Palestino vencedor do Oscar diz que agressão de soldados israelenses foi retaliação por documentário

Hamdan Ballal, premiado por 'Sem Chão', relata espancamento e ameaça de morte em entrevista ao 'The Guardian'

26 mar 2025 - 20h07

O diretor palestino Hamdan Ballal, vencedor do Oscar de Melhor Documentário em 2025 por Sem Chão, afirmou que a suposta agressão sofrida por soldados israelenses foi uma vingança pela obra.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, ele relatou nesta quarta-feira, 26, ter sido espancado com coronhadas, ameaçado de morte e impedido de receber ajuda durante um ataque de colonos na vila de Susya, na Cisjordânia, na última segunda-feira, 24.

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Segundo Ballal, dois soldados o cercaram enquanto um colono o agredia. "Eles me jogaram no chão. Um soldado me atingiu com a coronha do fuzil. Depois, atirou para o alto", disse. "Não entendo hebraico, mas entendi que ele disse que o próximo tiro seria em mim. Achei que ia morrer."

O diretor diz ter sido algemado, vendado e levado a uma delegacia no assentamento israelense de Kiryat Arba, onde passou a noite no chão. "Ouvi os soldados rindo… ouvi a palavra 'Oscar'. Foi uma vingança pelo nosso filme", declarou.

Segundo informações do veículo britânico, as Forças de Defesa de Israel negaram qualquer agressão durante a detenção e disseram que os presos receberam atendimento médico. A instituição não respondeu às acusações de violência em frente à casa de Ballal.

Sem Chão, codirigido por Ballal e pelo israelense Yuval Abraham, documenta a destruição de vilarejos palestinos em Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia. Desde a vitória no Oscar, o filme passou a ser alvo de boicotes e críticas de autoridades israelenses. "A violência aumentou. Não só contra mim, mas contra os moradores e os ativistas ligados ao filme", disse Ballal.

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A vila de Susya já foi alvo de ao menos 43 ataques de colonos em 2025, segundo a organização Center for Jewish Nonviolence (CJNV). "Estou mais assustado agora do que antes. Depois do que fizeram comigo, tenho medo do que podem fazer com os outros", afirmou.

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