Estreias | "Nosferatu" é primeiro destaque de cinema em 2025

Cinemas recebem apenas dois filmes nesta quinta, com "Encontro com o Ditador" voltado ao circuito limitado

2 jan 2025 - 10h09
(atualizado às 17h56)
Foto: Divulgação/Universal Pictures / Pipoca Moderna

Os cinemas recebem apenas dois filmes nesta quinta (2/1), com "Nosferatu" ocupando mais telas em circuito amplo e "Encontro com o Ditador" destinado ao circuito alternativo dos cineclubes. O filme do vampiro é o primeiro grande lançamento do ano. Sua estreia nos Estados Unidos, na semana passada, surpreendeu o mercado ao arrecadar US$ 40 milhões e receber apoio da crítica (87% de aprovação no Rotten Tomatoes), superando o desafio de refilmar um dos maiores clássicos da sétima arte.

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NOSFERATU

 

O clássico expressionista ganha cores esmaecidas e abordagem gótica na refilmagem de Robert Eggers ("A Bruxa"), um especialista em obras desconcertantes. Sua versão acrescenta momentos inéditos à história original, incluindo confissões lascivas da protagonista feminina, vivida por Lily-Rose Depp ("The Idol"), e não explora da mesma forma a aparência do vampiro do título, cuja deformidade marcou o cinema em 1922.

A trama é uma história de obsessão entre uma jovem assombrada (a filha de Johnny Depp) na Alemanha do século 19 e o antigo vampiro da Transilvânia que a persegue. O ator Bill Skarsgård ("Noites Brutais") vive a criatura. Além deles, o elenco também destaca Aaron Taylor-Johnson ("O Dublê"), Nicholas Hoult ("Renfield - Dando o Sangue pelo Chefe"), Emma Corrin ("Assassinato no Fim do Mundo"), Ralph Ineson ("A Bruxa"), Simon McBurney ("Carnival Row") e Willem Dafoe ("Pobres Criaturas"), que curiosamente interpretou Nosferatu em "A Sombra do Vampiro" (2000), uma dramatização das filmagens do clássico dirigido por F. W. Murnau há mais de um século.

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O filme de 1922 é uma obra-prima do expressionismo alemão, dirigido pelo mestre F.W. Murnau, que o concebeu como uma versão não autorizada de "Drácula", já que não tinha os direitos da obra original. Embora a refilmagem possa parecer uma heresia para cinéfilos, não é a primeira vez que o clássico ganha remake, já tendo sido refeito em 1979 pelo diretor alemão Werner Herzog, com o ator Klaus Kinski ("Fitzcarraldo") no papel do vampiro. Kinski ainda voltou a reviver Nosferatu no trash "Drácula em Veneza" (1988), que teve seu diretor demitido no meio das filmagens. A nova versão surpreende pela qualidade, justificando a exumação do primeiro vampiro dos longas cinematográficos.

 

ENCONTRO COM O DITADOR

 

O drama histórico aborda o regime de Pol Pot no Camboja, conhecido por sua ditadura sangrenta. Inspirado no livro de Elizabeth Becker, acompanha três jornalistas franceses convidados pelo Khmer Vermelho para uma entrevista exclusiva com Pol Pot em 1978. Ao chegarem, encontram um país aparentemente ideal, mas logo percebem a realidade sombria: o regime está em declínio, a guerra com o Vietnã se aproxima e um genocídio em larga escala é perpetrado secretamente. A jornada dos jornalistas se transforma em um pesadelo, desvendando as atrocidades escondidas.

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O diretor Rithy Panh consolidou sua filmografia explorando o genocídio do Khmer Vermelho. Antes de "Encontro com o Ditador" ele já tinha filmado cinco longas sobre o tema, com destaque para o mais incomum de todos, "A Imagem que Falta" (2013), em que usou animação em stop-motion de figuras de argila para narrar sua experiência durante o regime, em um trabalho profundamente íntimo e simbólico que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Documentário. Diferentemente de suas obras anteriores, o novo trabalho foca na manipulação internacional pelo Khmer Vermelho, revelando o contraste entre a propaganda do regime e a realidade de genocídio e opressão. Embora cada obra traga um enfoque distinto, todas compartilham o compromisso de Panh em preservar a memória histórica de uma das piores ditaduras da história da humanidade.

"Encontro com o Ditador" foi selecionado como representante do Camboja para o Oscar de Melhor Filme Internacional, mas não conseguiu indicação. O elenco principal conta com Irène Jacob ("A Dupla Vida de Véronique"), Grégoire Colin ("Cash") e Cyril Gueï ("Contratempos").

Pipoca Moderna
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