"Não existe amor em SP", já cantava Criolo na música homônima de sucesso. Porém, Baby, segundo longa de Marcelo Caetano (Corpo Elétrico), transcende os limites dessa falta de amor na selva de pedra em um conto urbano queer, que chega aos cinemas a partir desta quinta-feira, dia 9 de janeiro.
A novidade acompanha a jornada de Wellington (João Pedro Mariano), um jovem que descobre a si mesmo em meio à dureza e à beleza da vida em São Paulo. Apelidado de Baby, ele transita entre sua vulnerabilidade e resiliência em sua luta por um lugar no mundo.
Mais do que apenas uma história de sobrevivência, Baby ainda explora a complexa relação do personagem-título com Ronaldo (Ricardo Teodoro, vencedor do prêmio de Melhor Ator Revelação no Festival de Cannes em 2024), um homem que o acolhe, guia, protege e também o desafia. Diante deste vínculo, que surge inesperadamente, o longarevela a sua força ao transformar a dureza das ruas em palco para um romance autêntico e visceral.
O maior trunfo de Babyreside exatamente na recusa em fazer de sua trama um filme de aceitação ou preconceito. Em vez disso, Caetano se aprofunda na complexidade de seus personagens, explorando-os de forma mais humana e singela, demonstrando imenso carinho por eles.
Ronaldo é composto por uma dicotomia entre dureza e sensibilidade. A maneira como o homem, anos mais velho que Baby, acolhe o jovem traduz uma generosidade que o mundo lhe negou. Essa escolha narrativa permite que a produção vá além da redução a um "filme LGBQTIAPN+", oferecendo uma rica discussão sobre o que significa ser humano em meio ao caos urbano. Ver isso, em uma cidade como São Paulo servindo como pano de fundo, é tocante.
Neste ponto, a estética de Babytambém merece destaque. A fotografia transforma o centro dessa São Paulo marginal em um personagem vivo, com sua paleta de cinzas pontuada por momentos de cor e vida. Cada frame é cuidadosamente construído para transmitir as emoções dos personagens e a dinâmica do espaço que os cerca. Caetano cria uma metrópole que é tanto um espaço de opressão quanto de encontros inesperados e liberdade. Esse contraste visual fortalece a narrativa, tornando-a ainda mais melodramática.
Ao final, Babyabraça as incertezas e os movimentos de uma cidade que nunca para. Marcelo Caetano entrega uma obra que explora solidão, desejo e resistência, firmando-se como um diretor que entende profundamente seus personagens e as histórias que deseja contar.
Ao contrário de outras histórias LGBTQIAPN+, que frequentemente romantizam ou fatalizam a marginalização, Babyencontra equilíbrio ao capturar tanto as dores quanto os momentos de liberdade de seus personagens. É um filme que não apenas observa seus protagonistas, mas os humaniza, recusando-se a reduzi-los a estereótipos; eé um convite a enxergar a beleza e a melancolia de quem busca não apenas sobreviver, mas viver em paz com seu coração. Afinal, fica claro que existe, sim, amor em SP.
Especial de cinema da Rolling Stone Brasil
O cinema é tema do novo especial impresso da Rolling Stone Brasil. Em uma revista dedicada aos amantes da sétima arte, entrevistamos Francis Ford Coppola, que chega aos 85 anos em meio ao lançamento de seu novo filme, Megalópolis, empreitada ousada e milionária financiada por ele próprio.
Inabalável diante das reações controversas à novidade, que demorou cerca de 40 anos para sair do papel, o cineasta defende a ousadia de ser criativo da indústria do cinema e abre, em bom português, a influência do Brasil em seu novo filme: "Alegria".
O especial ainda traz conversas com Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello sobre Ainda Estou Aqui, um bate-papo sobre trilhas sonoras com o maestro João Carlos Martins, uma lista exclusiva com os 100 melhores filmes da história (50 nacionais, 50 internacionais), outra lista com as 101 maiores trilhas da história do cinema, um esquenta para o Oscar 2025 e o radar de lançamentos de Globoplay, Globo Filmes, O2 Play e O2 Filmes para os próximos meses.
O especial de cinema da Rolling Stone Brasil já está disponível nas bancas de jornal, mas também pode ser comprado na loja da editora Perfil por R$ 29,90. Confira:
LEIA A CRÍTICA ORIGINAL EM:Baby prova que há amor em uma São Paulo marginal; leia a crítica
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- Baby (9 de janeiro)
- Babygirl (9 de janeiro)
- A Semente do Fruto Sagrado (9 de janeiro)
- Maria Callas (16 de janeiro)
- Aqui (16 de janeiro)
- Conclave (23 de janeiro)
- Anora (23 de janeiro)
- 5 de setembro (30 de janeiro)
- Emilia Pérez (6 de fevereiro)
- Better Man: A História de Robbie Williams (6 de fevereiro)
- Capitão América: Admirável Mundo Novo (13 de fevereiro)
- Branca de Neve (20 de março)
- Um Filme Minecraft (4 de abril)
- Mickey 17 (18 de abril)
- Thunderbolts* (1º de maio)
- Jurassic World: Renascimento (3 de julho)
- Superman (10 de julho)
- Quarteto Fantástico: Primeiros Passos (24 de julho)
- Tron: Ares (9 de outubro)
- Wicked Para Sempre (20 de novembro)