Consagrado como o filme que definiu o gênero de 'found footage' nos cinemas, 'A Bruxa de Blair' já passou por algumas tentativas de sequências ou refilmagens, mas há quem não esteja muito satisfeito com isso. Agora, atores Heather Donahue, Joshua Leonard e Michael Williams declararam uma espécie de 'guerra' contra a Lionsgate, estúdio que detém a franquia. Os três pedem uma "compensação mais robusta por seu trabalho no blockbuster de 1999", e deseja ser consultado em eventuais futuros filmes ou projetos que usem 'A Bruxa de Blair' como base.
Em entrevista concedida à revista Variety e publicada nesta quarta (12), os três reforçam ter sido deixados de lado dos lucros financeiros da produção, e pedem uma compensação monetária por isso. Durante a produção do filme, cada um deles teria recebido apenas US$ 500 por semana, durante as duas semanas de filmagens. Na época, os diretores e roteiristas Daniel Myrick e Eduardo Sánchez treinaram os atores para que eles soubessem operar as câmeras e os equipamentos de som, uma técnica que conferiu mais realismo ao longa dentro do gênero de "imagens encontradas".
A declaração é uma resposta ao anúncio feita pela Lionsgate e pela Blumhouse em abril deste ano, sobre o planejamento de revitalizar a franquia com um novo filme no universo de 'A Bruxa de Blair'. Segundo o diretor Adam Fogelson, da Lionsgate, trata-se de uma nova visão que pretende reapresentar o clássico a uma nova geração. Vale destacar que a Lionsgate adquiriu os direitos do filme em 2003, quando comprou a distribuidora independente Artisan Entertainment.
"Fomos cortados de algo com que estávamos muito ligados desde a criação", desabafou Donahue.
"Eu estava animado para o aniversário de 25 anos. Havíamos agendado algumas convenções, é bom conversar com os fãs. Eu estava bem animado, e aí veio esse anúncio", contou.
Quanto eles ganharam da Lionsgate?
Segundo uma carta aberta lançada anteriormente pelos atores, cada um deles embolsou US$ 300 mil após a aquisição dos direitos do filme, que arrecadaria posteriormente o montante de US$ 248 milhões mundialmente. Os três recordam ainda que o longa foi filmado em duas semanas, com falas improvisadas e restrição orçamentária, e eles usaram seus próprios nomes para os personagens.
O que eles querem é receber uma parcela residual dos lucros obtidos através da propriedade intelectual 'A Bruxa de Blair'. Os atores pedem o equivalente ao que seria pago a eles mediante um acordo fechado com o SAG-AFTRA, sindicato dos atores de Hollywood, caso os três fossem representados pela entidade na ocasião.
"Tenho vergonha de ter deixado isso acontecer comigo", desabafa Williams. "Todos se perguntam o que aconteceu, e a sua mulher está na fila do mercado e não consegue pagar as compras porque o cheque voltou. Você está no filme independente de maior sucesso no mundo, e não consegue tomar conta das pessoas que ama."
A Lionsgate, que não se manifestou ainda sobre o assunto, já fez algumas tentativas de revitalizar 'A Bruxa de Blair'. Em 2016, uma sequência surpresa arrecadou US$ 45 milhões globalmente, e um Escape Room segue em operação até os dias de hoje em Las Vegas, nos EUA.
Em 'A Bruxa de Blair', um grupo de três jovens cineastas desaparece ao entrar em uma floresta de Maryland para gravar um documentário sobre uma lenda local. Anos depois, a câmera que usavam é encontrada. O longa está disponível para streaming no Telecine.