Um dos mais tradicionais cinemas de rua de São Paulo, que ajudou na revitalização da região da Rua Augusta, o antigo Espaço Itaú de Cinema agora terá a Petrobras como patrocinadora. A novidade será oficialmente apresentada na próxima terça-feira, 21, com a exibição do filme Terra Estrangeira (1995), dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres - mesma dupla envolvida em Ainda Estou Aqui.
Inicialmente chamado de Espaço Banco Nacional de Cinema da Rua Augusta, o local foi inaugurado em setembro de 1993 pelo curador/cinéfilo Adhemar Oliveira e transformou o antigo Cine Majestic da Rua Augusta, fundado em 1947, em um moderno cinema de três salas, com livraria e café. Por seu espaço interno ao ar livre, passou a ser um dos cinemas mais queridos do público paulistano, ajudando na mudança de perfil dos comércios da região.
Nesta empreitada, houve o apoio da educadora e musicista Patrícia Durães, que, além de sócia do empreendimento, implementou o Cineclube Escola, projeto de formação de público que atende escolas públicas e particulares.
Com a falência do Banco Nacional em 1995 e sua absorção pelo Unibanco, o Instituto Moreira Salles, fundação cultural vinculada ao banco mineiro, incorporou a rede de cinemas em dezembro daquele ano, que passou a utilizar a marca Unibanco Cinemas. Depois, com a fusão do Unibanco com o Itaú, o local foi rebatizado como Espaço Itaú de Cinema.
Em maio de 2024, o Itaú anunciou a venda da rede de cinema e suas unidades para o grupo Cinesystem, que as assumiu desde então. O cinema da Augusta foi o único da capital paulista a permanecer sob o comando de Adhemar Oliveira, exibidor dono do estabelecimento.
Imbróglio judicial
Houve também um imbróglio judicial envolvendo o anexo do cinema, que fica do outro lado da rua, alocado no antigo prédio que antes abrigava o Instituto Goethe (hoje situado em Pinheiros). A área tem duas salas de cinema e inclui um café com mesas ao ar livre.
Em dezembro, a Justiça de São Paulo concedeu uma liminar para barrar a demolição do local, visto que poderia causar "dano de incerta e difícil reparação". A decisão veio após a construtora Vila 11 ter obtido aval do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp) para a demolição das instalações, desde que retomasse o uso do local como cinema após a entrega do novo edifício.
No âmbito municipal, há um estudo para avaliar o enquadramento do espaço como uma Zona Especial de Preservação Cultural - Área de Proteção Cultural (Zepec-APC). É a mesma do Cine Belas Artes, que protege o uso, mas não a construção em si.
Esse reconhecimento é reivindicado por apoiadores da manutenção do espaço, porém, juridicamente, há entendimentos de que um "tombamento de uso" não tem respaldo legal. Após a abertura do estudo como Zepec-APC, o empreendimento teve o projeto alterado. Desse modo, passou a manter o mesmo número de salas de exibição e poltronas. A proposta foi aprovada pelo Conpresp.
Programação diversa e ponto de encontro de cinéfilos
O local é conhecido por sua programação diversificada, que inclui desde filmes comerciais até obras independentes, nacionais e internacionais. Isso proporciona ao público acesso a uma ampla gama de narrativas e estilos cinematográficos. Localizado em uma das áreas mais vibrantes de São Paulo, o cinema contribui significativamente para a vida cultural da cidade.
O Espaço também sempre foi um local chave para diversos eventos cinematográficos, incluindo festivais de cinema, mostras especiais, debates e encontros com cineastas. Foi ali a estreia, em São Paulo, em 2024, de Ainda Estou Aqui (veja como foi).