"Two and a Half Men" foi uma das séries mais emblemáticas no imaginário social dos espectadores dos anos 2000, e até hoje reverbera na cultura popular como uma produção responsável por determinar paradigmas no humor televisivo.
O que você talvez não saiba sobre ela, no entanto, é que por trás de seus bastidores tivemos ameaças de morte, barracos, confusões, polêmicas, controvérsias, e um cenário de fato destrutivo.
E o mais peculiar é que tudo isso se conecta com o novo lançamento de seu criador, Chuck Lorre, "Bookie", que conta justamente com Charlie Sheen no elenco. Mas para explicar isso, é preciso voltar do início.
No ano de 2003 ia ao ar "Two and a Half Men", com criação de Chuck Lorre e o trio de protagonistas contando com Charlie Sheen, Jon Cryer e o pequeno Angus T. Jones.
Com uma premissa simples, apresentando o mulherengo Charlie recebendo seu irmão Alan e o sobrinho Jake pra morar com eles, a série foi abraçada especialmente pelo público masculino norte-americano na faixa dos 20 a 40 anos, mas por trás daquilo tudo o set de filmagens era um caos completo.
A começar por Charlie Sheen que era um para-raio de problemas, fosse por causa do seu comportamento desleixado no set, sempre chegando atrasado e às vezes indo gravar embriagado, ou por causa das suas polêmicas na vida pessoal.
Ícone do humor nos anos 90 e 2000, Charlie Sheen sempre foi conhecido em Hollywood por seu estilo de vida explosivo e caótico, e isso certamente refletiu na série, tornando o processo de desenvolvimento complicado.
Em um cenário comum, ele seria substituído, mas Charlie Sheen era praticamente a alma da série. Era impossível imaginá-la sem ele. Sabendo disso, ele pedia por aumentos cada vez maiores até chegar a bater um recorde na televisão, recebendo a impressionante quantia de um milhão de dólares por episódio em 2008.
Pouco tempo depois, Sheen também foi internado numa clínica de reabilitação pelo seu vício em drogas e só aceitou voltar se o salário dele dobrasse: 2 milhões de dólares por episódio.
Em um acordo, eles chegaram ao valor de 1.78 milhão, mas não parecia ser o suficiente. Charlie Sheen começou a agir de maneira desafiadora e começou a criticar publicamente o dono da série, que era o Chuck Lorre.
Nas entrevistas, ele dizia que Chuck não sabia comandar uma série como essa, e que a série não seria nada sem sua presença. E o resultado? Charlie Sheen foi finalmente demitido no ano de 2011, mas agora uma outra polêmica estava por vir: a decisão de continuar a série sem ele com uma escolha no mínimo questionável.
Ashton Kutcher assumiu o papel principal da série enquanto a trama deu conta de matar o personagem de Charlie sem muita explicação, e a queda de qualidade foi notável.
Já nos primeiros meses da nova fase da série, Kutcher foi acusado de roubar uma piada de uma comediante e um processo chegou a rolar por baixo dos panos enquanto Chuck Lorre tentava segurar as pontas de todas as maneiras possíveis.
Isso sem contar que um ano antes a série precisou suspender as gravações com público ao vivo porque Jon Cryer, intérprete do Alan, começou a receber ameaças de morte da sua ex-mulher. As ameaças pareciam tão consistentes que o FBI foi acionado para investigar a possível contratação de um assassino de aluguel para matar o ator.
Como se não fosse o suficiente, Angus T. Jones, intérprete do Jake, também passou a atacar a série mesmo sendo contratado fixo. Ele entrou para o coletivo de uma igreja e começou a pregar para que as pessoas parassem de assistir "Two and a Half Men" imediatamente, chamando a série de imunda e se intitulando “um hipócrita pago”.
Obviamente, ele foi afastado do elenco e a trama da série passava a sofrer cada vez mais por causa daquela situação que já estava começando a se tornar insustentável.
Então Chuck Lorre optou por finalmente dar fim ao sofrimento e encerrar de uma vez por todas "Two and a Half Men". Ele estava disposto a contar com Charlie Sheen de volta para uma participação especial, e chegou a fazer o convite, mas Charlie bateu o pé de que só iria participar se o final fosse do jeito que ele pediu pra ser.
No fim das contas, a série conseguiu ter um encerramento ainda mais bizarro do que o esperado: eles revelam que Charlie na verdade não havia morrido, mas estava sendo mantido em cativeiro por sua stalker Rose, mas assim que ele consegue fugir do cativeiro, um piano o atinge e aí ele meio que morre pela segunda vez, deixando a herança toda pro seu irmão Alan.
O final esquisito deixou um gosto meio agridoce pras pessoas, mas de uma forma ou outra foi o fim de uma grande referência na cultura popular. Atualmente, o comandante da série Chuck Lorre, está com uma série na HBO Max chamada "Bookie" e surpreendentemente, provando que as reviravoltas não terminam nunca, Angus T. Jones, que chamou "Two and a Half Men" de imunda, participa dela, assim como Charlie Sheen, que escorraçou Chuck na mídia.
Não se pode necessariamente dizer que é um final feliz, mas é certamente um final com todo o espírito caótico e peculiar de "Two and a Half Men". E você, o que acha? Deixe aqui nos comentários sua opinião e nos siga nas redes sociais para mais conteúdos.