100 Dias | Travessia histórica de Amyr Klink vira filme de Carlos Saldanha: 'O Brasil vai ter orgulho'

Filme biográfico estrelado por Filipe Bragança vai relatar histórica travessia de Amyr Klink pelo Atlântico Sul; Terra acompanhou filmagens

10 set 2024 - 12h19
(atualizado em 11/9/2024 às 11h48)
Resumo
Amyr Khan Klink se tornou a primeira pessoa a atravessar o Atlântico Sul a remo em 1984, inspirando o filme '100 Dias'.
Amyr Klink com o ator Filipe Bragança.
Amyr Klink com o ator Filipe Bragança.
Foto: Adriano Vizoni/Divulgação

Em 1984, o brasileiro Amyr Khan Klink fez o impensável. Ele se tornou a primeira pessoa a atravessar o Atlântico Sul a remo, um trajeto que demorou 100 dias para ser feito entre 12 de junho e 19 de setembro daquele ano. A travessia solitária cobriu quase sete mil quilômetros, entre Lüderitz, na Namíbia, e Camaçari, na Bahia, e não foi a única. Depois, ele realizou expedições para a Antártica e fez circum-navegações na Terra por duas vezes. Agora, sua história já surreal ganha ares cinematográficos com "100 Dias", filme sobre sua história dirigido por Carlos Saldanha

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Rodado entre Paraty–RJ e estúdios fechados em São Paulo–SP, onde um tanque gigante faz as vezes do oceano em um dos prédios da Sabesp, o filme tem poucas pessoas no elenco além do navegador solitário, interpretado por Filipe Bragança ("Meu Sangue Ferve por Você", "Elas por Elas"). 

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Em uma das diárias de filmagens, que o Terra acompanhou em São Paulo, Filipe foi dirigido por Saldanha em uma cena interna do barco. Na cena em questão, Amyr Klink enfrentava uma intensa tempestade, que jogava o barco de um lado para o outro e o obrigava a se proteger no único ambiente fechado da embarcação. 

Para Filipe, viver o personagem é uma oportunidade intensa de se desafiar ainda mais na profissão.

"Tenho tido não só o privilégio de encontrar oportunidades que me ofereçam esses desafios de interpretar personagens totalmente diferentes, mas esse sempre foi o meu desejo enquanto ator", declara em entrevista ao Terra. "Meu mergulho no Amyr tem sido a preparação mais intensa que já vivi, e o processo de filmagem não só de maior responsabilidade para mim enquanto ator, mas também um dos mais intensos que já vivi. É muito cansativo, mas foi uma preparação muito completa."

Filipe Bragança, sobre interpretar Amyr Klink em '100 Dias'

Aos 23 anos, Filipe conta que passou períodos em que ficou completamente recluso em sua própria casa a fim de entender a solidão de Amyr Klink durante a viagem. Além da pesquisa em livros e registros históricos, ele conta que fez aulas de remo e que a preparação envolveu dieta e uma rotina de exercícios físicos diários que o fez perder 10 quilos para o papel. 

Nos bastidores de '100 Dias', efeitos práticos simulam chuva e tempestade
Foto: Laysa Zanetti/Terra

"Agora, cá estou eu, com 10 quilos a menos, interpretando esse personagem, me batendo na dieta e no foco, sonhando muito com um rodízio de comida japonesa, uma pizza, um hambúrguer", brinca. "Mas isso eu vou deixar para quando a filmagem acabar. Tem sido intenso, mas eu estou muito feliz, porque acredito que esse filme vai ser sensacional. O nosso povo, o Brasil, vai ter muito orgulho de perceber que o nosso cinema está produzindo coisas assim."

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Jornada particular de Amyr Klink

Inspirado diretamente no livro "Cem Dias entre o Céu e o Mar", lançado por Klink em 2005, o filme toma a liberdade de expandir um pouco a narrativa.

"O filme aborda outras questões para além do que está no livro, onde ele narra justamente a travessia do Atlântico realizada em 1984", contextualiza Bragança.

"O filme traz outras perspectivas, a relação dele com a família e como a travessia pode, talvez, ser uma maneira dele se reconhecer e fugir um pouco da sombra do pai, com quem ele tinha uma relação complicada. Como essa travessia, na verdade, talvez simbolize algo muito maior do que o que pode parecer para alguém que só lê o livro, no qual ele é muito bem-sucedido em narrar essa viagem. O filme traz o simbolismo do significado maior, e talvez isso tenha sido o que mais me instigou."

Sob o olhar de Filipe, a jornada traçada por Amyr no filme vai além da travessia física do Atlântico Sul. "É poder entender essa jornada não só como uma travessia de um ponto a outro, de cruzar um oceano, mas talvez que esse oceano seja interno, um 'oceano pessoal'", reflete o ator.

Um longa solitário

Filipe Bragança caracterizado em primeira imagem oficial de '100 Dias'
Foto: Fabio Braga/ Pivô Audiovisual

Como se trata de um filme praticamente solitário e que demanda certo rigor técnico devido à quantidade de cenas no oceano, a dinâmica é nova até mesmo para Filipe.

"É um filme muito técnico, a gente não consegue filmar exatamente tudo de maneira cronológica, então tem sido uma experiência nova para mim também, entender como fazer um filme como esse funcionar. Agora eu sou o único no elenco",

disse, explicando que as diárias continuariam assim durante mais um mês.

"Tivemos duas semanas de filmagens com outros atores, pessoas da família do Amyr, mas isso é uma fração relativamente pequena do filme, que se distribui por inteiro em forma de flashbacks. Mas 80% do filme é só o Amyr."

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Falando especialmente sobre a cena que o Terra acompanhou, Bragança explica que é um processo extenso. 

"Estamos há duas semanas filmando somente o interior da cabine do barco, com todas as tractanas e os efeitos práticos para fazer chuva, para fazer sol, para fazer o balanço do barco. Hoje, no início da manhã, a gente estava numa tragédia impressionante que fazia o barco girar por completo comigo lá dentro, no momento em que o Amyr estaria passando por uma tempestade de uma semana."

A estruturação disso, é claro, parte da direção. O duas vezes indicado ao Oscar Carlos Saldanha assume a direção do filme logo após lançar nos cinemas "Harold e o Lápis Mágico", live-action com Zachary Levi sobre um aventureiro que consegue dar vida a qualquer coisa ao desenhá-la.

"O Carlos é um diretor extraordinário, porque ele tem muita clareza do filme que quer contar, da maneira que quer contar essa história, e eu acho que toda a equipe está muito alinhada. Ele tem isso muito bem convencido, e eu me sinto muito abraçado. Apesar desse formato não-convencional de filmagem, conseguimos ter clareza porque criamos uma unidade muito forte entre a equipe para fazer tudo funcionar."

O filme é produzido pelo Ventre Studios, com coprodução da Star Original Productions, distribuição da Star Distribution e previsão de estreia em 2025 nos cinemas. Fazem parte da equipe Elena Soarez (“Casa de Areia”) e Thais Tavares no roteiro, Marcela Altberg (“Elis”) no casting, Rodrigo Monte (“Senna”) na direção de fotografia, Cassio Amarante (“Xingu”) na direção de arte e produção liderada por Justine Otondo, João Queiroz e Paula Cosenza, sócios do Ventre Studio.

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Fonte: Redação Entre Telas
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