exemplo. Quem não cantou o verso "pele macia / ai / carne de caju!" do pernambucano Alceu Valença? 

Com a Mocidade não foi diferente. Os compositores da escola aproveitaram o enredo sobre a fruta para dar um tom pessoal, bem humorado e de duplo sentido ao samba. "O puro suco do fruto do meu amor" e "se a polpa é desse jeito, imagina a castanha" são alguns dos versos marcantes. 

A obra também reverencia o movimento tropicalista. Na sinopse divulgada pela Mocidade, eles explicam: "Nosso recado carnavalizado tá na mesa: o redemoinho antropofágico da Tropicália cravou os dentes também em carne de caju".

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A alusão ao movimento iniciado na década de 1960 fica clara no verso "é tropicália, tropicana, cajuína", que menciona também os sucessos de Alceu Valença e Caetano Veloso. 

Suco de bom humor 

O samba-enredo viral chamou atenção pelo humor e criatividade, mas também pelo nome de um dos seus compositores. O humorista Marcelo Adnet assina a obra com o veterano Paulinho Mocidade, além de Diego Nicolau, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Gigi da Estiva, Lico Monteiro e Cabeça do Ajax.

A descoberta da participação do ex-Globo é uma surpresa completa para alguns foliões.

"Não sabia que o samba da Mocidade era do Adnet. Divertidíssimo e muito bom", exaltou um usuário no X. Outro elogiou: "Marcelo Adnet foi uma das melhores 'aquisições' da Mocidade". 

Marcelo Adnet leva filha para ensaio técnico da Mocidade
Foto: Reprodução Instagram

No entanto, a relação que parece curiosa para alguns, na verdade, faz parte da vida de Adnet há anos. Em 2020, o artista venceu a disputa pelo samba-enredo em três escolas de samba de São Paulo: Dragões da Real, Gaviões da Fiel e Rosas de Ouro. Já no Rio de Janeiro, sua cidade natal, ele emplacou "O conto do vigário", samba-enredo feito para a São Clemente naquele ano. 

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Adnet também se tornou carnavalesco em 2022 pela Agremiação Botafogo Samba Clube, do Grupo Especial da Intendente Magalhães, na Zona Norte do Rio.  

Mocidade no carnaval de 2024

A escola da Vila Vintém fez seu ensaio técnico no último domingo, 7, e enfrentou diversos problemas com equipamentos de som. A pedido da agremiação, a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa) marcou mais um desfile-teste para a Mocidade. A verde e branca fará seu segundo ensaio técnico no dia 21, às 18h30, na Marquês de Sapucaí. 

A Mocidade Independente de Padre Miguel será a primeira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, dia 12 de fevereiro. A apresentação vai marcar também a estreia de Fabíola Andrade como rainha de bateria. O carnavalesco da escola é Marcus Ferreira, o puxador é Zé Paulo Sierra, e o mestre de bateria, Dudu Oliveira.

Ouça samba-enredo da Mocidade:

Fonte: Redação Terra
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