A animação de estreia da cineasta iraniana Sépideh Farsi visa contrapor o que ela diz ser a narrativa tradicional da Guerra Irã-Iraque como uma contribuição para apoiar os protestos em seu país.
'The Siren', ou 'A Sirene', que estreou na seção Panorama da Berlinale na quinta-feira, tem como pano de fundo a guerra que começou em 1980 e durou oito anos, ceifando até 2 milhões de vidas.
Farsi vive em Paris e está banida de sua terra natal desde 2009, após desafiar as restrições do governo para retratar a vida no país por meio de documentários e longas-metragens.
O filme conta a história de Omid, de 14 anos, que joga futebol e assiste a brigas de galos antes de sua cidade natal, Abadan, ser destruída pelas forças iraquianas.
Farsi estava determinada a contar uma história diferente do que ela disse que os governos do Irã haviam feito ao glorificar a guerra com filmes homenageando os mártires.
"As narrativas do regime, daquela guerra, são muito particulares", disse Farsi à Reuters.
"Eles meio que sequestraram aquela guerra e a revolução como sendo deles."
Farsi retrata a morte e a tristeza com intensidade expressionista, com mísseis explodindo em estradas, corpos espalhados pelos campos de batalha e uma refinaria de petróleo explodindo em chamas.
Ela disse que mostrar tais realidades da guerra é sua forma pessoal de resistência.
"Por isso é relevante para o que está acontecendo no Irã agora, porque agora temos uma revolução independente liderada por mulheres", disse.