Deputados pedem que Tarcísio e Nunes punam Vai-Vai com bloqueio de recursos públicos

Políticos ligados à PM reclamam de desfile da escola de samba, que colocou pessoas fantasiadas de policiais do Choque com alusão ao demônio

13 fev 2024 - 12h52
(atualizado às 13h22)
Na dispersão, integrantes da Vai-Vai comemoram fim de desfile e retorno da escola ao Grupo Especial do carnaval de São Paulo em meio ao cansaço e a dores físicas.
Na dispersão, integrantes da Vai-Vai comemoram fim de desfile e retorno da escola ao Grupo Especial do carnaval de São Paulo em meio ao cansaço e a dores físicas.
Foto: Felipe Iruatã/Especial para o Terra

O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) e o deputado estadual Dani Alonso, do mesmo partido, enviaram ofícios ao governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e ao prefeito da capital Ricardo Nunes cobrando que os dois adotem medidas para punir a escola de samba Vai-Vai por conta do desfile do último sábado, 10. Os políticos querem que a agremiação seja impedida de receber recursos púbicos tanto da prefeitura como do Estado no próximo ano.

"Proponho que a escola de samba Vai-Vai seja proibida de receber qualquer forma de recurso público no próximo ano fiscal, como forma de sanção pela conduta irresponsável e ofensiva demonstrada. Tal medida não apenas servirá de punição apropriada, mas também como um claro sinal de que ofensas contra as instituições e profissionais de segurança não serão toleradas em nosso estado", diz ofício para Tarcísio de Freitas. O mesmo pedido foi enviado a Nunes.

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A escola foi a primeira a desfilar nesse sábado, 10, no sambódromo do Anhembi, em São Paulo. A agremiação levou o enredo "Capítulo 4, versículo 3 - Da Rua e do Povo, o Hip Hop: Um Manifesto Paulistano". Uma das alas era composta por pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque. Eles usavam chifres e asas vermelho-alaranjadas, fazendo alusão a demônios. A associação com a PM ja havia provocado protestos entre policiais e políticos.

"A que ponto chegamos?", questionou o deputado Alberto Fraga (PL-DF), presidente da bancada da bala e 1º vice-presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara. O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) reclamou do desfile, dizendo que a escola "tratou com escárnio a figura de agentes da lei".

Em nota divulgada na segunda-feira, 12, a escola de samba diz que levou para a avenida o enredo Capitulo 4, Versículo 3 - Da rua e do povo, o Hip Hop - Um manifesto paulistano.

"Como o próprio nome diz, tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos - breaking, graffiti, MCs e DJs. Além disso, o desfile buscou homenagear e dar vez e voz aos muitos artistas excluídos que nunca tiveram seu talento e sua trajetória notadamente reconhecidos", diz a nota da escola.

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"Além disso, é de conhecimento público que os precursores do movimento hip hop no Brasil eram marginalizados e tratados como vagabundo, sofrendo repressão e, sendo presos, muitas vezes, apenas por dançarem e adotarem um estilo de vestimenta considerado inadequado pra época. Ou seja, o que a escola fez, na avenida, foi inserir o álbum e os acontecimentos históricos no contexto que eles ocorreram, no enredo do desfile".

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