Bright, o primeiro blockbuster da Netflix, não ganhou a boa recepção que a gigante do streaming esperava. E como se as pesadas críticas ao novo trabalho de David Ayer, diretor do também execrado Esquadrão Suicida, não fossem o bastante, a companhia também viu mais um de seus empregados ser denunciado por assédio sexual: Max Landis, roteirista do filme e criador da finada série Dirk Gently's Holistic Detective Agency.
O escândalo teve início no Twitter: no mesmo espírito irreverente de sempre e constantemente adotado em seus perfis nas redes sociais, a Netflix decidiu divulgar Bright como se fosse um "filme pequeno", lembrando o público de que um longa com Will Smith estava prestes a ser lançado. Em resposta, a atriz Anna Akana, que trabalhou com Landis em um projeto do escritor no YouTube, disparou: "O filme escrito por um psicopata que abusa sexualmente e ataca mulheres, certo? Legal".
Written by a psychopath who sexually abused and assaults women, right? Cool
— Anna Akana (@AnnaAkana) 22 de dezembro de 2017
O testemunho de Akana foi o estopim de uma série de outras denúncias. Logo, a enxurrada de críticas e acusações trouxe novamente à tona o tuíte escrito por Allie Goertz, editora da MAD Magazine, ainda no início do último mês de novembro: "Não posso imaginar alguém que esteja mais assustado pela era pós-Weinstein do que o filho de um famoso diretor [John Landis]". Segundo inúmeras denúncias subsequentes, o comportamento abusivo de Landis era um segredo aberto na indústria cinematográfica, conhecido até mesmo por aqueles que eram "agregados" de Hollywood.
I can't imagine who is more scared in a post-Weinstein world than a famous director's son.
— Allie Goertz (@AllieGoertz) 7 de novembro de 2017
This is an open secret about Max Landis if you are even industry-adjacent in LA https://t.co/Ymhfysjq8Q
— Anthony Burch (@_anthonyburch) 22 de dezembro de 2017
Zoe Quinn, desenvolvedora de games estadunidense cujos abusos sofridos deram início ao Gamergate - movimento que escancarou os casos de assédio e sexismo que ocorrem na indústria dos jogos eletrônicos - também não mediu palavras contra o comportamento de Landis (leia abaixo). A criadora, ainda, confirmou que os crimes do roteirista foram encobertos por causa da influência do pai do acusado no mundo da sétima arte dos EUA - John Landis é o cineasta responsável por clássicos dos anos 80 como Os Irmãos Cara de Pau e Um Lobisomem Americano em Londres, cujo remake, comandado por Max, ainda se encontra em fase de desenvolvimento.
Sometimes men who commit sexual assault are talented screenwriters and their work comes with baggage.
other times, they're Max Landis.
— questionable rat currency (@UnburntWitch) 23 de dezembro de 2017
"Às vezes, homens que cometem assédios sexuais são roteiristas talentosos e seus trabalhos têm bagagem. Às vezes, eles são Max Landis".
A revelação sobre o comportamento predatório de Max Landis continua impulsionando a avalanche de bravos testemunhos - as mulheres que "quebraram o silêncio" foram eleitas como as personalidades do ano pela prestigiada revista Time - contra os abusos sexuais em Hollywood. Além do roteirista, outros notórios acusados incluem Harvey Weinstein, epicentro do escândalo que abalou a indústria e expôs sua faceta mais sórdida; Kevin Spacey, o outro ex-empregado da Netflix envolvido na enorme controvérsia; e o comediante Louis C.K, entre outros.
Landis ainda não se pronunciou sobre as acusações, que já estão surtindo efeito. Logo após a eclosão das denúncias, a DC Comics decidiu retirar do ar uma história em quadrinhos escrita por Landis para o especial de Natal da editora.