Babygirl é thriller erótico tímido, que provoca até certo limite; RS já viu

Longa que rendeu a Nicole Kidman o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza em 2024, chega aos cinemas brasileiros a partir de quinta-feira (9)

9 jan 2025 - 17h37
Babygirl é thriller erótico tímido, que provoca até certo limite; leia a crítica
Babygirl é thriller erótico tímido, que provoca até certo limite; leia a crítica
Foto: Divulgação/Diamond Films Brasil / Rolling Stone Brasil

Em tempos nos quais os jovens reclamam cada vez mais das cenas de sexo nos filmes e séries, Babygirl pode ser visto como um produto provocador para muitos. No entanto, aos mais acostumados, o thriller erótico da diretora Halina Reijn, de Morte Morte Morte (2022), não ultrapassa os limites de um gênero que rendeu ótimas fitas nas décadas de 1980 e 1990, como Corpos Ardentes (1981), Atração Fatal (1987) e Instinto Selvagem (1992), entre tantas outras.

Nos últimos anos, o erotismo chegou ao cinema por meio de adaptações de obras literárias populares entre jovens adultos, como as trilogias Cinquenta Tons de Cinza e 365 Dias, que possuem tramas frágeis, geralmente problemáticas, e que investem em uma estética soft de videoclipe nas cenas de sexo.

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Babygirl, portanto, surge como uma rara tentativa de ousar — artística e narrativamente -— em uma indústria cada vez mais conservadora. Porém, apesar de suas ambições temáticas e estéticas, o longa de Reijn tropeça ao limitar seu potencial provocativo em favor de um acabamento mais seguro e convencional.

Na história, Romy (Nicole Kidman, De Olhos Bem Fechados) é uma executiva que conquistou seu posto como CEO com muita dedicação. O mesmo se aplica à sua família e ao seu casamento com Jacob (Antonio Banderas, A Pele que Habito). Entretanto, tudo o que ela construiu é posto à prova ao se ver envolvida em um caso perigoso e proibido com seu estagiário Samuel (Harris Dickinson, Beach Rats), muito mais jovem que ela. 

Babygirl se apresenta como uma exploração das dinâmicas de poder, desejo e repressão sexual. A Romy de Kidman é uma mulher bem-sucedida, mas frustrada sexualmente, que reprime desejos sexuais profundos sob uma fachada de controle. Ela não goza com o marido e precisa recorrer à masturbação pós-sexo para "chegar lá".

Seu olhar sobre Samuel (Dickinson), seu jovem estagiário, que surge como um instigante objeto de desejo, inverte a típica dinâmica voyeurista masculina dos thrillers eróticos, conferindo à narrativa um ponto de vista feminino inegavelmente interessante.

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Contudo, a obra hesita em explorar plenamente essa inversão de papéis. A tensão sexual, embora palpável em momentos isolados, é frequentemente suprimida por escolhas que evitam a provocação mais explícita, criando um produto que flerta com o gênero, mas nunca mergulha completamente em suas águas. Reijn até parece comprometida em explorar o desejo de Romy, mas o foco recai mais sobre seu sofrimento e repressão do que sobre sua libertação.

Explico. Quando o filme finalmente sugere que a protagonista irá se render ao prazer, a montagem apressada esconde essas cenas, resultando em uma narrativa que contradiz sua própria proposta. Afinal, ela não tem o direito ao prazer? Nós, como espectadores de sua libertação, não temos direito de vê-la gozando? Isso é, ela chega lá?

Em vez de oferecer um olhar genuíno e visceral sobre o prazer feminino, Babygirl se contenta em apenas tocar na superfície, desperdiçando uma ótima oportunidade em vista da entrega genuína de Nicole Kidman ao papel que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Veneza de 2024.

Ainda assim, Babygirl possui momentos intensos. A relação inicial entre Romy e Samuel é marcada por uma tensão crescente que, embora contida, é eletrizante. Algumas cenas isoladas, como a sequência no quarto de hotel, revelam o potencial de Reijn em capturar o erotismo e os jogos de poder que definem o gênero.

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No entanto, tais cenas são esparsas e deixam a sensação de que a diretora, ao tentar equilibrar uma abordagem mais feminista e contemporânea com a provocação do thriller erótico, acaba não satisfazendo completamente nenhum dos lados, terminando seu filme mais como uma tentativa tímida de transgressão em tempos tão retrógrados do que como uma obra que verdadeiramente desafia ou excita o espectador.

Especial de cinema da Rolling Stone Brasil

O cinema é tema do novo especial impresso da Rolling Stone Brasil. Em uma revista dedicada aos amantes da sétima arte, entrevistamos Francis Ford Coppola, que chega aos 85 anos em meio ao lançamento de seu novo filme, Megalópolis, empreitada ousada e milionária financiada por ele próprio.

Inabalável diante das reações controversas à novidade, que demorou cerca de 40 anos para sair do papel, o cineasta defende a ousadia de ser criativo da indústria do cinema e abre, em bom português, a influência do Brasil em seu novo filme: "Alegria".

O especial ainda traz conversas com Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello sobre Ainda Estou Aqui, um bate-papo sobre trilhas sonoras com o maestro João Carlos Martins, uma lista exclusiva com os 100 melhores filmes da história (50 nacionais, 50 internacionais), outra lista com as 101 maiores trilhas da história do cinema, um esquenta para o Oscar 2025 e o radar de lançamentos de Globoplay, Globo Filmes, O2 Play e O2 Filmes para os próximos meses.

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O especial de cinema da Rolling Stone Brasil já está disponível nas bancas de jornal, mas também pode ser comprado na loja da editora Perfil por R$ 29,90. Confira:

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