'Deadpool e Wolverine' repete fórmula da Marvel em filme vazio de história e fraco em propósito; leia a crítica

Aguardada reunião de Ryan Reynolds e Hugh Jackman até diverte, mas peca pelo cansaço e pela indecisão entre ironia e subversão.

23 jul 2024 - 19h00
(atualizado em 24/7/2024 às 12h11)
Imagens de "Deadpool e Wolverine", novo filme da Marvel com Ryan Reynolds e Hugh Jackman
Imagens de "Deadpool e Wolverine", novo filme da Marvel com Ryan Reynolds e Hugh Jackman
Foto: Marvel Studios/20th Century Studios/Divulgação

Em uma das primeiras cenas de "Deadpool e Wolverine", Wade (Ryan Reynolds) se encontra com Happy Hogan (Jon Favreau) para pedir uma vaga nos Vingadores. O herói justifica seu desejo: ainda que faça piada sobre tudo, é alguém que se importa. Mas quando Hogan diz que os Vingadores existem porque são necessários, e não por serem importantes, Wade insiste, dizendo que não quer ser eternamente um "pônei de um truque só" (ou seja, alguém que tem apenas uma habilidade para exibir durante toda a sua vida). Apesar deste aceno para um desejo de aprofundamento, "Deadpool e Wolverine" segue o caminho inverso e mostra que, talvez, a Marvel de fato não tenha mais do que um único artifício na manga para encantar o seu público.

Afinal, estamos falando de um filme que leva para as telas uma parceria há muito aguardada pelos fãs dos personagens nos quadrinhos. É a primeira vez que o público verá o Mercenário Tagarela e os X-Men em um filme do Universo Cinematográfico Marvel, com todas as possibilidades e obrigações que isso acarreta. A expectativa em torno da união de Deadpool e Wolverine, materializada na amizade de Ryan Reynolds e Hugh Jackman, foi o suficiente para carregar a divulgação do filme nas costas, diante do tanto que se falou sobre o assunto em publicações nas redes sociais. Mas isso não basta para sustentar um filme de pouco mais de duas horas; é necessário um pouco mais de substância.

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Essa tal substância até chega, mas não de uma maneira corajosa o suficiente para provar que não estamos diante de "pôneis de um truque só". Antes de mais nada, "Deadpool e Wolverine" talvez seja exatamente o que se espera de um filme da Marvel neste momento, pois é uma obra que não se compromete a definir o futuro de qualquer personagem que não sejam aqueles importantes para a história. A escolha de não fazer malabarismos para criar conexões mirabolantes com outros heróis daquele universo de fato é um respiro aliviado após tiros falhos como os de "Doutor Estranho no Multiverso da Loucura" e "As Marvels"

Imagens de "Deadpool e Wolverine", novo filme da Marvel com Ryan Reynolds e Hugh Jackman
Foto: Marvel Studios/20th Century Studios/Divulgação

Mesmo assim, o que resta é um filme vazio de propósito e de emoção. O cerne da história, cujo objetivo é salvar o universo de Wade de uma ameaça de destruição criada apenas para justificar a existência do filme, não se sustenta nos próprios eixos de conflitos, uma vez que não há uma ameaça substancial em momento algum da história. Toda a jornada do Deadpool para sobreviver e conseguir salvar o próprio universo é apenas uma desculpa para jogar mais participações especias vazias e teoricamente nostálgicas para um público que, a esta altura, anda bem carente de boas adaptações de heróis. 

As próprias participações especiais são, em si, um capítulo à parte de tristeza. Ainda que o filme tente fazer cada um daqueles personagens importar e ter uma história particular, tudo soa como uma tentativa cínica de preencher os vazios do roteiro, que sofre para criar uma conexão entre os protagonistas, mesmo que Jackman consiga, como sempre, imprimir peso e verdade a qualquer versão do Wolverine.

Imagens de "Deadpool e Wolverine", novo filme da Marvel com Ryan Reynolds e Hugh Jackman
Foto: Marvel Studios/20th Century Studios/Divulgação

A impressão que fica, diante de um filme de estruturas formulaicas e repetitivas, é que, sem essas pequenas aparições, sequer haveria material o bastante para preencher metade do filme. Impulsionado por uma vilã que também não tem conexão alguma com os objetivos do protagonista, ou sequer um motivo plausível para ficar em seu caminho, temos um filme que precisa repetir as mesmas piadas e os mesmos embates entre Deadpool e Wolverine para preencher a tela em momentos cruciais. 

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Imagens de "Deadpool e Wolverine", novo filme da Marvel com Ryan Reynolds e Hugh Jackman
Foto: Marvel Studios/20th Century Studios/Divulgação

Junte tudo isso e terá a equação perfeita para um filme da Marvel que segue à risca a cartilha do selo, embora finja não o fazer. Você até vai encontrar ali bastante piadas sobre o quanto a Saga do Multiverso não funcionou, sobre o estúdio estar em uma "fase ruim" e sobre o excesso de aparições gratuitas. Mesmo assim, não verá ali elemento algum que subverta todas essas figurinhas repetidas. Indeciso entre satirizar ou subverter o gênero de heróis, "Deadpool e Wolverine" não consegue fazer nenhum dos dois. 

Dirigido por Shawn Levy e estrelado por Ryan Reynolds e Hugh Jackman, "Deadpool e Wolverine" chega aos cinemas do Brasil em 25 de julho. 

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Fonte: Redação Entre Telas
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