Na casa de Jaguarecema Cardoso, 34, a tradição de desfilar nos blocos afros durante o carnaval de Salvador começou com seu pai, um ancião e um dos diretores do Afoxé Filhos de Gandhy. O bloco caminhou pelas ruas da capital baiana na última segunda-feira, 3.
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“Eu desfilo há mais de 20 anos. Meu pai é um dos organizadores do sempre busco trazer meus filhos. Hoje, trago meus filhos e espero que essa tradição continue atravessando as gerações.” conta Jagua. A carnavalesca esteve com seus três filhos e familiares durante a saída dos Filhos de Gandhy.
O bloco também faz parte da vida de Marcus Fontes, que há 13 anos desfila nas ruas de Salvador como Gandhy. No entanto, há dois anos, ele passou a contar com uma companhia especial: seu filho de quatro anos. “Esse é o segundo ano que trago ele. A experiência tem sido incrível, ele adora o Gandhy e socializar, ele ama estar com pessoas”, sorrir.
Quem também em breve será veterana no afoxé é Sofia Lima, 13, que, após muitos pedidos, conseguiu convencer o pai, Ivanildo Lima, 43, a se juntar ao bloco. A jovem conta gostar muito do grupo. “Eu to gostando, tô pedido a ele desde 2023 para sair como filha de Gandhy e este ano ele decidiu comprar. Ta sendo um sonho realizado”, conta.
Há 28 anos desfilando no bloco, o pai da pequena conta que, a partir de agora, a filha não perderá mais nenhum carnaval no grupo. “Pretendo trazer-lá todos os anos, é muito importante manter a tradição viva”, conclui.
Os Filhos de Gandhy foi fundado em 1949 e, atualmente, conta com mais de 10 mil integrantes, consolidando-se como o maior afoxé do carnaval de Salvador. Composto exclusivamente por homens, o bloco é inspirado pelos princípios de não-violência e paz do ativista indiano Mahatma Gandhi. Sua tradição religiosa de matriz africana se manifesta nos cânticos de ijexá, executados na língua iorubá e ritmados pelo som do agogô.