Dustin Hoffman é alvo de nova acusação de assédio sexual

"Eu nunca vou me esquecer", disse a escritora e roteirista Wendy Riss Gatsiounis sobre o incidente.

3 nov 2017 - 15h23

Depois de ser acusado de ter cometido assédio sexual contra uma adolescente de 17 anos na década de 1980, o ator Dustin Hoffman voltou a ser alvo de mais uma controvérsia envolvendo má conduta contra mulheres.

Foto: Pascal Le Segretain/Getty Images / AdoroCinema

A escritora Wendy Riss Gatsiounis, roteirista das séries Reign e The Killing, contou ao site Variety que foi assediada pelo ator vencedor do Oscar por Rain Man e Kramer vs. Kramer. Segundo o relato da autora, o caso ocorreu em 1991.

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Na época, Riss Gatsiounis era uma aspirante a dramaturga com um promissor trabalho nas mãos. Ela esperava que sua peça, chamada A Darker Purpose, fosse adaptada para os cinemas e teve um encontro com Hoffman e com o roteirista Murray Schisgal, que trabalhou com o ator em Tootsie.

Na época, a autora tinha 20 anos de idade e Hoffman tinha 53. No primeiro encontro para discutir o projeto, Schisgal a perguntou se ela tinha um namorado ou marido e foi repreendido por Hoffman. O trio conversou sobre o texto de Riss Gatsiounis e sugeriu que ela reescrevesse alguns trechos visando transformar aquele rascunho em um roteiro para cinema. Ela conta que na segunda reunião com o ator e o roteirista, o protagonista de A Primeira Noite de Um Homem estava mais interessado em fazer investidas sexuais do que em tratar de negócios.

"Eu entrei no escritório e desta vez Dustin Hoffman estava realmente diferente", disse a autora. "Ele me disse, 'Antes de você começar, deixe-me fazer uma pergunta, Wendy. Você já teve intimidade com um homem com mais de 40 anos?'". Incomodada, a escritora conta que tentou rir da situação para disfarçar sua irritação com o comentário. 

"Eu nunca vou me esquecer. Ele deu um passo para trás, abriu seus braços e disse: 'Seria um corpo completamente novo para explorar'. Eu estava tentando voltar ao meu texto e realmente falar da minha peça. Então, Dustin Hoffman se levanta e diz que precisa comprar umas roupas perto de um hotel ali na região e perguntou se eu queria ir. Ele disse: 'Vamos lá, venha para esse hotel aqui perto'", relatou Riss Gatsiounis.

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Ela afirmou ainda que Shisgal insistiu que ela deixasse o escritório com Hoffman. "Estava completamente nervosa. Não sabia como lidar com aquela situação", relata. Depois de negar sucessivamente a proposta do ator, a reunião acabou."Dustin Hoffman finalmente foi embora porque eu estava dizendo que não iria para o hotel. Então Murray Schisgal me disse, 'Olha, nós realmente não estamos interessados na sua peça porque está muito film noir'. E foi isso"

Riss Gatsiounis contou que, assim que a reunião terminou, ligou para sua agente e relatou o caso "quase chorando". Ela afirmou que passou anos duvidando de si mesma por ter enfrentado um episódio tão incômodo causado por um de seus "heróis". "Tudo o que aconteceu foi uma enorme fonte de tormento para mim", conta.

A autora afirma que se sentiu encorajada a falar publicamente do assunto depois que diversas mulheres quebraram o silêncio e falaram sobre casos de estupro, assédio e má conduta sexual do infame produtor Harvey Weinstein, que era uma das figuras mais influentes nos bastidores de Hollywood até que os relatos ganharam as manchetes dos principais jornais do mundo e o executivo foi demitido do estúdio que fundou  e expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas e do sindicato de produtores dos Estados Unidos (PGA, na sigla em inglês).

Procurado pela Variety, um porta-voz de Hoffman se negou a comentar o assunto. Schisgal enviou um comunicado ao site. "Dustin Hoffman e eu tivemos vários encontros com roteiristas e dramaturgos durante muitos anos. Eu não lembro desse encontro ou de nenhum dos comportamentos ou ações descritas", alegou.

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