Harvey contratou espiões para encobrir casos de assédio

Tática durou um ano antes que o escândalo explodisse.

7 nov 2017 - 17h44
(atualizado às 18h13)

Com uma série de detalhes que não param de emergir, o escândalo dos abusos sexuais envolvendo Harvey Weinstein cada vez mais recebe chocantes atualizações. Uma matéria investigativa bastante aprofundada do The New Yorker revela que o produtor executivo contratou agências de segurança privada em 2016 para espionar mulheres e jornalistas que tentavam expor casos de assédio.

Foto: Getty Images / AdoroCinema

Empresas como a Kroll, uma das maiores companhias de inteligência corporativa do mundo, e a Black Cube, que conta em seu quadro com ex-oficiais da Mossad - serviço secreto do Estado de Israel -, são citadas por documentos e informantes da revista. Os contratos com as organizações eram feitos através dos advogados de Weinstein, para que a tática ficasse protegida pelo privilégio advogado-cliente, permitindo a omissão da estratégia nos tribunais.

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Segundo a matéria, agentes disfarçados iam atrás de pessoas com histórias negativas sobre Weinstein para fazer um levantamento da situação e deixar o produtor ciente da proporção dos fatos. Sob o codinome Diana Filip, uma espiã da Black Cube se aproximou da atriz Rose McGowan e de jornalistas investigativos dizendo estar trabalhando no combate à discriminação contra as mulheres no ambiente de trabalho. Supostamente oferecendo suporte, ela na verdade repassava informações ao produtor.

Após serem identificados como ameaças, atrizes e jornalistas recebiam ligações intimidadoras de pessoas ligadas a Weinstein. Uma delas foi a atriz Annabella Sciorra, procurada por um jornalista contratado da Black Cube. "Fiquei assustada que Harvey estava me testando para ver se eu falaria [...], porque eu sabia o que significava ser ameaçada. Estava com medo dele me encontrar", disse a atriz.

A modelo Ambra Battilana Gutierrez, outra acusante, chegou a um acordo que a obrigou a entregar todos seus equipamentos eletrônicos à Kroll, para que fosse apagada uma conversa na qual Weinstein admitia ter tocado nela. A gravação da negociação foi captada pela polícia e revelada pela The New Yorker em outubro. A produtora Elizabeth Avellán, por sua vez, recebeu diversas chamadas telefônicas e foi pressionada a fazer alegações depreciativas sobre McGowen.

A tática de Weinstein durou até o escândalo vir à tona, no início de outubro.

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