Em Cannes para apresentar um projeto de filme sobre sua vida durante o festival de cinema que agita a Riviera Francesa, Pelé não se desligou totalmente dos assuntos do futebol e declarou à AFP que é "contra a privatização do Maracanã", que, segundo ele, deve ser "do povo, para o povo brasileiro".
"Não estou de acordo com o projeto", declarou o Rei, 72 anos, que foi muito assediado pelos fãs na Croisette, a famosa orla onde os turistas 'tietam' estrelas de cinema durante o festival.
O estádio, que será palco da final da Copa do Mundo de 2014, será administrado por 35 anos por um consórcio privado formado pela construtora Odebrecht, a empresa de marketing esportivo IMX, de Eike Batista, e a americana AEG, que atua no setor de entretenimento.
A assinatura do contrato chegou a ser suspensa um dia depois do anúncio do vencedor da licitação por conta de ilegalidades constatadas pelo Ministério Público, mas o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro acabou derrubando a liminar na última segunda-feira.
O Maracanã foi palco de um dos momentos mais emocionantes da carreira do jogador, seu milésimo gol, marcado com o Santos contra o Vasco no dia 19 novembro de 1969.
Pelé também reconheceu que houve alguns problemas na organização, mas disse acreditar que o País estará pronto para receber a competição.
O filme sobre o ex-craque começará a ser gravado em agosto no Rio e a estreia está prevista para junho de 2014, pouco antes da abertura da Copa, informaram os diretores, os irmãos americanos Michael e Jeff Zimbalist.
"A ideia é que chegue às telas algumas semanas antes do Mundial", explicaram os cineastas. Produzido por Brian Grazer, premiado no Oscar com filmes como Uma Mente Brilhante, o longa terá como foco a construção da lenda de Pelé, desde a infância, quando jogava usando laranjas como bolas, até os 17 anos, quando disputou a Copa da Suécia, em 1958, onde o Brasil conquistou seu primeiro título mundial.
Pelé preferiu não arriscar um palpite sobre o vencedor da Copa. "Ninguém pode saber. O Brasil tem os melhores jogadores, mas não sabe trabalhar como equipe, não joga como uma. Eles precisam aprender a jogar juntos", lamentou.
Sem criticar explicitamente a convocação de Luiz Felipe Scolari, que deixou Ronaldinho de fora da lista dos jogadores que vão disputar a Copa das Confederações, o Rei declarou que ao lado Neymar, o meia do Atlético Mineiro era o melhor jogador do Brasil na atualidade.
"Ronaldinho é um grande jogador e Neymar é um astro. Mas Neymar precisa ganhar mais experiência jogando fora do País", opinou. "Fora do Brasil, o melhor é o Messi", disse, sem surpresas, o eterno camisa 10 da seleção.