Estreias | Vilão do Homem-Aranha e astros do Globo de Ouro chegam aos cinemas

"Kraven - O Caçador" tem a estreia mais ampla desta quinta, que também passa a exibir "Um Homem Diferente" e "Queer"

10 dez 2024 - 05h21
(atualizado em 13/12/2024 às 17h06)
Foto: Divulgação/Sony Pictures / Pipoca Moderna

"Kraven - O Caçador" tem a estreia mais ampla desta quinta (12/12), buscando repetir o desempenho de "Venom - A Última Rodada" e não o fracasso de "Madame Teia", títulos mais recentes do Universo Marvel da Sony. Longe desse mercado de quadrinhos, o circuito intermediário recebe dois filmes indicados ao Globo de Ouro, "Um Homem Diferente" e "Queer". Os longas disputam as categorias de Melhor Ator de Comédia ou Musical com Sebastian Stan e Melhor Ator de Drama com Daniel Craig, respectivamente. Além destes, a programação também destaca o drama nacional "As Polacas" e a animação "A Outra Forma", entre um total de 10 lançamentos.

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KRAVEN - O CAÇADOR

 

O novo derivado dos quadrinhos do Homem-Aranha segue a tendência dos anteriores, com uma história de origem de anti-herói em vez de vilão, num filme abaixo da crítica. Para quem não conhece o personagem dos quadrinhos, Sergei Kravinoff, o Kraven, foi apresentado originalmente em 1964 como um imigrante russo e caçador de animais selvagens, que graças a um soro místico adquiria força super-humana. Depois de conquistar vários desafios, ele se torna obcecado em abater o Homem-Aranha para provar que é o maior caçador do mundo. Embora nunca tenha aparecido nos cinemas, o vilão já teve histórias icônicas, em particular "A Última Caçada de Kraven" de 1987, considerada a história mais sombria de toda a trajetória do Homem-Aranha - a resposta da Marvel ao "Cavaleiro das Trevas" - , que termina em suicídio. Uma paulada.

O longa conta uma história completamente diferente, ao apresentar Kraven como um rebelde que se volta contra as barbáries do pai gângster. Na trama, o jovem Kraven reluta em seguir os passos do pai caçador e mafioso, e tem o destino definido ao ser atacado por um leão durante uma caçada. Deixado para morrer pela própria família, ele se transforma - e não apenas de forma figurada. Em busca de vingança, ele passa a caçar o próprio pai, eliminando todos os chefes do sindicato do crime da família. O que não falta é violência. A produção é bem mais visceral que "Venom", "Madame Teia" e "Morbius", a ponto de justificar uma classificação R-Rated nos Estados Unidos - o primeiro filme do universo Marvel da Sony para maiores. No Brasil, a indicação etária é para 16 anos. Mas o roteiro simplório, aliado a efeitos visuais de liquidação e uma edição assassina, que leva às telas um filme diferente dos trailers, não deve agradar nenhum adulto que se preze. "Kraven" encerra a disputa sobre qual é o pior derivado do Homem-Aranha, deixando "Morbius" e "Madame Teia" a salvo desta má fama.

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O elenco destaca Aaron Taylor-Johnson ("Vingadores: Era de Ultron") totalmente sarado no papel-título, Ariana DeBose (vencedora do Oscar por "Amor, Sublime Amor") como a feiticeira Calipso, Fred Hechinger ("The White Lotus") como o irmão de Kraven (também conhecido como o vilão Camaleão nos quadrinhos), Russell Crowe ("Gladiador") como o pai de Kraven e Alessandro Nivola ("Os Muitos Santos de Newark") como ninguém menos que o Rino - diferente dos gibis, em que veste um traje especial, ele realmente se torna uma criatura no filme.

O roteiro é de Richard Wenk ("O Protetor"), e foi revisado por Art Marcum e Matt Holloway (dupla de "Homem de Ferro"). Já a direção está a cargo de JC Chandor ("Operação Fronteira").

 

UM HOMEM DIFERENTE

 

Um dos filmes mais premiados do ano traz Sebastian Stan ("Capitão América: O Soldado Invernal") irreconhecível como um homem deformado. Na trama, ele interpreta Edward, um aspirante a ator com neurofibromatose. O filme retrata sua transformação após uma cirurgia de reconstrução facial, levando-o a uma jornada de obsessão e autodescoberta. Embora Edward comece a receber elogios por sua nova aparência de galã, ele sofre um impacto ao descobrir que sua vida vai virar uma peça. Os problemas começam ao conhecer Oswald (Adam Pearson, de "Sob a Pele"), que o retrata na peça e passa a fazer mais sucesso que ele. Edward não aceita, já que Oswald se parece exatamente como ele era antes da cirurgia. Adam Pearson não usa maquiagem no filme, pois realmente sofre de neurofibromatose.

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Stan venceu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Berlim por seu desempenho no longa e concorre ao Globo de Ouro como Melhor Ator de Comédia ou Musical. Além disso, "Um Homem Diferente" venceu o Gotham Awards como Melhor Filme independente do ano. Roteiro e direção são de Aaron Schimberg ("Chained for Life", e o elenco também inclui Renate Reinsve ("A Pior Pessoa do Mundo"), C. Mason Wells ("Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou") e Owen Kline ("A Lula e a Baleia").

 

QUEER

 

O novo romance LGBTQ+ de Luca Guadagnino traz Daniel Craig ("007: Sem Tempo para Morrer") num desempenho que lhe rendeu indicação ao Globo de Ouro de Melhor Ator em Drama, como um gay idoso apaixonado por um jovem. O longa é adaptação do famoso romance homônimo de William S. Burroughs - escrito nos anos 1950, mas só publicado em 1985 devido à sua temática homossexual explícita. Craig interpreta William Lee, o o alter ego de Burroughs, um expatriado americano na Cidade do México dos anos 1950. Solitário e viciado em opiáceos e álcool, seu personagem tem a vida transformada ao conhecer Eugene Allerton, interpretado por Drew Starkey ("Outer Banks"), que lhe desperta uma intensa obsessão. O constante estado alterado do protagonista leva o espectador por uma narrativa que mistura romance e psicodelia, mesclando o tom de "Suspiria" com o romantismo de "Me Chame Pelo Seu Nome", ambos dirigidos por Guadagnino.

O elenco de "Queer" ainda inclui nomes como Lesley Manville ("The Crown"), Jason Schwartzman ("Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes"), o brasileiro Henrique Zaga ("Depois do Universo") e o cantor Omar Apollo, que faz sua estreia como ator. Além disso, o longa conta com uma trilha sonora composta pelos premiados Trent Reznor e Atticus Ross (dupla vencedora do Oscar por "A Rede Social" e "Soul"), e figurinos assinados pelo diretor criativo da Loewe, Jonathan W. Anderson, que já tinham trabalhado com o diretor italiano no recente "Rivais".

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AS POLACAS

 

O diretor João Jardim ("Getúlio") mergulha em uma parte pouco explorada da história brasileira: a imigração judaica no início do século 20 e o envolvimento de mulheres judias no mercado de prostituição no Rio de Janeiro. O drama acompanha a saga da polonesa Rebeca (Valentina Herszage, de "Mate-Me Por Favor"), uma mãe judia que chega ao Brasil fugindo da guerra com o filho pequeno em 1917. Porém, ao contrário das promessas de felicidade, a realidade que encontra no Rio de Janeiro é completamente diferente. Ela descobre que seu marido faleceu e acaba refém de uma grande rede de prostituição e tráfico de mulheres, chefiada por Tzvi (Caco Ciocler, de "Segundo Sol"). Sofrendo com sua condição, Rebeca encontra forças em outras mulheres que vivem o mesmo drama, planejando lutar por liberdade.

O elenco também destaca Dora Freind ("Medusa"), Clarice Niskier ("Me Chama de Bruna"), Amaurih Oliveira ("A Divisão"), Erom Cordeiro ("DNA do Crime"), Bruce Gomlevsky ("Desalma"), Otavio Muller ("O Jogo que Mudou a História") e a estreante em longas Anna Kufner. O roteiro é de Jacqueline Vargas ("Sessão de Terapia") e Flavio Araújo ("Os Outros"), com texto final de George Moura ("Onde Nascem os Fortes").

 

A OUTRA FORMA

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A animação do colombiano Diego Felipe Guzman ("Cuentos de Viejos") apresenta uma sociedade futurista onde a conformidade geométrica dita a posição social dos indivíduos. Nesse universo, a humanidade construiu um paraíso artificial quadrado na superfície da Lua, acessível apenas àqueles que possuem cabeças quadradas. Para se adequar, as pessoas submetem-se a prensas, aparelhos corretivos e cirurgias estéticas que moldam seus corpos em formas cúbicas. A trama acompanha um homem obcecado em se encaixar nesse padrão geométrico, enfrentando o dilema de se conformar ou liberar sua verdadeira forma interior. O filme é notável por ser desprovido de diálogos, conduzindo a história por meio de imagens e sons, o que intensifica sua crítica à sociedade contemporânea e à pressão para se encaixar em padrões estabelecidos.

A obra é uma coprodução entre Colômbia e Brasil, com participação do Estúdio GIZ, e foi premiada no Festival de Sitges em 2022, onde recebeu o prêmio de Melhor Filme de Animação. Também foi indicado ao prêmio Contrachamp no Festival Internacional de Animação de Annecy e venceu o troféu de Melhor Longa-Metragem no Festival Internacional de Animação Chilemonos.

 

A REDENÇÃO - A HISTÓRIA REAL DE BONHOEFFER

 

O drama biográfico retrata a vida de Dietrich Bonhoeffer, um pastor luterano alemão que participou da resistência contra o nazismo e foi executado por sua participação em uma conspiração para assassinar Hitler. Jonas Dassler ("O Bar Luva Dourada") interpreta Bonhoeffer, enquanto August Diehl ("Bastardos Inglórios") assume o papel de um oficial nazista próximo ao teólogo. O filme explora a luta moral e espiritual de Bonhoeffer diante do avanço do nazismo no país, destacando sua coragem em não permanecer isento diante do mal. A direção de Todd Komarnicki (roteirista de "Sully: O Herói do Rio Hudson") destaca a atmosfera opressiva da Alemanha da época, reforçando os temas de fé, ética e sacrifício.

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MARCELLO MIO

 

A comédia francesa de Christophe Honoré ("A Bela Junie") traz Chiara Mastroianni ("Os Filhos dos Outros"), filha de dois monstros sagrados do cinema europeu, interpretando uma versão ficcional de si mesma. Em um verão conturbado, Chiara decide adotar a persona de seu falecido pai, Marcello Mastroianni, vestindo-se e comportando-se como ele, ao ponto de ser chamada de "Marcello" por aqueles ao seu redor. A narrativa explora temas de identidade e legado familiar, com participação da própria mãe da atriz, Catherine Deneuve, também interpretando a si mesma. A produção chama atenção sua abordagem metalinguística e pela atuação autêntica de Chiara, que oferece uma homenagem íntima ao legado de seu pai, com cenas filmadas em locações emblemáticas da filmografia do ator de "A Doce Vida" (1960), "Fellini 8 1/2" (1963) e "A Comilança" (1973).

 

QUANDO A MORTE SUSSURRA 2

 

O filme original, baseado na lenda do espírito canibal Pop, estreou em 24 de outubro de 2023 na Tailândia, tornando-se a produção nacional de maior bilheteria do ano, com elogios da crítica para o uso eficaz dos efeitos práticos responsáveis pelo visual gore. A sequência é novamente dirigida por Taweewat Wantha e se passa três anos depois - isto é, em 1975 - , mergulhando ainda mais nas tradições sobrenaturais da Tailândia. Na trama, Yak (Nadech Kugimiya) tenta desvendar os mistérios que cercam a morte de sua irmã, acreditando que a alma dela está presa em um ritual sombrio. Ele descobre que o espírito maligno responsável pelo destino da irmã no primeiro filme pode ter sido controlado por um xamã escondido em uma floresta. Mas em sua ausência - e durante os preparativos para o casamento de sua outra irmã - , o espírito volta a assombrar a família, possuindo sua mãe e desencadeando uma série de acontecimentos aterrorizantes.

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A ÚLTIMA SESSÃO

 

O drama dirigido por Pan Nalin ("Vale das Flores") é um "Cinema Paradiso" indiano. Assim como no novo clássico italiano, que mostra a relação entre Salvatore e o projecionista Alfredo, "A Última Sessão" foca na amizade entre Samay e Fazal, o projecionista que guia o garoto indiano em seu aprendizado sobre o cinema. No entanto, o novo longa explora também questões de classe social, tradição e modernidade. A trama acompanha Samay, um menino de 9 anos que, apesar do pai vetar filmes, faz amizade com Fazal, o projecionista de um cinema local que o leva a desejar virar cineasta. Um detalhe interessante dessa história é que ela se passa 2010, durante uma época de transição tecnológica do cinema analógico para o digital.

 

DAFT PUNK & LEIJI MATSUMOTO: INTERSTELLA 5555

 

Lançado originalmente em 2003, "Interstella 5555" é uma colaboração icônica entre a dupla de música eletrônica Daft Punk e o lendário mangaká Leiji Matsumoto ("Capitão Harlock"). O filme é uma ópera espacial animada que transforma o álbum "Discovery" em um anime de ficção científica. A trama segue uma banda alienígena sequestrada por um empresário corrupto na Terra, que os transforma em astros pop para explorar sua música. A estética de Matsumoto foi introduzida nos clipes lançados anteriormente, como "One More Time", "Digital Love" e "Harder, Better, Faster, Stronger", que prepararam o terreno para o lançamento do longa, no qual a história ganhou forma coesa. A ausência de diálogos enfatiza o poder narrativo da música, enquanto a animação traz uma nostalgia visual que ecoa a era de ouro dos animes.

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