Com estreia agendada para os cinemas para esta quinta (1), o terror argentino 'O Mal que Nos Habita' está sendo considerado uma espécie de revolução no gênero. Co-produzido com os Estados Unidos, o longa exibido pela primeira vez ao público em setembro do ano passado, durante o Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF), já foi chamado por críticos de um dos melhores filmes de terror do ano, tanto pela atmosfera tensa quanto pelo teor de violência diferenciado.
Escrito e dirigido por Demián Rugna, 'O Mal que Nos Habita' acompanha os acontecimentos de uma cidade remota do interior da Argentina, após dois irmãos tentarem se livrar de um homem infectado pelo que seria o diabo, prestes a dar à luz a maldade. Na tentativa de se livrarem do perigo que se aproxima, eles acabam espalhando o caos pelos arredores.
Embora a premissa seja relativamente simples, o que chama a atenção no filme é a execução e as escolhas criativas do cineasta. O fato de o longa existir em um universo próprio, em que as regras para nada de mal aconteça aos personagens são específicas para estes acontecimentos, é um diferencial, sobretudo no mar de terrores genéricos que bombardeiam os cinemas semanalmente.
A reputação do longa, no entanto, vem também de outro elemento. Considerado brutal e realista, o filme chocou parte dos espectadores pelo teor violento e cruel das cenas, que não poupam em sangue e cenas gore. Muitas vezes, os momentos de susto e brutalidade chegam "sem avisar", confundindo e prendendo a atenção de quem está assistindo. Se você é do tipo que se choca com cenas muito gráficas, então é melhor tomar cuidado com 'O Mal que Nos Habita'.
No entanto, apesar do tom gráfico e fantasioso, a inspiração de 'O Mal que Nos Habita' vem de uma ameaça bastante realista. Durante o Fantastic Fest, realizado anualmente no Texas, o diretor-roteirista Demián Rugna contou que se inspirou em uma notícia sobre agrotóxicos causando problemas de saúde a residentes de regiões de plantações na Argentina.
"Os proprietários dessas terras contaminam as terras com glifosato para matar pragas, são pesticidas. Muitas pessoas que trabalham nos campos acabam sendo diagnosticadas com câncer. Você provavelmente verá uma criança com câncer, porque eles são trabalhadores. Ninguém fala sobre isso", compartilhou.
"Quando eu decidi fazer um filme com um tipo de exorcismo, pensei: 'Ok, mas o que acontece se as pessoas não conseguirem encontrar um padre? Todos os filmes de exorcismo acontecem em uma cidade grande, um casarão. Mas o que acontece se e eles estiverem no meio do nada, em uma casa pobre, onde ninguém se importa? Mesmo o dono das terras quer se livrar deles. Isso acontece no meu país o tempo todo. Os demônios não, mas todo o resto."
Em entrevista concedida ao Collider, Rugna explicou a origem de seu interesse por cenas desconfortáveis, e disse que tem relação com um senso de humor peculiar.
"Tenho um humor obscuro o tempo todo. Provavelmente está na minha gênese fazer filmes de terror, porque eu preciso assustar as pessoas para me divertir. Quando eu construo jumpscares, para mim, é o mesmo de fazer uma piada em um show de comédia. O humor sombrio é a primeira parte dos meus roteiros, não consigo evitar."
Veja abaixo o trailer.