Criado nas ruas e para as ruas, o carnaval da capital baiana tem enfrentado um crescimento de camarotes e o monopólio das grandes marcas de cervejarias. No entanto, este ano, a segregação aumentou. Quem curtiu a folia no circuito Barra-Ondina se deparou com a 'Passarela do Apartheid', que revelou que os tempos são outros.
Com as cores rosa e letras homenageando os 40 anos do Axé Music, a construção tinha como objetivo transportar os clientes do morro Ipiranga até o camarote Glamour. Após denúncias e repercussão nas redes sociais, o local foi interditado no dia 27 de fevereiro.
Para a deputada federal Olívia Santana, essa construção reforça a desigualdade durante o carnaval. “A passarela do camarote que foi batizada como passarela do apartheid é um exemplo de exclusão. O que deveria juntar, na verdade, é uma exclusão” diz ao Terra.
E adiciona: “é uma ponte para que a alta burguesia não se misture com os pretos, com os pobres de uma cidade como Salvador”, conclue.
Outro personagem que se manifestou foi o cantor Russo Passapusso, que compartilhou em suas redes um vídeo denunciando a estrutura do local. No material, é possível visualizar a fragilidade da estrutura.
Apesar de toda movimentação, o prefeito da capital baiana, Bruno Reis, defende a estrutura.
É mais um ganho para o Carnaval, um diferencial. Passarela não causa nenhum prejuízo para a população. Pelo contrário, só beneficia. São mais de 8.000 pessoas que ganham outro acesso aos camarotes. Medida traz mais conforto para quem está assistindo aos desfiles”, afirmou o político. A passarela não foi utilizada durante o carnaval da capital baiana.