Surpresa? Como a imprensa internacional reagiu às indicações de 'Ainda Estou Aqui' ao Oscar 2025

Filme de Walter Salles concorre em três categorias na premiação, incluindo melhor filme e melhor atriz para Fernanda Torres

23 jan 2025 - 13h52

As indicações de Ainda Estou Aqui e Fernanda Torres ao Oscar 2025 repercutiram na imprensa internacional. A lista completa de indicados foi anunciada na manhã desta quinta, 23, com o filme de Walter Salles concorrendo nas categorias de melhor filme, melhor filme internacional e melhor atriz.

É a primeira vez na história que o Brasil conquista uma vaga na categoria máxima da premiação com um filme totalmente falado em português -- antes, houve uma indicação para O Beijo da Mulher-Aranha, uma coprodução Brasil-EUA, falada principalmente em inglês.

Ainda Estou Aqui, o primeiro original Globoplay, estreou no Festival de Veneza em setembro e chegou aos cinemas nacionais em novembro. Virou um fenômeno de público e crítica, vendendo mais de 3 milhões de ingressos no Brasil. O filme é baseado no livro homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva sobre sua mãe Eunice (vivida por Torres), que precisou reconstruir sua vida após o assassinato do marido, ex-deputado federal Rubens Paiva (Selton Mello), durante a ditadura militar.

Apesar de ter previsto Torres entre as indicadas, a revista Variety classificou tanto a indicação da atriz, quanto a vaga do Brasil na categoria de melhor filme, como surpresas. A publicação destacou que, apesar da campanha pela indicação de Torres e da quase certa indicação a melhor filme internacional, Ainda Estou Aqui "não foi amplamente previsto para ser indicado a melhor filme".

Sobre a atuação da brasileira, a Variety afirmou que, apesar de ter enfrentado queridinhas da Academia, como Kate Winslet e Nicole Kidman (que ficaram de fora), Torres "conseguiu se destacar na corrida pela premiação e garantir uma indicação."

"Depois de surpreender com uma vitória de melhor atriz no Globo de Ouro, o ímpeto de Torres só aumentou desde então. À medida que os votantes da Academia se interessaram pelo drama brasileiro, surgiu uma onda de apoio dos fãs nas mídias sociais. Agora, Ainda Estou Aqui é um dos poucos longas-metragens em língua estrangeira a receber uma indicação ao Oscar", escreveram os jornalistas J. Kim Murphy e William Earl.

Já o New York Times destacou como a conquista de Fernanda Torres no Globo de Ouro, que tem recuperado sua credibilidade após escândalos, pode ter ajudado nas indicações do filme brasileiro. "Será que Ainda Estou Aqui teria tido um desempenho tão bom - recebendo indicações para filme, filme internacional e atriz principal - se Torres não tivesse ganhado um Globo de Ouro de melhor atriz em drama pouco antes do início do processo de votação do Oscar?", questionou.

Vale mencionar que o comentário não foi feito só para o longa de Salles. O crítico Kyle Buchanan também citou como a premiação pode ter ajudado a atriz Demi Moore, que disputa a categoria de melhor atriz com Torres, mas que no Globo de Ouro venceu por melhor atriz em filme musical ou comédia.

As publicações especializadas Deadline e The Hollywood Reporter fizeram matérias para destacar que Fernanda Torres recebe a indicação de melhor atriz 26 anos após sua mãe, Fernanda Montenegro, que em 1999 foi a primeira brasileira a disputar a categoria, por Central do Brasil, também de Walter Salles. Na época, ela perdeu para Gwyneth Paltrow, por Shakespeare Apaixonado.

O The Hollywood Reporter afirmou que a vitória de Torres no Globo de Ouro foi uma surpresa e que, apesar dela chegar ao Oscar novamente como a "azarona", seu "desempenho em Ainda Estou Aqui - como Eunice Paiva, a esposa que se tornou ativista de um político brasileiro 'desaparecido' durante a ditadura militar do país - foi universalmente elogiado."

O principal rival do País na categoria internacional, o francês Emilia Pérez, lidera a corrida pelo Oscar com 13 indicações. O Brutalista e Wicked ficam atrás, com 10, seguidos por Conclave e Um Completo Desconhecido, com oito. Os vencedores serão revelados em uma cerimônia no dia 2 de março, um domingo, às 21h (horário de Brasília), no Dolby Theatre, em Hollywood, na cidade de Los Angeles, com apresentação de Conan O'Brien.

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