Puxador campeão tenta volta por cima no Grupo de Acesso

Após faturar título com o Salgueiro, Quinho recomeça na Império da Tijuca

15 fev 2015 - 07h03
(atualizado às 07h05)

Cantar durante uma hora e meia e levar sua escola ao título do grupo especial. A vida do puxador, ou intérprete de samba-enredo não é fácil. Mas às vezes é preciso voltar para a parte de baixo para tentar reconquistar seu espaço. É o que aconteceu este ano com Quinho. Campeão pelo Salgueiro no famoso “Peguei um Ita no Norte” em 1993 e com “Tambor” em 2009, o cantor foi demitido no meio do ano e está recomeçando como apoio de Pixulé na Império da Tijuca no Grupo de Acesso. “Não se pode ter vaidade nessa profissão”, disse Quinho ao Terra pouco antes de entrar na avenida.

Como um cantor a mais no grupo da Império da Tijuca, sem roupa diferente, Quinho ouviu a preleção de um diretor como um novato. Quando Pixulé começou a cantar, esperou ser chamado para o seu primeiro “Ai, que lindo! Que lindo!”, uma de suas marcas registradas. Mas sua primeira intervenção de verdade encontrou o microfone muito baixo. Normal. O do cantor principal é sempre mais alto. “Estou aqui para somar e sonhar com a volta do Império ao grupo especial”, disse.

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Quinho está completando em 2015 33 anos de carnaval. “Sou uma pequena peça da engrenagem da escola. Só se é primeiro quando sua escola ganha”, afirmou. Mas depois de ser campeão em 2009, Quinho reclamou da direção do Salgueiro. Ao invés de ser demitido, teve que dividir o microfone da escola com Leonardo Bessa e Serginho do Porto. Ano passado, apoiou uma candidatura de oposição no Salgueiro e acabou demitido. Teve propostas da Estácio de Sá e outras escolas, mas acabou optando por ser apoio na Império da Tijuca. “Temos vários cantores de escola grande que vem apoiar escolas do acesso. O importante é estar na avenida”, disse.

Outro que conhece bem esse mundo é Ito Melodia, cantor da União da Ilha. “Foram nove anos de grupo de acesso até ter a chance no grupo especial”, disse, que ano passado foi escolhido como o melhor intérprete do grupo especial. Quinho e Ito são crias da Ilhas e se conhecem bem. Ito é filho de Aroldo Melodia, um dos mais famosos cantores da década de 70 e 80. “Sei o que é ter uma segunda chance no mundo do samba. O importante é saber aproveitar”, disse o cantor, creditando à mulher a fase. “Estou em uma fase que nem preciso cantar para ter a Sapucaí comigo”, comenta antes de desfilar como apoio da bateria da Santa Cruz.

No grupo de acesso Quinho não é o único campeão. O veterano Dominguinhos do Estácio, campeão pela Estácio, Viradouro e Imperatriz, canta em sua escola de coração como primeiro, embora a voz principal seja o jovem Leandro Santos. Preto Jóia, outro campeão no especial com a Imperatriz canta na Cubango, de Niterói. Outros como David do Pandeiro, da Santa Cruz, e Ronaldo Yllê, da Curicica também já foram cantores de escola grande e esperam uma nova chance. 

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Fonte: Terra
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