O novo filme sobre a falecida cantora britânica Amy Winehouse é enganador, disse seu pai nesta segunda-feira, e a família da vencedora de seis prêmios Grammy está se desligando de sua produção.
Mitch Winehouse afirmou não estar satisfeito com a maneira como os produtores de “AMY”, que será exibido no Festival Internacional de Cinema de Cannes no mês que vem, a retrataram. O filme foi dirigido por Asif Kapadia, que recebeu um prêmio Bafta pelo documentário “Senna”, sobre o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna.
“O que eles tentaram fazer foi um filme como uma grande produção de Hollywood. Esqueceram que é um documentário”, declarou Mitch em entrevista à Reuters. “Há um vilão, eu... e há a heroína que morre no final... minha sensação geral é de profunda decepção”.
Amy Winehouse, vista como uma das cantoras mais talentosas de sua geração, morreu de intoxicação alcoólica em julho de 2011 em sua casa de Londres aos 27 anos. A artista, conhecida por sucessos como “Rehab” e “Back to Black”, teve problemas com a bebida e as drogas durante boa parte de sua carreira.
Mitch elogiou o uso de vídeos de uma Amy mais jovem, que é mostrada rindo e brincando, mas criticou a narrativa do filme.
“Quando vi o filme sobre Senna pensei ‘É isso. Estou vendo a história na minha frente’”, declarou o pai da cantora, que hoje dirige a instituição de caridade da família, a Amy Winehouse Foundation.
“A maneira como o montaram, (no) terço final do filme eu mal apareço, dando a impressão de que não estávamos lá, e é isso que decepciona tanto... todo mundo sabe que eu estava com Amy o tempo todo”.
Mitch argumenta que o documentário omitiu detalhes como uma entrevista com o namorado da cantora, Reg Traviss.
“Este não é o filme que Amy teria querido”, disse, acrescentando que cogita uma ação legal depois que o filme for lançado: “Se nossos advogados acharem que temos um caso, com certeza iremos processá-los... mas isso realmente seria uma última alternativa”.
Os realizadores de “AMY” defenderam a produção.
“Quando nos procuraram para fazer o filme, embarcamos com o apoio total da família Winehouse, e abordamos o projeto com objetividade total”, declararam em um comunicado, acrescentando terem feito cerca de 100 entrevistas para o documentário.
“A história que o filme conta é um reflexo de nossas descobertas a partir destas entrevistas”.
(Reportagem de Rollo Ross e Marie-Louise Gumuchian)