Cineasta que tenta vaga no Oscar chama Bolsonaro de fascista

Aly Muritiba tem o longa ‘Deserto Particular’ escolhido para representar o Brasil na disputa por nomeação na categoria Melhor Filme Estrange

17 out 2021 - 11h52

A 94ª cerimônia do Oscar vai acontecer no dia 27 de março em Los Angeles. A Academia Brasileira de Cinema escolheu o filme ‘Deserto Particular’ como postulante do Brasil a uma das 5 vagas na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Os indicados serão anunciados em 8 de fevereiro.

Aly Muritiba quer fazer de seu filme uma ferramenta para se discutir tolerância em tempos de extremo radicalismo
Aly Muritiba quer fazer de seu filme uma ferramenta para se discutir tolerância em tempos de extremo radicalismo
Foto: Fotomontagem: Blog Sala de TV

No e-mail de divulgação da escolha do longa pelo comitê brasileiro, o diretor Aly Muritiba faz uma contextualização política e social. “Desde 2016, com o golpe que tirou do poder uma presidenta democraticamente eleita (Dilma Rousseff), minha geração, formada depois da Ditadura Militar, enfrenta o momento mais dramático de sua existência”, afirma.

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“O país afundou numa espiral de ódio que culminou com a eleição de um fascista como presidente. Depois da eleição de Jair Bolsonaro, todas as minorias, mulheres, indígenas, a comunidade LGBTQIA+, negros, entre outros, passaram a ser sistematicamente perseguidas, e o país se dividiu entre o sul conservador e o norte e nordeste progressista”, prossegue.

“Essa época de ódio me motivou quando decidi sobre o que seria meu próximo filme. Faria uma obra sobre encontros. Nesse momento de ódio, resolvi fazer um filme sobre o amor”, diz o cineasta. Ele vê a seleção de ‘Deserto Particular’ como “um recado de crença no cinema, e de crença no poder transformador da tolerância”. “Um Brasil que está muito mais disposto ao encontro, ao sorriso e ao prazer do que à disputa, à guerra, à raiva e ao ódio”, conclui.

Ganhador do Prêmio do Público na Mostra Venice Days do Festival de Veneza, ‘Deserto Particular’ relata a história de Daniel (Antonio Saboia), um policial marcado por um erro profissional. Filho dedicado, cuida do pai doente. Mantém uma relação por aplicativo com Sara, uma mulher do sertão baiano. Para ressignificar sua vida, ele parte em busca dessa figura misteriosa, mas não será fácil encontrá-la – e reencontrar a si mesmo.

Daniel (Antonio Saboia) parte em uma jornada pelo interior da Bahia e, ao mesmo tempo, faz um mergulho em si mesmo
Foto: Divulgação

O longa fará estreia brasileira na 45ª Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, e chegará aos cinemas em 25 de novembro. Baiano de Mairi, Aly Muritiba, 42 anos, ganhou prêmio no Festival de Sundance, em 2013, pelo roteiro de ‘O Homem que Matou a Minha Amada Morta’. Seu curta ‘A Fábrica’ foi semifinalista do Oscar no mesmo ano. Em 2018, o longa ‘Ferrugem’ levou o Kikito de Melhor Filme no Festival de Gramado.

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Muritiba dividiu com Michelle Chevrand a direção da série documental ‘O Caso Evandro’, disponível no Globoplay. A produção mostra desdobramentos da investigação e do julgamento sobre o desaparecimento do garoto Evandro Ramos Caetano, ocorrido em 1992, no Paraná. O caso teve ampla repercussão na imprensa e ganhou outra perspectiva após a descoberta de novas provas.

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