Leitor, dê uma olhada nas suas redes sociais e veja se há muitos posts de amigos sobre as novelas do momento. Provavelmente serão poucos – ou nenhum.
Os memes e os virais também não falam dos folhetins. Assim como não há referência a eles nos rankings de assuntos mais comentados.
Tudo gira em torno de política. A frenética disputa pela presidência da República domina a vida real e também a virtual.
Só se fala disso nos bares, pontos de ônibus, filas nos aeroportos, a bordo dos Ubers, no cafezinho das empresas, na sala da maioria das casas brasileiras e na internet.
‘Segundo Sol’ exibe momentos decisivos. A audiência subiu, mas a repercussão entre os telespectadores está muito distante da registrada por outras novelas em fase de reta final.
Esse desdém atinge outras produções da TV aberta. A situação política do Brasil se tornou tão eletrizante – oscilando entre o dramático e o burlesco – que ofuscou o gênero de teledramaturgia mais apreciado no País.
O slogan do humorístico ‘Zorra’ define o momento: ‘Tá difícil competir com a realidade’. O faroeste eleitoral hipnotizou o público.
Até os programas vespertinos que dedicavam horas sem fim a analisar as novelas passaram a dar mais destaque a outros assuntos, como os intermináveis barracos de ‘A Fazenda’, que lembram as acaloradas discussões sobre política entre rivais nesta campanha presidencial.
O bang-bang protagonizado por Bolsonaro e Haddad transformou em coadjuvantes os heróis e vilões da TV. Tempos novelescos.