Em Avenue 5, série da HBO dirigida por Armando Iannucci, Hugh Laurie, o eterno Doctor House, é o capitão Ryan Clark, capitão do cruzeiro espacial Avenue 5, que parte em uma viagem de 8 semanas em torno do Saturno. Ambientada 40 anos no futuro, essa viagem espacial tem tudo para dar certo até a nave passar por dificuldades técnicas. É então que Ryan e sua tripulação precisam acalmar os passageiros insatisfeitos e encontrar uma maneira de driblar os obstáculos, com um time que não está nada preparado.
Na trama, Lenora Crichlow é Billie McEvoy e Ethan Phillips é Spike Williams, uma engenheira e um ex-astronauta, respectivamente. Em material enviado com exclusividade para o Portal Terra, a dupla comentou os bastidores de gravações da série, como foi trabalhar com o brilhante diretor e mais detalhes de suas personagens. Confira abaixo.
O que mais te chamou atenção em ‘Avenue 5’?
Ethan Phillips: Quando eu li o roteiro, eu comecei a rir e isso é muito raro. Eu estava uivando e quase caindo da cadeira. E eu lembro da minha esposa perguntar, ‘o que é tão engraçado?’. Eu fiz alguns episódios de ‘Veep’, então o Armando me conhecia, quando eu fiz o teste (para Avenue 5). Eu estava muito emocionado.
Lenora Crichlow: O que me atraiu foi Armando. Não sabia de mais nada. Eu teria feito café no set! Tudo que ele toca é tão inteligente e engraçado, e parece tão orgânico e original. Eu não me lembro de querer algo tanto. Não sabia como Billie seria (sua personagem), mas eu só queria fazer parte disso.
Como foi trabalhar com Armando Iannucci?
LC: Parte do brilhantismo dele é que todo mundo consegue participar. Não consigo superar com como tudo foi colaborativo. Porque ele tem uma grande equipe o apoiando, você conseguia entender completamente quando ele dizia, ‘escuta, eu sei, mas esse é o jeito que faremos’, mas ele é colaborativo. Todo mundo se sentiu muito valorizado, importante e escutando, e nós fazíamos um workshop de nossas cenas e ensaiávamos. Ele coloca o tom e é muito criativo. Nós raramente gravamos duas vezes a mesma coisa. O elenco é cheio de gênios que sabem improvisar, você ficava alerta o tempo todo. Não sei como isso é para os editores, mas para nós, foi hilário.
EP: Você nunca sabe o que pode acontecer. Ele deixa todos fazerem a cena e então você pode improvisar ou então tentar pensar em algo na hora. Todo mundo começa a fazer as sugestões e algumas funcionam. Ele faz com que você se sinta como o Robin Williams, como se você pudesse fazer tudo que quisesse, sem nenhuma pressão. Foi um lugar muito tranquilo para se trabalhar.
Como ‘Avenue 5’ é diferente do seu trabalho anterior?
EP: A semelhança é que é muita coisa em jogo, mas as pessoas estão brigando sobre senhas. Mas ele nunca fez nada no espaço antes e tem muito material para satirizar que não é político. Não conseguia acertar minhas falas porque eu estava sempre rindo muito. Mesmo as coisas que não foram usadas eram impagáveis.
LC: Você consegue dizer que é um trabalho feito por ele. É uma espiada por trás das cortinas, ou folhear algo. Quando eu estou assistindo algo de Armando Iannucci, eu sempre me sinto como, ‘Eu não deveria estar assistindo isso’. Tem esse elemento em ‘Avenue 5’, mas ela se passa no futuro, o que é novo para ele. Ele consegue projetar essa ideia de mundo e é muito instigante, porque ninguém pode dizer como será.
O que você pode nos contar sobre seu personagem?
EP: Spike Williams tem muitas questões mas ele não sabem que tem. Ele acha que é muito importante. Ele foi o quinto canadense a andar em Marte mas ninguém liga. Ele é um cara que gosta de se drogar, um cara com muitos problemas que acha que é o dono da festa. Ele está no cruzeiro espacial como uma celebridade. É como se eles tivessem tentado convidar um dos grandes astronautas mas só conseguiram alguém da lista das subcelebridades. Eles pensam, ‘bom, tem esse cara que andou em Marte há 30 anos, e ele está disponível e é barato’, e é assim que ele acaba no cruzeiro espacial. Ele sabe um pouco sobre navegar no espaço, então às vezes ele tem sua serventia. Mas esse cruzeiro espacial está além de sua capacidade. Acho que ele está genuinamente feliz que a viagem vá durar um tempo porque ele já esteve no espaço e ele gosta, não acho que ele entenda que muita coisa está acontecendo na Terra. E ainda tem o ‘plus’ de que ele tem muitas drogas com ele e está rodeado de mulheres solteiras, então ele está na Disney.
LC: Billie é uma ponte entre os diferentes mundos porque ela é uma engenheira de verdade, mas ela transita entre ser a responsável porque o Capitão Ryan Clark (Hugh Laurie) é muito incapaz. Ele precisa dela para coisas técnicas, e ela precisa dele pelas habilidade interpessoais para que eles se complementem. Ela ficaria muito feliz com seu laptop, mas ela teve que se destacar e ter mais liderança. Billie tem que aprender a diferença entre quando ser real e honesta e quando ajudar, ser útil. Se dependesse dela, ela só falaria para todos, ‘olha, é isso, nós provavelmente vamos morrer aqui’. Não ajuda!
Você inspirou seus personagens em alguém?
EP: Armando mencionou Buzz Aldrin (ex-astronauta) que é um cara muito cheio de si, eu acho, como um modelo, então eu assisti algumas coisas com ele.
LC: Os companheiros das minhas irmãs são cientistas, e quando eu os conheci no jantar de Ação de Graças, eles falaram sobre o mundo e sobre a raça humana de um jeito tão científico, disciplinado e cheios de princípios que eu só pensei, ‘ uau’. Eles falaram sobre a quantidade de tempo que eles acham que ainda temos na Terra e foi tão factual e sem emocionalmente desapegado. Aquilo me ajudou a encontrar o tom para Billie. Frequentemente quando estávamos ensaiando, os roteiristas estavam lá com a gente, anotando ideias. Eu fui muito inspirada por como as outras personagens enxergavam Billie. Era brilhante porque se preparar para uma personagem de TV quando você não tem todos os episódios é muito difícil, porque você não sabe o que vai acontecer com ela. Quando você ensaia com o elenco, você sabe o que os outros estão falando da sua personagem em segredo.
*Tradução de Larissa Godoy