No último sábado, 27, após a exibição da última sessão da noite do filme 'Os Rejeitados', indicado ao Oscar, 40 clientes de um cinema tradicional de Botafogo, Estação Net, se viram trancados entre grades no local. Eles gritaram por socorro para estabelecimentos vizinhos e foram 'resgatados' por funcionários de outro cinema da mesma rede, que fica próximo ao local. Uma das vítimas, o professor Marcelo Alonso Morais, fez vídeo durante o ocorrido, confira:
No vídeo, Marcelo relata, enquanto mostra a grade da saída fechada: "São 20 para meia-noite, estamos todos aqui no cinema Estação Net Botafogo, estamos presos aqui, viemos assistir 'Os Rejeitados', e simplesmente os funcionários do cinema foram embora e trancaram todos aqueles que estavam assistindo a Os Rejeitados no cinema. Tem um grupo aqui dentro do cinema, isso é um absurdo. Estamos trancados, chamando a polícia e o Corpo de Bombeiros, porque o grupo Estação Net trancou todos aqui dentro do cinema, e a gente não consegue sair".
As vítimas contam, em entrevista ao jornal O Globo, que o primeiro sinal de que "havia algo errado" foi o fato de as luzes não acenderem após o fim da sessão, mas que o choque veio mesmo ao ver as grades de metal trancando a entrada.
Os clientes, que se encontravam na unidade da Estação Net Rio, foram libertos por funcionários da unidade vizinha, Estação Net Botafogo. A aposentada Ruth Kauffmann, 70 anos, relatou que todos ficaram ali por cerca de meia hora e que ligaram para a polícia e para os bombeiros.
Ela explicou a situação para os clientes de um bar em frente ao cinema, e ironizou: "Naquele momento, a gente só queria liberdade. Não sabíamos como proceder. Era como se estivéssemos órfãos ali. Olha, que drama, né? A gente ficou sem ação, desesperado. Havíamos acabado de assistir ao filme Os Rejeitados. E nos sentimos assim: rejeitados."
Coincidentemente, o filme 'Os Rejeitados', indicado ao Oscar, retrata a história de um grupo de alunos "esquecidos" em uma escola durante as festividades de fim de ano.
A Estação Net se pronunciou, por meio de Adriana Rattes, sócio-fundadora do grupo: "Foi terrível, e ninguém imaginou que isso poderia acontecer. Depois de 40 anos em atividade, se tivéssemos feito isso mais de uma vez, já não estaríamos funcionando agora. Estamos a semana inteira digerindo o assunto. Imagina se as pessoas tivessem passado a madrugada lá dentro? Tenho pesadelos só de pensar nisso", relatou para O Globo.
Adriana finaliza pedindo desculpas e prometendo compensação pelo ocorrido às vítimas, além de sinalizar que os funcionários foram afastados temporariamente. "Queremos mostrar que, sim, estamos muito preocupados com o que aconteceu, chateados".
* Estagiária sob supervisão de Charlise de Morais.