Uma vida cheia de mentiras que culminaram no assassinato da sua própria mãe. Essa é a história de Gypsy Rose Blanchard que, ao descobrir toda a verdade sobre si mesma, planejou e executou, ao lado de seu namorado, o assassinato de Dee Dee Blanchard. Na ocasião, o crime e suas motivações ganharam uma enorme repercussão na mídia, chocando o mundo inteiro. Afinal, o que parecia um roteiro de um filme bizarro de terror, era uma história real.
UMA BIZARRA RELAÇÃO
Nascida em 1 de julho de 1991, Gypsy Rose Blanchard morava com sua mãe, Dee Dee Blanchard, em uma casa em Springfield, em Missouri, nos Estados Unidos. Desde a infância, segundo Dee Dee, Gypsy sofria de diversos problemas graves de saúde, como anomalias cromossômicas, distrofia muscular, problemas de visão, asma severa, epilepsia, alergia a açúcar e apneia do sono.
Gypsy vivia em uma cadeira de rodas, respirava por um tanque de oxigênio e possuía um estado de saúde muito frágil. Conforme seus problemas foram se agravando durante a vida, mãe e filha receberam ajuda do governo e de diversas ONGs. Após perderem sua casa por conta do furacão Katrina, viveram no Missouri, graças a uma arrecadação de fundos que lhes rendeu uma nova casa.
Dee Dee cuidava da filha 24 horas por dia, e era uma mãe superprotetora. Conforme Gypsy foi se tornando uma adolescente, este fato passou a incomodá-la em algumas ocasiões. Dee Dee não permitia, por exemplo, que sua filha utilizasse redes sociais, namorasse ou passasse muito tempo fora de casa com outros jovens de sua idade.
Apesar dos conflitos que surgiram com o tempo, ambas eram muito unidas e queridas pelos vizinhos da região. Entretanto, o que parecia uma boa relação entre mãe e filha, mesmo com todas as dificuldades, mudou repentinamente do dia para a noite. Em junho de 2015, uma mensagem escrita "a vadia morreu!" foi misteriosamente publicada nas redes sociais de Dee Dee.
O CRIME
Após a publicação no Facebook de Dee Dee, alguns vizinhos, preocupados, chamaram a polícia. A mulher foi encontrada morta na sua casa, e seu corpo estava todo esfaqueado. Gypsy, por sua vez, havia desaparecido - mas sua cadeira de rodas estava no local, o que fez com que a investigação levantasse a hipótese de sequestro em um primeiro momento.
Enquanto a polícia buscava pistas do que poderia ter acontecido, Aleah Woodmansee, amiga de Gypsy Rose, contou para as autoridades que a garota, com 18 anos na época, mantinha um relacionamento em segredo pela internet com um garoto de 24 anos, chamado Nicholas Godejohn. Os dois se conheceram online e, como Dee Dee proibia a filha de ter redes sociais, Gypsy tinha um perfil fake no Facebook para se comunicar com Nicholas, e nele utilizava o nome "Emma Rose".
Rapidamente, a casa de Nicholas foi localizada em Winsconsin e, ali, os policiais se depararam com Gypsy saudável, andando sem cadeira de rodas, respirando sem o tanque de oxigênio e sem tomar nenhum remédio.
A VERDADE
Quando encontrado, o casal confessou o crime e explicou que haviam planejados, juntos, a morte de Dee Dee Blanchard. Além do terrível acontecimento, as motivações de Gypsy também chocaram a todos.
Segundo a garota, há pouco tempo ela havia descoberto que sua mãe inventou todos os seus problemas de saúde, e toda a sua vida era uma mentira. Quando se deu conta que seus laudos médicos eram adulterados pela mãe, planejou o assassinato da mulher e a fuga com seu namorado. Quem realizou o ato foi Nicholas, que proferiu 17 facadas em Dee Dee enquanto ela dormia.
Ainda de acordo com depoimento de Rod Blanchard, pai de Gypsy que fora proibido de manter contato com a filha, a garota nasceu completamente saudável. Porém, a partir dos três meses, Dee Dee se convenceu de que a filha tinha apneia do sono e poderia morrer durante a noite. Essa foi a porta de entrada para uma série de mentiras que surgiram ao longo dos anos.
Segundo especialistas e investigadores do caso, existe uma forte teoria de que Dee Dee Blanchard sofria de Síndrome de Münchhausen por procuração. Isso significa que a mãe inventava diversas doenças em sua filha para obter atenção e empatia de todos. A garota, por outro lado, era vulnerável e manipulada a fingir ter doenças que não tinha. Entretanto, não é possível confirmar a suspeita da síndrome.
Mesmo sem possuir antecedentes criminais, Nicholas foi condenado à prisão perpétua pelo seu crime. Já Gypsy Rose foi condenada à pena mínima por homicídio, tendo que cumprir 10 anos de prisão e podendo solicitar liberdade em 2023.
A história real inspirou o documentário Mamãe Morta e Querida, da HBO, e a série The Act, do Hulu.
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