Há muitos exemplos hoje que reforçam a hipótese de que as animações estão entre os formatos mais férteis e versáteis do cinema contemporâneo. Se pensarmos em títulos como "Robô Selvagem", "Divertida Mente 2", "Meu Amigo Robô" e até mesmo "Homem-Aranha no Aranhaverso", temos projetos que compartilham entre si poucas coisas além de serem filmes animados e com ambições particulares e distintas.
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É na intenção de somar a este time que a Universal Pictures divulgou nesta terça-feira (17) o primeiro trailer de "O Homem-Cão", nova animação da DreamWorks com uma premissa para lá de inusitada: na história, um policial dedicado e seu fiel cão são feridos em uma ação no trabalho, e a única forma de salvá-los é executando uma cirurgia de última hora que une o corpo do policial à cabeça de seu cachorro. Agora, ele irá cumprir o juramento de servir e proteger enquanto corre, senta e rola por aí.
Essa ideia inusitada não poderia surgir de outra cabeça senão a de Dav Pilkey, autor dos livros que deram origem ao longa "As Aventuras do Capitão Cueca". Os dois mundos, aliás, têm uma ligação: nos livros, o Homem-Cão é uma história criada dentro do universo de Capitão Cueca. Já no cinema, sob a direção de Peter Hastings, a ideia não é apresentar o novo filme como um derivado do longa de 2017. Ao menos é o que garante o diretor, em entrevista ao Terra.
"Nos dedicamos a garantir que, se você gosta dos livros, também gostará do filme. Além disso, investimos muito tempo para assegurar que, mesmo que nunca tenha ouvido falar dos livros, você também vai gostar do filme. Estou muito animado com isso, pois sempre que converso com pais ou crianças e menciono que estou trabalhando em um filme sobre o Homem-Cão, eles ficam entusiasmados, mesmo quem nunca ouviu falar dele. Fizemos uma adaptação fiel dos livros, sem reimaginá-los ou alterá-los. Na verdade, expandimos o universo original. Acredito que será uma experiência muito divertida."
Peter Hastings, diretor de 'O Homem-Cão'.
Ao todo, existem 13 livros do Homem-Cão, todos voltados para o público infanto-juvenil e escritos sob o ponto de vista de duas crianças de 10 anos, Harold e George, de "Capitão Cueca". Na história, ao mesmo tempo em que o Homem-Cão abraça sua nova identidade e se esforça para impressionar seu chefe, ele deve desbaratar as tramas malignas do supervilão felino Pepê, o Gato. O mais recente plano vil de Pepê é clonar a si mesmo, criando o gatinho Pepezinho, e duplicar suas habilidades criminosas. Mas tudo fica ainda mais complicado quando Pepezinho acaba criando um vínculo inesperado com o Homem-Cão.
Ao todo, as obras já venderam mais de 60 milhões de cópias e foram traduzidas para 47 idiomas desde 2016, e a expectativa é que o sucesso se replique e se expanda nas telas --sobretudo considerando as boas repercussões não apenas do filme do Capitão Cueca mas também da série derivada, dirigida justamente por Hastings. "Estamos tratando o filme como um projeto solo, não é uma sequência", garante o diretor, negando qualquer conexão direta narrativa entre o novo longa e projetos anteriores. "Sim, ele está inserido no universo de Dav Pilkey, mas não é algo conectado com histórias prévias."
Trama com mensagem universal
Para Hastings, que chegou ao projeto por já ter trabalhado em séries como "As Épicas Aventuras do Capitão Cueca" e "Kung Fu Panda: Lendas do Dragão Guerreiro", o grande atrativo de "O Homem-Cão" é que se trata, essencialmente, de uma história muito divertida e inocente: "Há uma inocência neles, há um charme bobo. O Dav tem um senso de humor de fazer piadas bobas e autorreferenciais. É identificável porque é como se as crianças tivessem feito isso", pondera, admitindo que há certo apelo certeiro de tudo isso para o formato animado.
"Funciona muito bem em animação e, obviamente, tem uma grande base de fãs", explica. "Mas eu quis fazer [o filme] porque amo o senso de humor que há [nos livros]. Amo a inocência e, na verdade, há muito conteúdo emocional sofisticado meio que escondido nos livros, sabe? É uma experiência muito rica para as pessoas, de todos os tipos. E o trailer só arranha a superfície."
Manual e tecnológico ao mesmo tempo
Vencedor do Emmy e uma figura envolvida em títulos como "Pinky e o Cérebro", "Os Animaniacs", "As Tartarugas Ninja" e "Tiny Toon", Peter Hastings traz sua experiência de décadas com animações sofisticadas para "O Homem-Cão"; ainda assim, há sempre desafios particulares de cada projeto, e o do novo filme tem relação com manter a essência pueril dos livros de Pilkey.
"Nós realmente queríamos estabelecer esse visual que chamamos de 'handmade high-end' [feito à mão de alta qualidade, em tradução]. É como respeitar a inocência e a simplicidade dos livros, mas precisando que seja muito mais para um filme. Então, quando você olha para as texturas, há linhas tortas, pinceladas desordenadas e coisas assim. Mas nós fizemos de uma maneira que elas parecem objetos reais, não apenas pinturas planas. Foi sobre reter essa sensação, sabe como é. E, portanto, houve um desafio em torná-lo simples e ainda sofisticado ao mesmo tempo. E eu sinto que tivemos um tremendo sucesso com esse visual."
"O Homem-Cão" estreia dia 30 de janeiro de 2025 nos cinemas.