História de Sidney Magal vira fábula em 'Meu Sangue Ferve por Você': 'Meu problema é totalmente emocional'

Novo longa que chega nesta quinta-feira (30) conta história de amor de Magal e Magali, com pitadas de fantasia e musical.

28 mai 2024 - 05h00
Resumo
“Meu Sangue Ferve Por Você” é um filme biográfico dirigido por Paulo Machline que trata de uma história de amor embalada pelo exagero e emoções intensas entre Sidney Magal e sua esposa Magali West. O Terra conversou com Magal e os atores Filipe Bragança e Giovana Cordeiro sobre o projeto.
Sidney Magal fala sobre o novo filme ‘Meu Sangue Ferve por Você’
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Logo na cena inicial de "Meu Sangue Ferve Por Você", uma cartela avisa ao espectador que ele está diante de uma "fábula magalesca". Por definição, uma fábula é um conto alegórico cuja mensagem transmite uma lição de moral. O filme, portanto, já deixa claro: embora biográfico, não espere por uma história linear e 100% pautada na realidade de Sidney Magal; liberdades criativas das mais fantasiosas são extremamente bem-vindas.

É neste clima que o longa dirigido por Paulo Machline chega aos cinemas nesta quinta (30), após muitos percalços no caminho. Houve troca de elenco, interrupções nas filmagens causadas pela pandemia de covid-19 e uma série de alterações no roteiro até o formato final ser decidido. Diante de muitas alterações e incertezas, a ideia central do filme jamais foi colocada em xeque, e trata-se de um tema que é caro a Magal e, para ele, tem se tornado escasso: uma história de amor embalada pelo exagero e por emoções intensas. 

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"Eu já tenho neta de 5 anos, filhos de 30 e poucos e 40, são gerações diferentes. E, por eles, a gente vai testando muitas gerações que estão vindo aí", explica Magal, aos 74 anos, em entrevista ao Terra. "E a gente vê, sem dúvidas graças ao celular e à internet, que as pessoas vão se afastando um pouco, procurando amor através da telinha."

O que eu queria passar é exatamente isso, um resgate das pessoas pelo outro. Quando você olha para uma pessoa, você começa a conhecê-la e a se apaixonar, ou a não se apaixonar. Hoje em dia, está muito difícil. Todo mundo já vai para a telinha, e ela não passa a mesma sensibilidade. Eu queria que as pessoas prestassem atenção nisso. Não quero que o amor fique em segundo plano porque ele está existindo o tempo todo e resultou em uma história de tantos anos de casado. Quero que as pessoas aprendam que isso deve persistir. Se você não olhar nos olhos das pessoas, jamais entenderá ou será uma pessoa completa. 

Sidney Magal, sobre a mensagem do filme 'Meu Sangue Ferve por Você'

Foto: Julianna Torres/Divulgação

No filme, Filipe Bragança e Giovana Cordeiro interpretam Sidney Magal e Magali West, contando a história de amor do casal que se conheceu em um concurso de beleza em 1982, em Salvador (BA), e não se desgruda desde então. Na trama, os dois precisam vencer obstáculos que vêm na forma de empresários canastrões, famílias em dúvida, preconceito e ceticismo para ficarem juntos. Tudo isso, é claro, embalado em um excêntrico musical com direito a cantorias em ladeiras e muitas, muitas roupas coloridas.   

"Como ela não é uma figura pública, o público tem pouca referência da Magali, então eu poderia criar qualquer coisa dentro desse universo que iriam aceitar que é ela", conta Giovana sobre a composição de sua personagem.

"Mas a minha ideia foi que ela se sentisse representada por aquilo que estava sendo feito. Tentei caminhar pelo que entendi que era a Magali, mas, ao mesmo tempo, estamos falando sobre uma fábula, e a partir disso podemos criar o que a gente quiser. Obviamente, há o fio condutor da história real, mas o Magal sempre se comunicou muito através da fantasia, e isso move muito o meu trabalho."

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GIOVANA CORDEIRO E FILIPE BRAGANÇA EM 'MEU SANGUE FERVE POR VOCÊ'
Foto: Divulgação

"O filme convida para você embarcar nessa fantasia", complementa Bragança. "E isso já assume que o filme não é uma cinebiografia tradicional que se propõe a ser realista. Como atores, fomos nos adequando à linguagem e à proposta do Paulo [Machline, diretor], que é, no fundo, a linguagem do próprio Magal. Ele tinha essa performance muito autêntica e eletrizante, e o filme evoca essa essência."

Amante Latino

Seria impossível contar uma história de Magal sem passar por todo o frenesi que a figura causava e ainda causa entre as fãs, e o apelo sensual de suas apresentações é algo até hoje incomparável e irreplicável. Se em 2024 ver fãs apinhados em portas de hotéis para encontrar seus ídolos não uma imagem tão incomum, esse fervor nem sempre foi tão compreendido assim.

"É que essas pessoas estão aos poucos encontrando a liberdade", declara Magal, sobre ter sido capaz de manter uma carreira tão estável por décadas diante de um cenário brasileiro nem sempre favorável.

"Eu me lembro perfeitamente de um folhetim, que era a capa de um caderno especial da Folha de S. Paulo nos anos 70, que publicou uma charge minha de capa inteira, e o título era: 'Eu sou muito mais bonito que o Figueiredo'. Imagina, na época da ditadura. Eu tinha essa liberdade porque eu sempre achei que não falava nada ofendendo ninguém, eu falava a minha verdade de uma maneira divertida. Tanto que guardo essa charge até hoje em um quadro lá em casa."

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"Nas minhas músicas, eu falava das relações humanas, e isso me ajudou para caramba. Ninguém vai ter nada a dizer sobre mim porque todos sofrem do mesmo problema que eu. O meu problema é totalmente emocional. Olha quanta coisa boa que, aos 74 anos, eu posso falar que plantei nas pessoas."

Mesmo assim, nem toda liberdade é unânime – e Magal não foi imune a certos julgamentos.

Filipe Bragança interpreta Sidney Magal em 'Meu Sangue Ferve por Você'
Foto: Divulgação

"Tinha noivo que tirava aliança na frente do palco e jogava, empurrava a namorada e dizia: 'Por causa desta bichona, você está querendo...' A coisa era bem pesada, e eu levava tudo com muita diversão", recorda, sobre o quanto seu lado feminino era rechaçado.

"Eu levava tudo com muita diversão, porque eu entendia o lado da mulher que via em mim um latin lover, e o lado do homem que não se reconhecia totalmente. Eu era aquela figura paradoxal no palco. Tinha um lado feminino, um lado masculino, um lado artístico, tudo misturado. Para mim isso foi maravilhoso, porque é a minha marca registrada e me mantém até hoje nas memórias das pessoas."

Estrelado por Filipe Bragança e Giovana Cordeiro, "Meu Sangue Ferve por Você" tem no elenco Caco Ciocler, Emanuelle Araújo, Sidney Santiago Kuanza, Sol Menezzes, Pablo Morais e Tânia Toko. A direção é de Paulo Machline e o roteiro de Roberto Vitorino, Homero Olivetto, Paulo Machline e Thiago Dottori, com produção de Diane Maia, Joana Mariani, Dan Klabin e Paulo Machline. O filme entra em cartaz nesta quinta-feira (30) em todo o Brasil.

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Fonte: Redação Entre Telas
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